Contra alta de preços, Argentina suspende exportações de carne
Produtores dizem que produção pode ser interrompida.Segundo jornal local, medida pode ser revertida.
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O Escritório Nacional de Controle Comercial Agropecuário (Oncca) não confirmou oficialmente o fechamento das exportações, mas a medida está válida desde sábado e não tem prazo, segundo frigoríficos e associações rurais.
Os jornais locais, no entanto, apontam que, na manhã desta terça-feira, o secretário de Comércio Exterior, Guillermo Moreno, cedeu aos exportadores e prometeu liberar os embarques bloqueados.
Ao jornal "La Nación", o presidente da Federação Agrária Argentina (FAA), Eduardo Buzzi, questionou a medida que, segundo ele, pode ser motivo para que o setor determine uma "paralisação imediata".
"Nos próximos dias analisaremos a medida, mas estamos recebendo ligações de produtores de todo o país e faremos reuniões. Estaremos em estado de protesto", afirmou Buzzi ao jornal.
Alta de preços
O preço dos cortes mais populares de carne acumula aumentos de 35% a 40%, nos açougues e supermercados, somente neste ano. A alta tem provocado críticas ao governo, já que a Argentina é o país mais carnívoro do mundo, com consumo anual per capita de 73 quilos - Uruguai e Estados Unidos vêm em seguida. Os brasileiros consomem, em média, pouco mais do que a metade disso.
A única exceção ao bloqueio das exportações são os embarques da Cota Hilton, pela qual cortes nobres são vendidos à União Europeia com tarifas reduzidas. O efeito da medida é colocado em dúvida pelos analistas, uma vez que há um problema de oferta: o estoque argentino diminuiu de 60 milhões para 51 milhões de cabeças nos últimos três anos.
Em 2009, as exportações cresceram quase 10%, mas os especialistas atribuem a expansão ao abate de animais jovens e de fêmeas - sinônimo de descapitalização dos pecuaristas.