CÂNDIDO DE ABREU CONFLITO ENTRE ALDÉIAS TIRAM CACIQUE NA MARRA...

PAULO MELO CORUJA NEWS...........

Divulgação/AEN
Divulgação/AEN / Pedro Luca, cacique da aldeia de Faxinal de 
Catanduva, foi tirado do poder por índios rebelados e não voltou mais à 
comunidade Pedro Luca, cacique da aldeia de Faxinal de Catanduva, foi tirado do poder por índios rebelados e não voltou mais à comunidade
 
Cândido de Abreu

Conflito entre aldeias indígenas da região Central deixa feridos

Insatisfeitos com o cacique da aldeia de Faxinal de Catanduva, cerca de 100 índios de outras aldeias da região invadiram a localidade no último sábado e depuseram o líder
   
Hélio Strassacapa

Um conflito interno entre aldeias de índios caingangues da região Central por pouco não acaba em tragédia. Aproximadamente 100 índios das aldeias de Ortigueira e Manoel Ribas viajaram e invadiram a aldeia de Faxinal de Catanduva, localizada em Cândido de Abreu, na madrugada de sábado (24). O motivo da disputa era a insatisfação dos índios da região com o cacique de Faxinal, Pedro Luca. Armados com pedaços de pau, os índios rebelados depredaram telefones públicos e agrediram a esposa e a filha de 13 anos de Lucas. O cacique não estava na aldeia na hora da invasão. “Se tivesse poderia ser fatal”, disse Dário Moura, técnico indigenista da Fundação Nacional do Índio (Funai) na região.
Segundo Moura, o cacique começou remanejar os moradores dali para outras aldeias da região, decisão que cabe ao chefe da comunidade, mas que gerou insatisfação. A maioria dos índios que invadiram a aldeia era de ex-moradores de Faxinal de Catanduva, exilados do local por determinação de Luca. Durante o sábado (24), eles informaram a todos que o cacique estava deposto e colocaram outros dois homens da comunidade na liderança. Neste domingo (25), um dos ônibus voltou para localidade de origem, mas muitos índios ainda ficaram no município de Cândido de Abreu para se certificar que o ex-cacique não voltará ao posto. O técnico indigenista explicou que isso só será possível se Luca conseguir amplo apoio dos índios moradores, mas que estes estão bastante amedrontados com a situação.
No momento da chegada da caravana dos índios de Ortigueira e Manoel Ribas à aldeia de Cândido de Abreu, Luca estava em Guarapuava, para onde viajou em funções das comemorações do Dia do Índio, no último dia 19 de abril. Desde então não voltou ao local. “O prefeito tirou ele de lá e deu abrigo aqui nas redondezas da cidade”, disse Moura. Luca encontra-se escondido para escapar de um possível confronto. “Eles são bastante imprevisíveis. Agora parece que tudo está controlado, mas não da para saber o que vai acontecer ainda”, explicou.
A Polícia Militar não interveio na situação. A aldeia é território federal e apenas a Polícia Federal pode agir nesses casos, e ainda assim, com autorização da Funai. Segundo Moura, o escritório da fundação, localizado em Chapecó, foi avisado, mas ainda não deu retorno. “Eles escolheram o fim de semana, pois sabiam que a Funai não estaria aberta”, disse.
Saída da Funai do PR levou a protestos
A situação ocorrida em Cândido de Abreu, neste final de semana, foi comunicada à coordenadoria da Funai em Chapecó, porque os escritórios regionais no Paraná foram fechados em dezembro. O decreto 7.056/09 retirou poder das unidades da Funai no estado e as deixou subordinadas a uma coordenação em Santa Catarina.
Antes do decreto, três escritórios de coordenação da Funai ficavam no Paraná, nas cidades de Curitiba, Londrina e Guarapuava. O estado conta com cerca de 14 mil índios aldeados, a maioria caingangues e guaranis, mas também são encontrados xetás e xoklengs.
Desde a publicação do decreto, indígenas de todo o país se manifestaram contra a decisão. No Paraná, houve uma série de protestos, ao longo dos meses de janeiro e fevereito. No último deles, em Londrina, os manifestantes tentaram invadir uma usina. No sábado (6), uma estudante foi atingida por uma pedra que teria sido atirada por um índio e permanece em estado grave.