LONDRINA MÉDICOS SUSPENDEM PARALISAÇÃO

PAULO MELO CORUJA NEWS............

Saúde em Londrina

Médicos suspendem paralisação e prefeitura terá de cortar gastos da Saúde

Corte de verbas, inclusive de programas municipais, terá de ser feito para garantir o pagamento dos médicos plantonistas em abril
   
Fábio Luporini

Os médicos plantonistas decidiram, por unanimidade, suspender a paralisação programada para esta quinta-feira (1º) em razão do atraso no pagamento de plantões à distância e indefinição em relação a pagamentos futuros. Reunidos em assembleia, profissionais do Hospital Infantil (HI), Evangélico e Santa Casa discutiram a proposta do município de estender por mais um mês o contrato emergencial de R$ 361 mil. O vice-prefeito, José Joaquim Ribeiro, participou da reunião e anunciou que os pagamentos atrasados foram feitos na tarde desta quarta-feira (31).
“Não vai ter paralisação em respeito ao grupo que assumiu o compromisso conosco. O vice-prefeito anunciou o pagamento de novembro, janeiro e fevereiro, porque dezembro já havia sido pago”, disse o diretor clínico da Santa Casa, Weber Arruda Leite. Segundo ele, Ribeiro pediu desculpas por eventuais erros da administração. “Diante desse gesto de humildade, não tem como paralisar. É sempre bom dar uma notícia boa para a cidade”, disse. Leite ressaltou, entretanto, que todos devem voltar a se reunir em abril para “acertar daqui para frente”.
Cortar gastos
Para poder cumprir o prometido e garantir pelo menos mais um mês de pagamento aos médicos plantonistas, a prefeitura de Londrina admitiu nesta quarta-feira (31) cortar gastos dentro da própria secretaria de Saúde. Embora não esteja definido, cogita-se a hipótese de retirar verba de programas municipais. O assunto já foi discutido em diversas reuniões técnicas entre os diretores da Saúde, diante da ameaça dos médicos plantonistas de suspender o atendimento caso não houvesse definição sobre os pagamentos.
O secretário municipal de Saúde, Agajan Der Bedrossian, confirmou que haverá cortes nos gastos. “Cortar vai ter que cortar. Só não cortaríamos se houvesse dinheiro sobrando. Mas o orçamento já está deficitário”, disse. Segundo ele, como a receita não cobre a despesa, será necessário cortar verba “de algum lugar”. “É isso que os técnicos vão decidir. Ainda não temos uma definição interna de onde serão cortadas as despesas”, afirmou.
Entretanto, mais de uma fonte ouvida pelo JL, todas sem querer se identificar, confirmaram que já houve discussão inclusive de onde cortariam a verba. Uma delas afirmou que, em uma reunião, cogitou-se a hipótese de retirar dinheiro de programas municipais como Saúde da Família, Internação Domiciliar, Policlínica e setor de Endemias. Outra fonte mostrou-se preocupada com a eficácia dos programas atingidos, que sofrerão ainda mais com a escassez de recursos.
De acordo com Agajan, a possível retirada de verbas teria o objetivo de garantir, por mais um mês, o contrato emergencial de R$ 361 mil, firmado entre médicos e prefeitura. “Para que a gente possa montar esse recurso, até porque o prefeito Barbosa Neto (PDT) está atendendo, acima de tudo, uma manifestação de integrantes da sociedade civil organizada”, avaliou o secretário. Ele informou ainda que aguarda publicação em Diário Oficial da União a liberação de R$ 1,5 milhão para o município, já anunciado no início do mês.
“Vamos ver se realmente é esse valor, se é retroativo a janeiro, ou a partir de março. Tudo isso será definido com a publicação em Diário Oficial. Tínhamos a expectativa que esse dinheiro chegasse, mas ele ainda não chegou. A última expectativa é que ele chegasse em dez dias”, afirmou o secretário. Agajan não soube responder se esse valor sanaria o problema em relação ao pagamento dos médicos. Repasses
Pela manhã, uma reunião entre médicos, secretaria municipal de Saúde e Ministério Público discutiu o assunto e surgiu a informação de que os repasses acordados estariam atrasados. O secretário estadual, Gilberto Martin, rebateu a informação, Segundo ele, o Estado antecipou duas parcelas (R$ 200 mil) em janeiro e autorizou o Ministério da Saúde (MS) descontar três parcelas mensais de R$ 100 mil cada do teto estadual para serem incluídas no teto municipal. “O problema de Londrina não é o dinheiro que o Estado ficou de repassar. Até programamos o repasse de dois meses a mais do que o combinado. Então essa informação está equivocada e estou cumprindo religiosamente o que eu combinei. Se os gestores não têm o controle desse repasse o problema é deles”, afirmou.
O secretário ainda criticou o fato da secretaria municipal não entrar em contato com ele para comunicar qual problema. “Os problemas de Londrina ficamos sabendo somente pela imprensa. Ninguém falou nada comigo sobre qualquer situação. Isso é uma loucura”, declarou. Agajan Der Bedrossian ligou para a reportagem do JL durante a tarde e disse que os técnicos da secretaria municipal estavam analisando a contabilidade. O secretário municipal disse que retornaria a ligação mais tarde para repassar as informações, mas até o fechamento desta edição não entrou em contato novamente.