De Sanctis quebra sigilo bancário e fiscal da Bancoop
Patrícia
Stavis/FolhaO juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal de São
Paulo, decretou a quebra do sigilo bancário e fiscal da Bancoop.
Quebrou-se
também o sigilo de um fundo de investimento criado pela cooperativa
habitacional em 2004.
Deve-se a
informação ao repórter Flávio Ferreira. Em notícia levada às páginas da
Folha, ele informa:
1. A quebra dos sigilos da Cooperativa
Habitacional dos Bancários de São Paulo e do fundo criado pela entidade
foi requerida pela Polícia Federal.
2. Deu-se no âmbito de um inquérito
aberto pela PF no ano de 2008. É conduzido pelo delegado Pedro Henrique
Maia.
3. No centro da investigação está o
FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios), criado pela
Bancoop há seis anos.
4. Apura-se a suspeita de gestão
fraudulenta. Os principais cotistas eram fundos de pensão de empresas
estatais.
5. A Funcef, que gere a caixa de
aposentadoria dos funcionários da Caixa Econômica Federal, aportou no
fundo da Bancoop R$ 11,2 milhões.
6. A Petros, fundação que gere o fundo
previdenciário dos servidores da Petrobras, entrou com R$ 10 milhões.
7. A Previ, caixa de previdência dos
servidores do Banco do Brasil, aplicou R$ 5 milhões.
8. O fundo da Bancoop, revelou-se, em
2008, um investimento de alto risco. A cooperativa já era alvo de
investigação da Promotoria de SP.
Suspeitava-se,
desde então, que a cooperativa desviara verbas recolhidas de associados
para dirigentes petistas e para o caixa dois de campanhas do PT.
9. Há oito meses, em agosto de 2009, a
Bancoop promoveu uma reunião dos cotistas de seu fundo. Propôs um
acordo.
10. Os fundos de pensão das estatais e
outros investidores aceitaram zerar suas posições na carteira do fundo
da Bancoop.
11. Retiraram-se do negócio levando
metade da rentabilidade que estimaram receber ao entrar. Em vez de
12,5%, só 6% ao ano, mais a variação da inflação.
12. Procurados, Funcef, Petros e Previ
negaram a existência de irregularidades na relação com a Bancoop.
13. Os fundões das estatais alegam que o
acordo celebrado com a cooperativa ligada ao petismo não resultou em
prejuízos.
O
percentual obtido (6% ao ano mais correção pelo IPC) situa-se dentro da
faixa mínima de lucratividade que os fundos das estatais se autoimpõem.
14. Ouvida, a assessoria da Bancoop
informou que a entidade não se manifestaria sobre a decisão do juiz De
Sanctis.
15. A corretora Planner, contratada
como gestora do fundo da Bancoop, também não quis se pronunciar. Disse
que ainda não foi notificada da decisão judicial.
16. A Bancoop era geridada até dois
meses atrás pelo petista João Vaccari Neto. Ele deixou a presidência da
entidade para assumir a tesouraria do PT federal.
17. Vaccari sempre negou a existência
de malfeitos na Bancoop. Diz que as acusações contra a cooperativa têm
motivação eleitoral e visam desgastar o PT.
18. Do outro lado do balcão, há
cooperados que pagaram por imóveis que a Bancoop jamais entregou. Daí as
investigações.