ESTUDANTE DE MARINGÁ ENVOLVIDA COM PROUNI PEDE SAIDA..

PAULO MELO CORUJA NEWS....... 

caso Uningá

Estudante envolvida em escândalo pede cancelamento do Prouni por conta própria

Milena Lacerca Colombari pediu para deixar o programa na terça-feira (4). A bolsa dela era a única que permanecia ativa desde a descoberta do escândalo, no domingo
 
Thiago Ramari 

Uma das três estudantes de medicina envolvidas no escândalo das bolsas do Prouni na Uningá, em Maringá, cancelou o benefício por conta própria. Milena Lacerda Colombari era a única das alunas que permanecia com a bolsa ativa. Segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Educação (MEC), ela pediu para deixar o programa na terça-feira (4). As bolsas das outras duas estudantes, Belisa Stival e Camila Colombari Medeiros, foram canceladas pela própria instituição, na sexta-feira (30), dois dias antes de o Fantástico exibir a reportagem sobre o assunto.
Assim como as colegas, Milena mora em uma casa de alto padrão em Maringá. Segundo o Fantástico, ela reside com os pais e com o irmão, em uma moraria com piscina. O pai é dono de um buffet de eventos que cobra R$ 7 mil por uma festa de quatro horas, para 200 pessoas – o valor é suficiente para pagar duas mensalidades do curso, cujo valor é de R$ 3,2 mil.
Uningá tem dez dias para apresentar defesa ao MEC
A assessoria do Ministério da Educação (MEC) informa que um processo administrativo foi instaurado nesta quarta-feira (5) para apurar o caso. A Uningá tem, a partir de agora, dez dias para apresentar a defesa.
Quando isso ocorrer, os documentos da denúncia e da defesa serão enviados ao Ministério Público Federal e à Advocacia Geral da União, que decidirão se as estudantes terão de devolver aos cofres públicos a soma das mensalidades durante o período em que receberam o benefício. Elas podem ainda ser alvo de processo criminal.
Independentemente disso, a Uningá corre o risco de ser desvinculada do Prouni pelo MEC.
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Em entrevista ao Fantástico, o pai de Milena reconheceu que a renda familiar atual não se enquadra no critério do governo para a inscrição no Prouni. No entanto, ele acrescentou que ninguém solicitou novos documentos para atualizar esses dados. Segundo o MEC, a renda deve ser de, no máximo, 1,5 salário por pessoa para bolsa integral. Na tentativa de justificar o recebimento do benefício, a estudante disse também que a família enfrentou dificuldades financeiras. Como exemplo, contou que não viajou para a praia no fim do ano.
Além de não ter de pagar as mensalidades, Milena era a aluna que recebia o benefício conhecido como bolsa-permanência, no valor de R$ 300, por mais tempo, desde abril de 2008. Com o pedido de cancelamento do Prouni, ela também deixa de receber a bolsa-permanência, pago a alunos de cursos integrais. De qualquer forma, com a instauração do processo administrativo pelo MEC (leia no box ao lado), nesta quarta-feira (5), o benefício seria suspenso. A universitária começou a cursar biomedicina em 2005, mas três anos depois pediu transferência para medicina. Ela teve bolsa do Prouni durante todo esse tempo.
O JM entrou em contato com a Uningá para apurar por que a bolsa de Milena foi a única a não ser cancelada pela instituição. No entanto, segundo a telefonista, o diretor administrativo, Paulo Barbosa, estava em uma reunião sem hora para terminar. A reportagem também tentou contato com a estudante, por meio da empresa do pai dela. A atendente, porém, disse que a família não tem nada a declarar.
Entenda o caso
O Fantástico denunciou no domingo (2) que Milena, Camila e Belisa - todas jovens de classe alta - cursavam medicina na Uningá gratuitamente desde 2008, com o benefício do Prouni, voltado para estudantes carentes. Com as bolsas, elas deixaram de pagar quase R$ 300 mil em mensalidades.
A denúncia gerou revolta dos outros acadêmicos da instituição, que cogitaram realizar protesto na terça-feira (4). No entanto, após reunião, decidiram apenas enviar carta à direção, solicitando a abertura do Diretório Central dos Estudantes (DCE), além de medidas administrativas contra o caso.
É a própria instituição que decide quem recebe a bolsa do Prouni e que encaminha a lista para o Ministério da Educação (MEC). A Uningá alegou, em nota divulgada na internet, que a seleção foi feita internamente, entre estudantes já matriculados. Segundo o Fantástico, as três jovens têm parentes em cargos importantes na faculdade. Belisa é filha de Ney Stival, o diretor de ensino da Uningá. Camila é filha de Vânea Colombari, coordenadora de cursos profissionalizantes. Milena é sobrinha de Vânea.