VATICANO ENTRA NA BRIGA POR YRANIANA CONDENADA

PAULO MELO CORUJA NEWS

Vaticano vai usar diplomacia
em caso de iraniana condenada

Liderança da Igreja Católica evita condenar publicamente governo do Irã
AFP
Stefano Rellandini/02.09.2010/ReutersStefano Rellandini/02.09.2010/Reuters
Manifestante segura imagem de Sakineh em frente à Embaixada do Irã em Roma, na Itália; Vaticano diz que vai interceder por condenada

O Vaticano, Estado sede da Igreja Católica, informou neste domingo (5) que intercede via canais diplomáticos junto às autoridades do Irã por Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento em um caso de adultério e homicídio.
O porta-voz da igreja, padre Federico Lombardi, lembrou que o catolicismo é contrário à pena de morte e disse que a liderança do Vaticano acompanha o caso com "atenção e envolvimento".
- A intervenção da Santa Sé sobre as questões humanitárias ante autoridades de outros países acontece não de forma pública, e sim por meio dos canais diplomáticos.
Neste domingo, o Papa Bento 16 não fez nenhuma referência ao tema durante a tradicional bênção Angelus.
Sakineh, acusada de adultério e cumplicidade na morte do marido, foi condenada à morte por apedrejamento em 2006. A sentença provocou uma grande campanha internacional que pretende evitar a execução.
Iraniana pode receber 99 chibatadas
Nesta sexta-feira (3), o filho da iraniana informou em carta aberta  que as autoridades da República Islâmica acrescentaram uma pena de 99 chibatadas à sentença sob acusação de "propagar a corrupção e a indecência".
Na carta, distribuída por ONGs contrárias ao apedrejamento, Sajjad Ghaderzadeh diz que a nova pena foi motivada pela divulgação de uma foto - publicada pelo diário britânico London Times - de uma mulher sem véu islâmico, atribuída a Sakineh.

Sakineh já havia recebido 99 chibatadas como castigo por seus supostos crimes, apesar de ainda poder ser punida com a pena de morte.

De acordo com o Comitê Internacional contra o Apedrejamento (Icas), a imagem seria, na verdade, de uma ativista iraniana que vive na Suécia e que apareceu em outros artigos sobre a condenada ao apedrejamento. No Irã, mulheres que aparecem em público sem o véu islâmico podem receber até pena de prisão.

Ghaderzadeh diz que a foto errada foi fornecida ao jornal britânico pelo ex-advogado de Sakineh, Mohammad Mostafaei, que fugiu do Irã e pediu asilo na Noruega.

O Icas também diz que, assim que soube da publicação da imagem errada, informou ao London Times sobre o engano. A ONG condenou a nova sentença e pediu seu cancelamento.

- Condenamos veementemente essa nova sentença de 99 chibatadas imposta pelo regime iraniano contra Sakineh, e exigimos que a pena seja abandonada imediatamente.

A sentença de morte por apedrejamento contra Sakineh está temporariamente suspensa enquanto o Irã analisa o caso. A audiência que decidirá o futuro da iraniana foi adiada três vezes nas últimas semanas.