Corpo de Néstor Kirchner chega a Buenos Aires
Ex-presidente argentino será velado na Casa Rosada.
Néstor Kirchner morreu na província de Santa Cruz.
O corpo de Néstor Kirchner chegou a Buenos Aires na madrugada desta quinta-feira (28), para ser velado na Casa Rosada, sede do governo argentino. O corpo do ex-presidente, que morreu nesta quarta (27), chegou ao Aeroparque à 1h50 local (2h50 de Brasília) em um avião no qual viajou também a presidente Cristina Kirchner e o filho mais velho do casal, Máximo.O ex-presidente será velado a partir das 10h local (11h de Brasília) no Salão dos Patriotas Latino-Americanos.Milhares de pessoas se concentram em frente à sede do governo com cartazes, flores, bandeiras e fotografias em homenagem a Kirchner. "Néstor, tua luz brilhará para sempre" e "Força Cristina" são algumas das mensagens.A polícia organizou uma operação de segurança que inclui o fechamento de várias vias de acesso à Casa Rosada, no centro de Buenos Aires, para facilitar a concentração na área.Fontes oficiais anteciparam que não será admitida a entrada de bandeiras, câmeras ou cartazes à sala do velório. Coroas de flores e outros adornos fúnebres serão recebidos em uma dependência governamental anexa à sede do Executivo.O funeral vai até sexta-feira (29), quando o corpo de Kirchner deve ser transferido a Río Gallegos, capital da província de Santa Cruz (sul), onde Kirchner nasceu.Kirchner foi homenageado em uma cerimônia íntima em El Calafate, na província sulista de Santa Cruz, onde ocorreu a morte. O ex-presidente morreu por volta das 10h locais (11h no horário brasileiro de verão), vítima de um ataque cardíaco. "Foi uma morte súbita", disse Luis Buonomo, médico de Kirchner, em entrevista. Mais tarde, ele esclareceu em comunicado que o motivo da morte foi uma parada cardiorrespiratória não traumática e que o paciente não respondeu às tentativas de reanimação básicas e avançadas.Kirchner morreu depois de ter sido internado emergencialmente por problemas cardíacos no hospital José Formenti, em El Calafate.Ele e a mulher, sua sucessora e atual presidente Cristina Fernández de Kirchner, descansavam na residência da família na cidade. Ela - que se recuperava de uma gripe - estava ao lado dele quando ele passou mal.Cristina estava "forte" e prometeu seguir lutando pelo povo argentino, disse um padre que a visitou após a morte do ex-presidente.O casal estava na cidade desde o final de semana passado, segundo o "La Nación".
Argentinos começam vigília em homenagem a Néstor Kirchner, na noite desta quarta-feira (7), em frente à Casa Rosada. (Foto: AFP)
Esta quarta-feira é feriado nacional na Argentina, por conta da realização do censo, e Cristina esperava ser pesquisada, conforme relatou em seu Twitter oficial.Argentinos convocaram pelas redes sociais um ato em homenagem a Kirchner na Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, às 20h (21h de Brasília). Várias pessoas estavam reunidas no local para ter mais notícias sobre a morte do ex-presidente. Sindicalistas começaram uma vigília pelo ex-presidente.
A agência Télam afirmou que pelo menos seis presidentes confirmaram que vão a Buenos Aires velar o corpo: Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Hugo Chávez (Venezuela), Rafael Correa (Equador), Fernando Lugo (Paraguai), José Mujica (Uruguai) e Sebastián Piñera (Chile).
A previsão é que o enterro ocorra na sexta (29) ou no sábado (30) no cemitério municipal de Río Gallegos, capital de Santa Cruz, onde Kirchner nasceu.
A federação argentina de futebol anunciou no começo da noite que a rodada do final de semana foi suspensa por conta da morte.
Saúde problemáticaOs problemas de saúde do ex-presidente e deputado não eram novos. Em 2004, ele teve um crise gástrica derivada de uma síndrome do cólon irritável.
Mapa localiza El Calafate, onde Néstor Kirchner morreu,
e Río Gallegos, onde ele deve ser enterrado. (Foto: Arte G1)
Em fevereiro, foi submetido a uma cirurgia emergencial de alta complexidade para desobstruir a artéria carótida direita.e Río Gallegos, onde ele deve ser enterrado. (Foto: Arte G1)
Em meados de setembro, Kirchner havia sido submetido a uma angioplastia coronária, um procedimento para a dilatação de uma obstrução ou estreitamento das artérias do coração, depois de ter sido internado com dores no peito.
De acordo com nota divulgada pelo governo à época, o procedimento foi um “sucesso” e também incluiu a colocação de um “stent”, uma prótese metálica que, posicionada no interior de artérias coronarianas obstruídas, normaliza o fluxo sanguíneo local.
O chefe de gabinete do governo da Argentina, Aníbal Fernández, e outros funcionários foram para El Calafate e estiveram entre os primeiros a visitar Cristina.
O ex-presidente argentino Néstor Kirchner brinca ao tomar posse de seu primeiro mandato, em 25 de maio de 2003. (Foto: AFP)
Possível candidatoDeputado, líder do governante Partido Justicialista e secretário-geral da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) , Kirchner tinha 60 anos e governou a Argentina entre 2003 e 2007.
Seus adversários o acusavam de autoritarismo, e o mercado financeiro via com desconfiança as políticas econômicas de Kirchner, que também eram seguidas pela administração de sua mulher.
"El Pinguino" (pinguim), como era chamado por conta de sua aparência, conseguiu eleger Cristina como sua sucessora, para um mandato que se encerra em 2011.
Na ocasião, Néstor Kirchner acusou os fazendeiros de complô e pediu que seus partidários boicotassem as companhias que participaram dos protestos. Ele também criticou a atuação da imprensa no episódio.
Néstor Kirchner era o principal aliado e conselheiro de Cristina, e, apesar do desgaste sofrido pelo governo dela nos últimos anos e de seus recentes problemas de saúde, esperava-se que ele fosse se candidatar novamente à presidência nas eleições do próximo ano. Agora, fala-se que Cristina poderia ficar encorajada a tentar a reeleição.
Kirchner costurou alianças para tentar voltar ao poder, mas também estreitou laços com líderes esquerdistas latino-americanos, como o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
A morte de Néstor Kirchner impulsionará os níveis de aprovação de Cristina e deve gerar possivelmente um rali de alta na Bolsa de Buenos Aires quando ela reabrir na quinta-feira, afirmou o banco de investimento Barclays Capital. Em comunicado, o analista Guillermo Mondino disse que a morte produzirá uma "onda de simpatia em direção à atual presidente". A governante já estava "obtendo melhores resultados nas pesquisas, e isto poderia de alguma maneira impulsionar seus níveis de aprovação", disse.