O Avanço Chinês no Brasil
César SouzaEM CIMA DO LANCE
A China se transformou na segunda economia do mundo, com o seu PIB sendo superior ao do Japão no semestre passado, após ter superado a Alemanha, França e Inglaterra em menos de 30 anos. As reservas chinesas superam a casa dos 2,4 trilhões de dólares, cerca de 10 vezes maior que a do Brasil.
O poderio chinês tem um duplo significado para nós: de um lado, a janela de oportunidade em termos de exportação de matéria-prima, energia e alimentos; por outro lado, isso poderá acarretar um decréscimo da exportação de produtos industrializados que perderão competitividade com a inevitável valorização do real causado exatamente pela receita proveniente das vendas à própria China. Esse será o nosso “paradoxo chinês”, ou “sinuca de bico”, cuja saída seria reduzir o “custo Brasil” – juros, carga tributária, logística e infra estrutura, burocracia estatal, etc – o que não parece prioritário em nenhum dos programas de governo apresentados até o momento.
Alem dessa possibilidade, o dragão chinês – para garantir o suprimento que necessita para alimentar suas máquinas, turbinas e bocas – já começa a comprar terras e a investir pesado no Brasil no agronegócio e na mineração, seguindo os passos da expansão da sua presença já consolidada na África onde empresas brasileiras perdem competitividade até em Angola, que já começa a aprender mandarim.
O Brasil, deslumbrado com seu próprio umbigo, se continuar sem elaborar um posicionamento mais estratégico de interesse nacional poderá correr o risco de desempenhar o papel secundário de alimentador do progresso chinês e de se tornar mais uma vez o “país do futuro”, desta feita esperando pelo Século XXII, pois este que vivemos será o da China.
