Dilma tenta evitar que juros subam já no seu 1º mês
José Cruz/ABrNo dia 19 de janeiro, o Banco Central informará ao país qual será o patamar da primeira taxa de juros da era Dilma Rousseff.
Lula entregou 10,75%. O grosso do mercado rumina a expectativa de que o índice vai subir.
Estima-se o tônico em algo entre 0,25 e 0,50 ponto percentual.
Um dos auxiliares de Dilma informou ao repórter neste sábado (1º): a depender da vontade da nova presidente, os juros ficam como estão.
Explicou que não se trata de colocar em dúvida a autonomia administrativa do BC. Dilma deseja operar em trincheira técnica.
Ela quer “convencer”. Ou “ser convencida”, disse o assessor.
No esforço para persuadir o BC, agora gerido pelo economista Alexandre Tombini, Dilma planeja levar à mesa, em duas semanas, uma planilha de cortes.
O talho no Orçamento deve superar os R$ 20 bilhões. Administrador da tesoura, o ministro Guido Mantega (Fazenda) deve se reuniu com Dilma nesta segunda (3).
A presidente imagina que, associada às providências adotadas pelo BC na fase de transição, a poda orçamentária pode retirar os juros do elevador.
Ainda sob Henrique Meirelles, o BC elevou os compulsórios dos bancos, restituindo-os aos níveis pré-crise financeira global.
Num sorvo de gigante, o BC retirarou de circulação R$ 61 bilhões. Além disso, encurtaram-se os prazos do crediário dos automóveis.
O receio de Dilma, disse o assessor, é o de que a eventual subida dos juros termine por se constituir em medida excessiva. Por isso quer “ser convencida”.
Planalto, Fazenda e BC remam na mesma direção. Tentam conter o soluço da inflação. O que se discute é a dosagem do medicamento.
O ano de 2010 terminou com a taxa de crescimento do PIB rodando nas cercanias dos 7,5%.
É consensual a impressão de que a economia vai murchar em 2011. Calcula-se que o crescimento roçará a casa dos 4,5%.
Tomada pelo discurso, Dilma está decidida a endurecer a política fiscal. Vai manusear a tesoura com convicção e gosto. Mas não quer que remédio vire veneno.