EFE
Da Efe
Ricardo Maldonado

Milhares de pessoas lotam o estádio, as garrafas de rum passam de mão em mão, velhos amigos relembram antigas corridas entre os acordes de uma tradicional banda de música, escutam-se gritos "já chegou janeiro" e começa a Corraleja, uma tradicional festa de Sincelejo, no norte da Colômbia, repleta de polêmica, e que tem o touro como protagonista.

O touro corre furioso pela arena do estádio, enquanto centenas de pessoas fogem apavoradas, enquanto os mais ousados enfrentam o animal com capas improvisadas, bandarilhas ou qualquer coisa que sirva para distraí-los. Em seu percurso, o touro ataca um "toureiro", que para muitos é considerado valente, enquanto outros consideram sua atitude uma insensatez. Mas, nesse momento, os espectadores ficam eufóricos, soam as trombetas e o público volta a beber o rum.
"Este touro foi bem", grita Alberto Castillo, um assíduo espectador da Corraleja, da qual diz: "É uma tradição nossa. Meu pai me contava quando eu era criança que era trazido pelo meu avô. É uma tradição de muita adrenalina".
Quem participa dentro da arena exibe como troféu os ferimentos que acumulou ao longo de anos pelos ataques dos touros e, se algum estiver sido provocado por um animal que tenha ficado famoso por matar ou ferir várias pessoas, é mostrado ainda com mais orgulho para provar que sobreviveu à bravura do animal.
Um desses exemplos é o de Dainer José Aldana, de 32 anos. Ele, que perdeu um olho num desses eventos, ostenta com orgulho as cicatrizes das 47 chifradas que levou. "Isto é algo que carrego no sangue, é como um vício", afirma.