CASO TAINÁ: 14 MANDADOS DE PRISÃO MAIORIA DE POLICIAIS

PAULO MELO CORUJA NEWS

Justiça manda prender 14 pessoas suspeitas de tortura no caso Tayná

Decisão da Justiça de Colombo foi tomada na tarde desta quarta-feira (17).
Segundo o Gaeco, a maior parte dos envolvidos é de policiais.

Do G1 PR
 
Tayná de 14 anos foi morta no dia 25 de junho e o corpo foi encontrado em um terreno em frente a um parque de diversões em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba (Foto: Reprodução/RPC TV)Tayná de 14 anos foi morta no dia 25 de junho e o corpo foi
encontrado em um terreno em frente a um parque de
diversões, em Colombo (Foto: Reprodução/RPC TV)
A Justiça ordenou a prisão de 14 pessoas suspeitas de torturar os homens que foram apontados como autores da morte da menina Tayná Adriane da Silva, de 14 anos. O crime aconteceu em 25 de junho e quatro homens foram presos. Segundo o Ministério Público, eles só confessaram o crime porque foram vítimas de tortura.
O coordenador do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), Leonir Batisti, havia relatado na segunda-feira (15) o pedido da promotoria pela prisão de 15 pessoas – sendo a maioria policiais civis e o delegado Silvan Rodney Pereira – por suspeita de tortura aos quatro homens. Parte deles se apresentou na delegacia de Furtos e Roubos. Nove negaram a tortura.
O advogado de Silvan, Claudio Dalledone Júnior, também negou as acusações contra o cliente. Segundo ele, o policial não participou de qualquer sessão de tortura. O advogado disse ainda que pretende pedir a revogação do mandado.
Os mandados de prisão dos policiais devem ser cumpridos pela Corregedoria da Polícia Civil. Já os demais ficam sob a responsabilidade dos integrantes do Gaeco. Além das prisões, a Justiça também determinou o afastamento de seis policiais civis do cargo.
Os quatro homens foram soltos no início da noite de segunda-feira (15). O Ministério Público do Paraná (MP-PR) tinha entrado com um pedido de liberdade provisória para eles, no domingo (14). O pedido feito pelo MP-PR foi em caráter de urgência e foi definido após o depoimento que os homens prestaram na sede da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp), na capital paranaense, no sábado (13).
De acordo com a promotoria, não há elementos que justifiquem a permanência dos suspeitos pelo crime na cadeia. Entre os fatores que pesaram para o pedido, o Ministério Público aponta que os quatro já deram vários depoimentos acerca do caso e cederam material genético para as investigações. Os promotores também consideram que, pelo comportamento nos depoimentos, nenhum dos suspeitos apresenta sinais de periculosidade.
 
O programa Fantástico, exibido no domingo (14), teve acesso  aos depoimentos que os quatro suspeitos prestaram ao Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco). Os homens disseram ter levado choques e terem sido sufocados.
Preso: Daí esse delegado estava com a maquininha de choque.
Promotor: O delegado?
Preso: Com a maquininha de choque e já chegou prensando, ‘Cadê o corpo da menina, não sei o que...'
Promotor: E deu o choque?
Preso: Deu. Nossa, bastante
O secretário de segurança pública do Paraná, Cid Vasques, disse, em entrevista ao Fantástico, que “policial torturador não é policial, é delinquente”.
Relembre o caso
A adolescente Tayná, de 14 anos, desapareceu no dia 25 de junho em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba. Na época, a mãe de Tayná, Cleuza Cadomá da Silva, relatou que a filha tinha saído de casa para ir até a casa de um amigo. Como ele não estava em casa, ela seguiu para a casa de uma amiga. A garota chegou a mandar uma mensagem de texto pelo celular para a mãe dizendo que estava voltando para casa, mas desapareceu.
"Esse crime não vai ficar impune porque eu não vou deixar. Eu sempre vou correr atrás, eu quero notícia, eu quero informação (...). Meu coração está despedaçado", afirmou Cleuza.
Reviravolta
A mudança de postura das autoridades em relação ao caso aconteceu devido aos novos fatos que surgiram na investigação do crime da menina. Dois dias depois do sumiço de Tayná, a polícia prendeu quatro homens, funcionários de um parque de diversões do município. O parque inclusive foi alvo de protesto de moradores da região, que colocaram fogo no local e quebraram brinquedos. Em depoimento à polícia, os suspeitos confessaram o crime.
Entretanto, logo após o início das investigações, a perita Jussara Joeckel, que esteve no local onde o corpo foi encontrado, afirmou que a cena analisada por ela não representava uma situação de estupro. “Isso [a menina vestida] é incompatível com violência, com embate sexual e com violência sexual”, disse.
Um exame de DNA feito no sêmen encontrado no corpo de Tayná comprovou que o material não pertencia a nenhum dos suspeitos presos. Após ouvir os quatro homens, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) decidiu denunciar a prática de tortura contra eles.
“Todos eles contam a forma como eles chegaram a um ponto onde não havia mais possibilidade de aguentarem a tortura e foram obrigados a falar o que era mandado”, afirmou a coordenadora de Direitos Humanos da OAB, Isabel Kluger Mendes.
Afastamento
Três delegados já foram afastados das investigações. No domingo, toda a equipe da Delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, que conta com aproximadamente 20 policiais, foi afastada, conforme a Secretaria de Segurança Pública do Paraná.  Eles haviam sido temporariamente substituídos por equipes do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), da Polícia Civil.
Na segunda-feira (15), o delegado-geral da Polícia Civil, Marcus Vinicius Michelotto, determinou que a Delegacia do Alto Maracanã passe a ser comandada pelo delegado Iacri Meneghel Abarca, que, até então, era responsável pela Delegacia de Castro, na região central do estado.