PAULO MELO CORUJA NEWS
Congresso vota mais de 130 vetos presidenciais sob novas regras
Camila Campanerut
Do UOL, em Brasília
Do UOL, em Brasília
Depois
de seguidas derrotas no Congresso Nacional, a presidente Dilma Rousseff
vem sofrendo pressão para substituir sua equipe de negociação com o
Legislativo. Cinco das últimas dez propostas encaminhadas pelo governo
ao Parlamento foram rejeitadas. No caso mais recente, o da MP dos
Portos, que veio sofrendo obstrução em plenário apesar das negociações
com líderes de partidos, a medida, após aprovação na Câmara, pode perder
a validade caso não seja votada até a meia-noite desta quinta-feira
(16) pelo Senado Leia mais Arte/UOL
Apesar dos esforços do Planalto em receber deputados e senadores nas
últimas semanas, o governo deverá enfrentar nesta terça-feira (20) mais
uma prova de fogo sobre a adesão dos partidos da base governista no que
concerne às posições da presidente Dilma Rousseff em relação a trechos
de projetos que ela vetou.
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) marcou a sessão conjunta do Congresso Nacional para as 19h. Deputados e senadores deverão apreciar 137 dispositivos vetados pela mandatária. A tramitação dos vetos mudou em julho, e esta será a primeira sessão sob as novas regras.
Entre os temas colocados em pauta estão assuntos polêmicos como derrubada da multa adicional de 10% para o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) por cada demissão sem justa causa, o novo modelo do FPE (Fundo de Participação dos Estados), a desoneração de produtos da cesta básica e rejeição de parte da lei do Ato Médico.
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) marcou a sessão conjunta do Congresso Nacional para as 19h. Deputados e senadores deverão apreciar 137 dispositivos vetados pela mandatária. A tramitação dos vetos mudou em julho, e esta será a primeira sessão sob as novas regras.
Entre os temas colocados em pauta estão assuntos polêmicos como derrubada da multa adicional de 10% para o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) por cada demissão sem justa causa, o novo modelo do FPE (Fundo de Participação dos Estados), a desoneração de produtos da cesta básica e rejeição de parte da lei do Ato Médico.
A decisão de incluir a questão do FGTS na pauta de votações pegou o
governo de surpresa. De olho na movimentação dos parlamentares,
ministros de Dilma, como Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da
Presidência), chegaram a pedir "bom-senso" aos parlamentares na votação
dos vetos presidenciais.
A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) também já avisou
que o governo não descarta a possibilidade de ir ao STF (Supremo
Tribunal Federal) caso os congressistas resolvam derrubar os vetos da
presidente.
"Se, por caso, o veto for derrubado, será levado ao STF. Até porque não
há alternativa. A base que a presidenta levou em consideração [ao
vetar] foi o texto constitucional", afirmou Ideli na última terça-feira
(13) depois de reunião de Dilma com líderes da base aliada no Senado no
Palácio do Planalto.
Mudança na tramitação
O Congresso aprovou, em julho passado, uma nova forma de organizar a
votação dos vetos presidenciais. A mudança obriga o Legislativo a
cumprir o prazo já previsto pela Constituição de 30 dias para a votação
dos vetos a partir da sua publicação. Caso isso não ocorra, eles passam a
trancar a pauta de votações do Congresso.
Todos os vetos que chegaram desde 1º de julho deste ano passam a ficar
submetidos ao novo formato de tramitação. Se a prática for seguida, o
Congresso começa a ter, de fato, mais pressão sobre o Executivo, cujas
decisões da presidente acabam sendo submetidas aos congressistas.
Além da preocupação com os vetos, o governo está aflito com a demora na
apreciação de outros assuntos de interesse dele como a apreciação da
LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2014. A votação do projeto
deveria ter sido feita antes do recesso do meio do ano, mas não ocorreu
por pressão em prol da aprovação da PEC (Proposta de Emenda à
Constituição) do orçamento impositivo (que obrigaria o Executivo a pagar
as emendas parlamentares individuais). O projeto está previsto para
ser votado nesta semana.
Interesses em jogo nos vetos que serão votados pelo Congresso
| O que é | A favor | Contra |
| FGTS: acaba com a multa adicional de 10% sobre o saldo total do FGTS paga pelos empregadores ao governo em caso de demissão sem justa causa. | As entidades que representam os empresários. Fecomércio conta com o apoio dos presidentes da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN) e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). | O governo é contra a derrubada do veto porque, segundo estimativas dos empresários, ele recebe cerca de R$ 3 bilhões por ano com as multas extras. |
| FPE (Fundo de Participação dos Estados): a presidente vetou o trecho que retira os impactos das desonerações concedidas pelo governo federal aos Estados e municípios. | Oposição e bancadas do Norte e Nordeste, cujos orçamentos estaduais dependem muito do fundo. A CNM (Confederação Nacional dos Municípios) também pressiona e já conta com apoio do PMDB. | O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), irá argumentar que a presidente já concedeu ajuda aos prefeitos. Segundo ele, já foram destinados R$ 15 bil para diversas áreas. |
| ProUni: retira da lei a ampliação do Prouni às instituições municipais de Ensino Superior. | As instituições poderiam ampliar o número de vagas para alunos carentes caso recebessem recursos do governo. | No veto, a presidente argumenta que elas não se submetem aos processos de regulação e supervisão da União. |
| Ato Médico: foram 10 vetos. Os destaques são a retirada da exclusividade de diagnóstico e indicação de terapia dos médicos. | Entidades médicas brasileiras como o CFM (Conselho Federal de Medicina) e o presidente da Fenam (Federação Nacional dos Médicos). | Profissionais como nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas e fonoaudiólogos, que ficariam dependentes do profissional formado em Medicina. |
| Cesta básica: os trechos rejeitados garantiam a desoneração a produtos que vão de artigos escolares e vinagre. | Governo defende que os dispositivos violam a Lei de Responsabilidade Fiscal. | O PSDB era autor de uma proposta semelhante, mas o governo petista encampou como dele. |

