Falso médico foragido é indiciado por homicídio doloso, diz delegado
Menina de 5 anos, que morreu no dia 13, teria recebido anticonvulsivo dele.
Pediatra acusada de contratar aluno também vai responder pelo crime.
Ele também responde por outros quatro crimes: exercício ilegal da medicina, falsidade ideológica, falsidade de documentos públicos e tráfico de drogas, já que em depoimento à polícia, o estudante confessou ter aplicado um anticonvulsivo em Joanna. A droga pode causar dependência química.
DCAV divulga fotos do falso médico que liberou
menina desacordada (Foto: Divulgação/Polícia Civil)
De acordo com a polícia, a pediatra do Hospital Rio Mar, acusada de contratar o estudante, também foi indiciada pelos cinco crimes. Ela está presa desde 14 de agosto, em uma penitenciária em Bangu, na Zona Oeste da cidade. Em depoimento, a médica negou as acusações.menina desacordada (Foto: Divulgação/Polícia Civil)
Joanna ficou em coma por quase um mês
A menina Joanna morreu no dia 13 de agosto após ficar quase um mês em coma. A criança era alvo da disputa dos pais desde o nascimento. A causa de sua morte ainda é desconhecida para a polícia e os médicos. Uma das hipóteses investigada é se a menina foi vítima de maus-tratos, já que ela tinha uma mancha nas nádegas que, segundo o laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML), parecia uma queimadura.
Antes de morrer, a menina percorreu três hospitais. No primeiro deles, ela foi atendida pelo falso médico, no Hospital Rio Mar, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade. Depois, ela ainda foi medicada no Hospital das Clínicas de Jacarepaguá, também na Zona Oeste, e por último, no Hospital Amiu, em Botafogo, onde ficou internada no CTI e faleceu. Após as investigações da polícia apontarem que a médica do Rio Mar sabia da existência do falso médico, o hospital informou que demitiu a profissional.
Número de denúncias cresceu
O número de denúncias de estudantes de medicina e de outros profissionais da área da saúde atuando como médicos aumentou em 50% após a morte de Joanna. O levantamento feito pela Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Saúde Pública (DRCCSP) aponta que os locais com mais registros da prática ilegal são hospitais da rede particular, situados na Zona Oeste e na Baixada Fluminense.
De acordo com o delegado responsável pelo levantamento, Fábio Cardoso, a Polícia Civil está planejando novas operações para flagrar estudantes e profissionais que atuem irregularmente nas unidades de saúde.
A polícia disponibiliza dois telefones para informações de falsos médicos. As denúncias podem ser feitas ao Disque-Denúncia, no 2253-1177, ou na Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Saúde Pública, no número 2334-5158.
Para reprimir a atuação de estudantes como falsos médicos, o Conselho Regional de Medicina do estado do Rio (Cremerj) pensa em propor a antecipação da disciplina ética profissional para os primeiros períodos da graduação de medicina.