FRNAÇA: NEGOCIAÇÕES FRACASSARAM NA COSTA DO MARFIM

PAULO MELO CORUJA NEWS

França diz que negociações fracassaram na Costa do Marfim

Ministro francês diz que 'intransigência' de Laurent Gbagbo impediu diálogo sobre fim de crise no país

iG São Paulo
O ministro das Relações Exteriores da França, Alain Juppé, disse nesta quarta-feira que fracassaram as negociações para que Laurent Gbagbo deixe a presidência da Costa do Marfim. Desde as eleições de novembro, Gbagbo se recusa a aceitar a derrota eleitoral para Alassane Ouattara, reconhecido internacionalmente como líder eleito do país.
A França liderava, junto com a ONU, as negociações para que Gbagbo pudesse deixar a Costa do Marfim em segurança. "As negociações ocorridas por horas ontem (terça-feira) entre a equipe de Laurent Gbagbo e as autoridades marfinenses fracassaram por causa da intransigência de Gbagbo", disse Juppé ao Parlamento francês.

Foto: AP
Soldados leais a Ouattara são vistos em Abidjan (06/04)

Na manhã desta quarta-feira, forças da oposição marfinense invadiram a residência oficial de Gbago, na tentativa de expulsá-lo do local, onde está escondido em um bunker. "Vamos tirar Laurent Gbagbo de seu buraco e o entregar ao presidente da República", disse Sidiki Konate, porta-voz do primeiro-ministro nomeado por Ouattara, Guillaume Soro.
Na terça-feira, a crise na Costa do Marfim parecia se aproximar de uma solução quando a Organização das Nações Unidas (ONU) e a França disseram estar negociando a rendição de Gbagbo com três militares leais a ele.
No entanto, horas depois Gbagbo disse que não está pronto para se render e reiterou que se considera o vencedor das eleições do ano passado. Segundo eles, as negociações são apenas para um cessar-fogo. "O Exército pediu a suspensão das hostilidades e está discutindo neste momento as condições para um cessar-fogo com as outras forças no terreno, mas no nível político não foi tomada nenhuma decisão", disse Gbagbo em entrevista por telefone à emissora de TV francesa LCI.
Nos últimos dias, a oposição apertou o cerco contra Gbagbo, com a ajuda de ataques aéreos de forças da ONU e da França. Na terça-feira, o presidente americano, Barack Obama, voltou a condenar a resistência de Gbagbo e expressou “profunda preocupação” com a situação na Costa do Marfim.
A crise no país começou em novembro, quando o resultado das eleições - aprovado pela ONU - indicou a vitória de Ouattara. O governo, então, anulou o conteúdo de urnas no norte da Costa do Marfim, afirmando que houve fraude, e declarou Gbagbo vencedor.
Desde então o país vem sendo palco de disputas intensas entre forças leais aos dois lados, e na semana passada forças leais a Ouattara lançaram uma ofensiva militar para tentar retirar Gbagbo do poder.
Simpatizantes de Ouattara e de Gbagbo se acusam mutuamente pelas mortes causadas pela onda de violência. Segundo o Comitê da Cruz Vermelha Internacional, ao menos 800 pessoas teriam sido mortas.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que os ataques têm como objetivo proteger civis e não eram uma declaração de guerra a Gbagbo. O comandante das forças de paz da ONU no país, Alain Le Roy, disse que a decisão foi tomada com base em uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que autoriza esse tipo de ação.
Segundo ele, a intensidade do uso de armamentos pelas forças de Gbagbo e os calibres das armas vinham aumentando fortemente nos últimos dias. A missão da ONU no país também teria sido alvo de ataques contínuos, segundo ele.
A ONU anunciou ainda que enviará à Costa do Marfim um representante para investigar um massacre de centenas de civis na cidade de Duekoue, no oeste do país, na semana passada.
Nesta quarta-feira, o promotor-chefe do Tribunal Penal Internacional, Luis Moreno Ocampo, disse que investigará alegações de massacres sistemáticos ocorridos na Costa do Marfim devido à crise.
Ocampo disse que seguirá coletando evidências dos supostos crimes que teriam sido cometidos por ambos os lados.
Com BBC, Reuters e AP