PONTA GROSSA: CÂMERAS DE SEGURANÇA VOLTAM A FUNCIONAR

PAULO MELO CORUJA NEWS




Após meses, câmeras de segurança voltam a funcionar em Ponta Grossa



Comerciantes não acreditam que equipamento vá diminuir a violência. 
Prefeito Pedro Wosgrau Filho diz que as câmeras refletem positivamente.

Do G1 P
São 33 câmeras instaladas na região central de Ponta Grossa (Foto: Fabio Marcelo dos Santos Matavelli)São 33 câmeras instaladas na região central de
Ponta Grossa
(Foto: Fabio Marcelo dos Santos Matavelli)
Mais de 33 câmeras de segurança estão instaladas em Ponta Grossa, 115 km deCuritiba, vigiando especialmente a região central da cidade. O equipamento é considerado pelas autoridades públicas a principal ferramenta de inibição de crimes no centro. Mesmo assim, durante os oito últimos meses, as câmeras estavam desligadas para a substituição do sistema analógico para digital e também para a troca da empresa que controla a parte técnica dos equipamentos.
Dados da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (SESP), de 2010 e 2011, indicam que em Ponta Grossa aumentaram os crimes contra as pessoas. De 29 mil casos em 2010, 33 mil ocorrências foram registradas em 2011. Estes crimes são aqueles contra a vida e são exemplificados em abandono de incapaz, lesões corporais, homicídio, maus tratos, difamação, calúnia, injúria, entre outros.
Diante destes números e também da própria experiência, os comerciantes da região não acreditam que as câmeras vão resolver totalmente o problema da violência na cidade. A gerente de uma casa de shows da Avenida Bonifácio Vilela, conhecida como Avenida München, Vera Lúcia Levandowski, afirmou que nos últimos anos a violência aumentou na rua dos bares e casas noturnas de Ponta Grossa. “É muita briga, muita venda de drogas. A gente colocou duas câmeras dentro da casa e uma está virada para a rua, mas não pega toda a avenida”, explicou.
 
Para ela, as câmeras de segurança poderão ajudar, mas não são suficientes. “Eu acho que deveria ter um carro da polícia rondando. Eles passam lá pelas 22h, um pouco mais depois e daí só seis da manhã. A gente entende que tem poucos policiais, mas é muita briga”.
Um dos proprietários de um estúdio de música na mesma avenida, Felipe Antunes Bortolozo, concordou com a necessidade de algo a mais que as câmeras e fez sugestões: “A violência é grande, com câmeras a polícia pode agir mais rápido. Hoje, quando chamam a polícia, todo mundo foge e já dispersa. Seria melhor se tivesse uma viatura, fixa. Ninguém faz arruaça na frente da polícia”, afirmou.
Na quinta-feira (17), o governo estadual anunciou a contratação de 3.120 novos policiais militares, civis e bombeiros. Na ocasião, o governador Beto Richa afirmou que a segurança é prioridade e que estão sendo colocadas em práticas as ações do programa Paraná Seguro, que inclui a modernização de estruturas, implantação dos módulos policiais e Unidades Paraná Seguro (UPS), construção de novas delegacias e aquisição de 3.000 viaturas com tecnologia embarcada.
Monitoriamento será 24 horas, na sede da Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte (AMTT) (Foto: Fabio Marcelo dos Santos Matavelli)Monitoriamento será 24 horas, na sede da Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte (AMTT) (Foto: Fabio Marcelo dos Santos Matavelli)
De acordo com o presidente da Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte (AMTT), Edimir José de Paula, o objetivo é ampliar o monitoramento para toda a cidade com 207 câmeras. “Mas isso ficará para a próxima gestão”, afirmou. Na sede da AMTT, uma sala com oito a 10 guardas municipais vigiarão, em turnos, tudo que acontece no centro da cidade durante 24 horas. O presidente reforça que o trabalho ainda não está em total funcionamento porque alguns ajustes estão sendo feitos, como treinamento do pessoal e reparos das câmeras. “O prazo é para mais ou menos 30 dias tudo ficar pronto”.
Para o prefeito de Ponta Grossa, Pedro Wosgrau Filho, as câmeras refletem positivamente na segurança da cidade. “Nós entendemos que a colocação das câmeras em pontos estratégicos que foram discutidos com os responsáveis pela segurança da cidade traz reflexos muito bons na segurança. Isso já foi visto em outras cidades e a segurança melhorou muito”, afirmou o prefeito. Segundo Wosgrau, ainda não há um prazo para ampliar o monitoramento por câmeras em Ponta Grossa. “Haverá um aumento gradativo para outros pontos da cidade”, finalizou.
Câmeras causam incômodo inicial
De acordo com a professora e psicóloga Andréia Kleinhans, as câmeras de segurança causam um impacto nas pessoas enquanto elas são percebidas pela população. “Depende de como a pessoa interpreta. Se ela vê que é para a segurança, ela não se importa. Se ela sente que é para monitorar, ela pode se incomodar”.
Andréia explicou também que qualquer sensação, seja de incômodo ou segurança, aos poucos vão desaparecendo. “É o mesmo fenômeno que os realities shows, como o Big Brother, com o passar do tempo, as pessoas esquecem que estão sendo filmadas”, afirmou.
Por se tratar de uma questão complexa, vários fatores interferem na relação câmeras x população. Um destes é a cultura. “Em Ponta Grossa há vários descendentes europeus, da Ucrânia, Itália, que são mais fechados. Por isso as pessoas podem se sentirem mais incomodadas. Ainda assim, a linguagem das câmeras já está presente na rotina, como nos prédios que possuem câmeras de segurança e a placa: ‘Você está sendo filmado’ e isso pode ser incorporado à cultura”
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