EMPRESA DE MARINGÁ FRAUDAVA CONCURSOS PÚBLICOS Á FAVOR DE POLITICOS

PAULO MELO CORUJA NEWS
Reprodução/ Rede Globo
Reprodução/ Rede Globo / José Roberto Cestari, proprietário da Cescar, empresa maringaense envolvida em fraude de concursos públicos José Roberto Cestari, proprietário da Cescar, empresa maringaense envolvida em fraude de concursos públicos
 
Denúncia

Empresa maringaense estaria por trás de esquema de fraudes em concursos

Proprietário da Cescar aparece em reportagem exibida pelo programa Fantástico negociando a aprovação em concursos públicos do interior do estado
  Tatiane Salvatico
    A empresa maringaense Cescar, responsável por concursos públicos no interior do Paraná, apareceu em reportagem do Fantástico, exibida pela Rede Globo de Televisão, na noite de domingo (17), envolvida em um suposto sistema de fraudes. Em imagens de câmera escondida, José Roberto Cestari, dono da empresa, aparece negociando a aprovação de candidatos com um repórter do Fantástico, que se apresentou como assessor de uma Prefeitura no interior do estado.
    Questionado como seria realizada a fraude, Cestari respondeu “Isso você deixa comigo, que eu sou especialista”. Ele explicou ainda que a pessoa que prestaria o concurso deveria fazer a prova normalmente , sem comentar o resultado com ninguém. “Nós trocamos o gabarito depois.” As irregularidades citadas pelo Fantástico foram a venda do gabarito, troca dos cartões-resposta das provas para beneficiar os candidatos que participavam das fraudes e cópia de questões de provas aplicadas em outros estados.
    De acordo com informações publicadas no site da Cescar, a empresa realizou concursos públicos para oito Câmaras Municipais e 14 prefeituras como Flórida, Barbosa Ferraz, Fênix, Loanda, Colorado, Nova Londrina, na região Noroeste.
    Durante dois meses, o Fantástico gravou com câmeras escondidas conversas com representantes de empresas dos três estados da Região Sul, que organizam concursos públicos. A investigação foi feita com o conhecimento dos prefeitos e presidentes da Câmara.
    O esquema fraudulento foi denunciado por uma fiscal de prova de Novo Barreiro, no Rio Grande do Sul, que afirma que parentes do prefeito daquela cidade entregaram a prova quase em branco, mas foram aprovados em concurso municipal. Ela também afirmou à reportagem do Fantástico que as empresas vendem o gabarito antes da prova e que o valor seria descontado na folha de pagamento depois do candidato convocado. “Eles justificavam esses descontos como se os funcionários tivessem feito um empréstimo no banco pagos em parcelas.” Os bancos negam que esses empréstimos tenham sido feitos.
    A reportagem do Fantástico voltou a falar com José Roberto Cestari e o questionou sobre o que ele pensaria de uma empresa que fraudaria concursos públicos. Sabendo que estava sendo gravado ele afirmou: “Eu acho que ela está fazendo uma coisa muito errada.”
    A reportagem da Gazeta Maringá tentou falar Cestari na manhã desta segunda-feira (18), mas ele não foi localizado para comentar o caso.
    MP investiga fraudes em todo o país
    Concursos públicos teriam sido fraudados em todo o país para beneficiar candidatos ligados a políticos, principalmente familiares e assessores. A reportagem do Fantástico informou que há indícios de irregularidades em provas feitas nos 26 estados e no Distrito Federal, as quais estariam sendo investigadas pelo Ministério Público de cada localidade. Representantes de três empresas do Paraná - responsáveis pela organização dos concursos - foram citados pelo Fantástico e teriam participação nos golpes.
    A maior parte das irregularidades foi cometida em concursos municipais. De acordo com o Fantástico, prefeitos e vereadores contratam empresas para organizar as provas e pagam propina para indicar candidatos que devem ser aprovados.
    A representante de uma empresa de concursos de Francisco Beltrão, no Sudoeste do Paraná, afirmou que até cinco candidatos poderiam ser aprovados irregularmente por meio do esquema. O contrato para a realização do concurso irregular ficaria no valor de R$ 22,5 mil. Nesse montante já foi calculado o valor de um imposto (R$ 500).
    Representantes de uma empresa de Curitiba e outra de Maringá revelaram que agiam da mesma forma – trocando os cartões-resposta. O resultado seria que o candidato beneficiado teria “acertado” o número de questões suficientes para ser aprovado.
    Todos os envolvidos negaram que havia fraudes quando foram procurados pela reportagem do programa da Rede Globo.
    A reportagem da Gazeta do Povo entrou em contato com a assessoria de imprensa do Ministério Público do Paraná (MP-PR), por volta das 9h25 desta segunda-feira (18), para saber se há investigações em andamento sobre as irregularidades nos concursos públicos – conforme foi citado pelo Fantástico – e aguarda o retorno.