PM/SP: DESCONHECIMENTO NO NUMERO DE FERIDOS EM PROTESTO

PAULO MELO CORUJA NEWS

PM diz desconhecer total de feridos em confronto durante protesto em SP

Coronel Reynaldo Simões Rossi diz que policiais foram a hospitais ver civis.
Polícia afirma que 13 policiais ficaram feridos na ação.

Tatiana Santiago Do G1 São Paulo
 
O coronel Reynaldo Simões Rossi  disse nesta sexta-feira (14) que 13 PMs ficaram feridos durante o protesto ocorrido no Centro na quinta-feira (13). Um deles teve uma fratura no osso da face e está hospitalizado. Entretanto, segundo o coronel, a PM não tem um balanço de civis feridos.
Rossi, que é comandante de policiamento no Centro, participou de entrevista coeltiva no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual. Representantes da PM falaram com jornalistas após o governador Geraldo Alckmin (PSDB) comentar os confrontos.
Perguntado sobre o total de pessoas feridas, o coronel afirmou não ter um número para divulgar, apesar de afirmar que enviou PMs a hospitais para verificar se há casos de feridos graves. "Eu acho que isso (total de feridos), o inquérito policial irá apurar", disse. "Eu determinei que houvesse a ida de policiais nossos em alguns hospitais para verificar se havia algum caso grave", disse Rossi.
 
"O número de pessoas eu, sinceramente, não sei afirmar em face da 'recenticidade' e inviabilidade eventualmente do socorro de forma descentralizada", disse.
O comandante-geral da Polícia Militar do estado de São Paulo, coronel Benedito Roberto Meira, disse “não ter dúvida” que a Tropa de Choque, unidade usada para controlar e dispersar multidões em manifestações, estará pronta para participar dos próximos protestos contra o aumento de tarifas do transporte público na capital paulista.
“Não tenha dúvida disso. Nós não sabemos que dimensão e qual vai ser a magnitude da manifestação. Eu preciso ter a Tropa de Choque como uma reserva estratégica, exatamente para fazer uma intervenção, se necessário for. Na terça-feira, nós entendemos que o emprego da Tropa de Choque não foi necessário e nós tivemos um resultado de vários policiais militares feridos, dano ao patrimônio público e privado”, afirmou o comandante.
Governador defende PM
Antes dos representantes da PM, Alckmin disse que eventuais abusos cometidos pela Polícia Militar (PM) serão apurados pela Corregedoria da corporação. Ele citou ainda o "rastro de destruição" deixado pelos manifestantes no último ato contra o aumento das tarifas do transporte público na capital, que terminou em confronto e mais de 200 detidos.
"Nós não temos nenhum compromisso com o erro. A polícia tem uma Corregedoria e qualquer abuso que tenha sido cometido será apurado de forma rigorosa", disse, ao ser questionado sobre um suposto exagero na ação policial. Ao falar sobre o comportamento dos manifestantes, Alckmin ressaltou atos de vandalismo. "O que nós vimos foi um ato de violência, de vandalismo, deixando um verdadeiro rastro de destruição.”
Em entrevista ao SPTV, o governador falou sobre os deveres da PM. "A polícia tem o dever de preservar a população, o direito de ir e vir. Nós sempre estamos abertos ao diálogo, ao entendimento, mas não é possível permitir atos de vandalismo", disse.
Manifestantes ateiam fogo em lixo pelas ruas durante confronto com a polícia. (Foto: Filipe Araújo/Estadão Conteúdo)Manifestantes ateiam fogo em lixo pelas ruas
durante confronto (Foto: Filipe Araújo/Estadão
Conteúdo)
O governador disse que o Movimento Passe Livre é um movimento político e violento. Alckmin também defendeu a atuação da corporação durante o protesto, "Nós temos manifestações frequentemente, isso é normal, não há nenhum problema em ter manifestação seja ela do que tipo for. A polícia até acompanha as manifestações para proteger inclusive os manifestantes. A polícia trabalha dia e noite para proteger a população, garantir a segurança", afirmou.
Também em entrevista nesta sexta, o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, defendeu a ação da PM no protesto. "A atuação da polícia foi correta e nós temos o compromisso de esclarecer todos os casos de abuso", afirmou.
O coronel da PM Reinaldo Simões Rossi, responsável pela ação e policiamento do Centro, disse que a postura da corporação foi identificar pontos sensíveis da cidade, onde havia risco ao patrimônio público ou privado.

Segundo ele, os manifestantes descumpriram um acordo prévio e quiseram alterar o trajeto do protesto. "Em razão de descumprimento, em razão de um lapso temporal e de uma liderança mais enfática no grupo, parte dessas pessoas começaram a jogar objetos nos policiais", disse.
O comandante da PM, Benedito Meira, explicou que a Tropa de Choque só entrou em ação na noite desta quinta-feira porque os policiais foram agredidos. Ele disse ainda que a tropa estará presente se houver necessidade nas próximas manifestações.
'Não ficou bem para a polícia'
Mais cedo, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), também havia comentado a manifestação e disse que, pelas imagens veiculadas pela imprensa e pelos relatos que ouviu, os policiais deixaram de “observar os protocolos”.
“A polícia segue protocolos. Quando o protocolo é obedecido, as coisas caminham bem. No dia de ontem, segundo as imagens e os relatos, parece que esses protocolos não foram observados, razão pela qual a Secretaria da Segurança determinou a investigação”, afirmou Haddad em entrevista à GloboNews. “Evidentemente que estamos todos impactados com as imagens do dia de ontem”, disse também o prefeito.
Ele também disse que "não ficou bem para a polícia". "Eu penso que tem havido excessos. Na terça-feira, infelizmente tivemos 80 ônibus depredados, policiais que foram agredidos. Ontem também não ficou bem para a polícia, o secretário [Fernando] Grella abriu um inquérito para investigar os eventuais abusos. Isso não é uma questão da corporação, mas há indivíduos que precisam ser investigados em sua conduta."
Protesto
A manifestação de quinta-feira começou por volta das 17h em frente ao Theatro Municipal, no Centro de São Paulo. Enquanto lojistas fechavam as portas para evitar depredação, a Polícia Militar prendia dezenas para averiguação.
Segundo a PM, foram apreendidos coquetéis molotov, facas e maconha. De acordo com a delegada Vitória Lobo Guimarães, até o início da madrugada, 198 pessoas haviam sido detidas e encaminhadas ao 78º DP, nos Jardins. Todos foram liberados. Quatro vão responder termo circunstanciado; três deles por porte de entorpecentes e um por resistência à prisão. Outras cinco pessoas foram levadas para o 1º DP.
O ato ocupou a Rua Xavier de Toledo, o Viaduto do Chá e seguiu pela Avenida Ipiranga. Ao menos duas pessoas foram presas na esquina das avenidas Ipiranga e São Luís por causa da depredação e pichação de um ônibus. Os manifestantes, cerca de 5 mil segundo a PM, usavam máscaras e narizes de palhaço. “Não aguentamos mais sermos explorados”, dizia uma das faixas.
A Cavalaria da PM uniu-se ao Choque na Rua Maria Antônia, onde começaram os confrontos. A Universidade Mackenzie, que fica na esquina, fechou as portas.
Segundo o major da PM Lídio, o acordo era para que os manifestantes não subissem em direção à avenida Paulista, o que não foi cumprido. “Se não é para cumprir acordo, aguentem os resultados”, disse ao manifestantes.