ATÉ A MORTE ESTÁ DIFICIL!

TODOS PERDEM COM A CRISE Em ano de crise econômica, famílias cortam despesas com funerais e pedem jazigos emprestados aos amigos Quem organiza velório diz que classe média deixou de ostentar nos enterros de parentes para economizar renda; Prefeitura de São Paulo fatura menos com monopólio funerário Sérgio Ripardo, do R7 mais caixões inusitadosPara espantar a crise e elevar as vendas, setor funerário tenta ser criativo; empresa britânica lança caixão no formato do telefone inteligente iPhone... Em um ano de grana curta para pagar as contas, as famílias brasileiras cortaram suas despesas com funerais de parentes e jazigos nos cemitérios. Em São Paulo, maior metrópole do país, quem organiza velório nunca viu um pesadelo maior: os clientes deixaram de ostentar, pechincham preços, evitando exageros nos gastos com "supérfluos", como a encomenda de caixões luxuosos, diversos tipos de flores, limusine, maquiador de cadáveres e serviços de garçom. Os cofres públicos começam a refletir os tempos difíceis no setor. A prefeitura arrecada menos dinheiro com os serviços funerários. No primeiro semestre, a queda foi de 3%. Mas em julho, o município decidiu reajustar preços dos caixões, enfeites e taxa de sepultamento. Quem vai arrumar o túmulo da família para o Dia de Finados (2 de novembro) precisa calcular bem os custos. Neste ano, os gastos para manter jazigos limpos subiram acima da inflação em SP, sinal de preços exagerados. - Há famílias de classe média pedindo aos amigos jazigo emprestado com o plano de exumar o corpo do parente só depois de três anos e guardar os restos num ossário, conta a organizadora de velório Maria Aparecida, da empresa de assessoria de funeral Pax, no bairro nobre do Morumbi. Ela diz que, antes da crise na economia que bombou o risco de desemprego e o calote, a maioria dos clientes gastava cerca de R$ 8.000 com um funeral. Agora, a conta não passa de R$ 4.000. Também desabou a procura por "pacote top", que custa R$ 20 mil e inclui luxos como a escolha de 15 tipos de flores para decorar o velório. - No ano passado, cheguei a vender três pacotes da linha top, que é mais cara e sofisticada do mercado. Agora, já estamos em setembro e só saiu um único pacote no ano todo.