Lula comunica a Hélio Costa que vai apoiá-lo em MG
Presidente agendou para o dia 22 reunião com PMDB e PT
Sérgio Lima/Folha
Lula embarcou neste sábado (13) para o Oriente Médio. A viagem
começa por Israel, evolui pelos territórios palestinos e termina na
Jordânia.
O retorno a
Brasília está previsto para a próxima sexta (19). Estima-se que o
Aerolula pousará em Brasília no meio da madrugada, ao redor de 3h30.
Lula vai tirar o sábado e o domingo para
repousar. Na segunda (22), descerá ao front político com a disposição de
pacificar as relações entre PT e PMDB nos Estados.
Vai cuidar, primeiro, da encrenca que
considera mais espinhosa e prioritária: a de Minas Gerais, o segundo
maior colégio eleitoral do país.
Na manhã da última quarta (10), Lula recebeu para uma conversa
reservada o ministro Hélio Costa (Comunicações), do PMDB.
Senador licenciado, Hélio deseja comparecer às
urnas de Minas como candidato a governador. Tomado pelas pesquisas de
hoje, é favorito. Porém...
Porém, o próprio ministro reconhece, entre quatro paredes: sem o
PT, será candidato à derrota.
Precisa retirar de seu caminho os dois petistas que, como ele, se
declaram candidatos à sucessão do tucano Aécio Neves: Patrus Ananias e
Fernando Pimentel.
Mais do que
isso: Hélio precisa atrair o petismo mineiro para o seu palanque. Na
conversa de quarta, ganhou um aliado de peso.
Lula deixou claro que, no pano verde mineiro,
suas fichas serão puxadas para o lado do PMDB:
“Sua presença [nas pesquisas] é forte, está
muito bem. Merece e deve ser candidato. Conte comigo”, disse o
presidente ao ministro pemedebê.
De volta da viagem internacional, Lula se reunirá com os
presidentes do PMDB, Michel Temer; e do PT, José Eduardo Dutra.
Chamará para o encontro o preferido Hélio
Costa e o par de petistas que disputam com ele: Patrus, ministro do
Bolsa Família; e Pimentel, ex-prefeito de BH.
Será, no dizer de Lula, um encontro de
“definições”. Acha que se esgotou a fase do
deixa-como-está-para-ver-como-é-que-fica.
Aproxima-se o fatídico 3 de abril. Nesse dia, os
ministros-candidatos terão de trocar a Esplanada pelos palanques. Daí a
pressa.
No sonho do
PMDB, Hélio Costa seria candidato com um dos rivais –Patrus ou Pimentel-
na posição de vice.
No plano esboçado pela direção do PT, Patrus iria ao Senado.
Pimentel coordenaria a campanha de Dilma, com a promessa de ocupar um
ministério num eventual governo companheiro.
E quanto ao vice? O petismo deseja acomodar do
lado de Hélio Costa o deputado federal Virgílio Guimarães (PT-MG).
Resolvida a pendência de Minas, Lula vai
cuidar de outras encrencas. PMDB e PT se estranham em pelo menos mais
quatro Estados: BA, PA, MS e CE.
Metade dos problemas estará resolvida a partir da definição de
como vai funcionar a política de duplo palanque que se pretende adotar
nos Estados em que os sócios de Dilma Rousseff medirão forças.
Lula já absorveu como coisa definitiva a idéia
do convívio com os dois palanques. Mas o PMDB quer definir melhor as
coisas.
Lula pisará
nos dois palanques ou reservará a tarefa apenas para Dilma? Ambos
levarão a cara à propaganda televisiva ou só a candidata vai aparecer?
Em conversas com os negociadores do PMDB, o
ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) pronunciou a palavra
que será repetida a Lula: “Igualdade”.
Para o PMDB, o que for feito para um terá de ser repetido para o
outro.
Geddel
enfrentará na Bahia o projeto reeleitoral do petista Jaques Wagner,
velho amigo de Lula.
Nos seus diálogos privados, o ministro pemedebê resume assim o
drama: “Os acordos terão de ser políticos, não na base da amizade. Até
porque o pemedebista mais amigo de
Lula jamais será tão amigo quanto o menos amigo do PT”.
Daí a intenção do PMDB de arrancar de Lula um
rol de compromissos que promova a igualdade de armas entre os aliados de
conveniência e os amigos históricos.