Gaspari: ‘Para Lula, greve de fome sempre foi teatro’
Ricardo
Stuckert/PR
Num dos textos que recheiam sua coluna deste domingo (14), Elio Gaspari reforça o caráter pantomímico do lero-lero de Lula sobre os cubanos que “se deixam morrer” de greve de fome.
Num dos textos que recheiam sua coluna deste domingo (14), Elio Gaspari reforça o caráter pantomímico do lero-lero de Lula sobre os cubanos que “se deixam morrer” de greve de fome.
Na
semana passada, Lula comparou os dissidentes de Cuba à bandidagem comum
enjaulada em São Paulo.
Numa das
passagens de seu texto, o repórter conta que, no caso dos
sequestradores de Abílio Diniz, Lula ficou do lado dos bandidos.
Vai
abaixo o texto, encontrável também na Folha:
“Nosso Guia, ou Grande Mestre, como diz
a comissária Rousseff, comparou as razões dos dissidentes cubanos que
fazem greve de fome às dos delinquentes das prisões nacionais.
O
aspecto autoritário, intolerante e até mesmo servil da fala de Lula já
foi universalmente exposto, mas resta um detalhe: a natureza farsesca de
seu próprio recurso à greve de fome.
Em 1980,
quando penou 31 dias de cadeia que ajudaram-no a embolsar pelo Bolsa
Ditadura um capital capaz de gerar mais de R$ 1 milhão, Lula fez quatro
dias de greve de fome.
Apanhado
escondendo guloseimas, reclamou: 'Como esse cara é xiita! O que é que
tem guardarmos duas balinhas, companheiro?'
Em 1998, quando os sequestradores do empresário Abilio Diniz fizeram greve de fome na cadeia, Lula ligou para o presidente Fernando Henrique Cardoso e intercedeu por eles: 'Olha, Fernando, você vai levar para a tua biografia a morte desses caras'. (Dar o mesmo telefonema para Raúl Castro, nem pensar.)
Nesse mesmo ano, quando Lula sentiu-se massacrado pelas denúncias de intimidades imobiliárias com o empresário Roberto Teixeira, saiu em busca de apoios e disse que cogitava fazer uma greve de fome. Não fez, e tanto ele como Teixeira alimentam-se bem até hoje.
Recordar
é viver. Em plena ditadura, o presidente Ernesto Geisel foi confrontado
por uma greve de fome de 33 presos políticos da Ilha Grande que
reivindicavam transferência para o continente. Quando o jejum estava no
14º dia, Geisel capitulou: 'Ceder a uma greve de fome é duro, mas eu
prefiro ceder'."