MUTIRÃO CARCERÁRIO...TRT9

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O Tribunal Regional do Trabalho da Nona Região consolidou nesta terça-feira sua participação no Mutirão Carcerário, o esforço concentrado do Judiciário pra revisar os processos de dezenas de milhares de detentos em todo o Brasil. O presidente do TRT-PR, desembargador Ney José de Freitas, assinou o convênio do qual participam também a Justiça Estadual, a Justiça Federal e o governo do Paraná.

"Sabemos que, nos últimos 16 meses, 18.718 pessoas deixaram a prisão apenas em razão do Mutirão Carcerário", disse o desembargador Ney José de Freitas. A contemporaneidade, acrescentou, "exige de nosso País a estruturação de uma política de transformação social, que pense o Direito de modo sistêmico, que correlacione a questão carcerária aos Direitos Humanos, às relações familiares e de trabalho, à educação, à reeducação e à integração comunitária."

O presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, ministro Gilmar Mendes, disse, durante a cerimônia de assinatura do convênio, que o Mutirão Carcerário está se revelando "um curso de Brasil", durante o qual o Judiciário vem aprendendo que, além de um sistema prisional deficiente, o Brasil tem uma justiça criminal igualmente insatisfatória, como demonstram alguns absurdos identificados até o momento pelo Mutirão.

Os problemas principais, na visão do ministro, são a provisoriedade, a prescrição por falta de ação da Justiça e as práticas que acabam se instalando nesse vácuo do Judiciário, como a que ele presenciou no Piauí, "Estado onde as autoridades ainda resistem à ação do Mutirão Carcerário", por imaginarem que ela resultará em liberação de criminosos, com prejuízo para a segurança pública. No Piauí, contou Gilmar Mendes, existem os "processos de capa preta", que são um código da polícia para designar os casos em que o juiz deve se abster de agir. A autoridade policial, assim, exerce uma espécie de poder judiciário paralelo.

No Espírito Santo, relatou o presidente do Supremo e do CNJ, o Mutirão localizou um preso provisório que se encontrava nessa situação havia 11 anos. Imaginando ter identificado o maior dos horrores da Justiça brasileira, seus integrantes se surpreenderam ao descobrir, no Ceará, alguém que já tinha 14 anos de prisão provisória.

As pessoas estão ficando presas por furtar um xampu, ou um bambolê, ou uma fita de vídeo, criticou o ministro, diagnosticando que em grande número de ocasiões a Justiça tem se limitado a conceder prisões provisórias ou expedir os mandados de prisão solicitados, "sem a necessária reflexão", e por esse caminho vai se instalando a provisoriedade. No extremo oposto do problema, e em parte pelos mesmos motivos, muitos crimes acabam prescrevendo, inclusive "crimes do júri", crimes contra a vida, porque a Justiça não conseguiu, em tempo hábil, produzir uma sentença.