LULA E DILMA EM SOLENIDADE OFICIAL

PAULO MELO CORUJA NEWS...............

Em Pernambuco, Lula leva Dilma a solenidade oficial

Ricardo Stuckert/PR

Alheio às duas multas que lhe foram impostas pela Justiça Eleitoral, Lula exibirá Dilma Rousseff numa solenidade oficial, em Pernambuco.

Juntos, o cabo eleitoral e a candidata vão “batizar”, nesta sexta (7), o primeiro navio produzido no Estaleiro Atlântico Sul, assentado no porto de Suape.

À época em que Dilma ainda chefiava a Casa Civil, o Planalto encomendara à Advocacia-Geral da União um parecer.

No texto, informou-se que ministros que trocassem a Esplanada pelos palanques poderiam participar de eventos oficiais na fase de pré-campanha.

A despeito disso, em combinação com Lula, Dilma vinha evitando o cruzamento da agenda de campanha com atos governamentais.

A aparição desta sexta será a primeira exceção. Ocorre justamente no instante em que o rival José Serra ganha um palanque em Pernambuco.

Lula e Dilma desembarcaram em Recife, em vôos separados, na noite passada. Horas antes, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) anunciara que disputará o governo do Estado.

Informado da incursão, Jarbas cuidara de injetar no pronunciamento da “largada” uma referência ao estaleiro que servirá de palco para a fragata inimiga.

Disse que Pernambuco não foi descoberto em 2007, ano em que tomou posse o governador Eduardo Campos (PSB), proto-aliado de Lula.

Reconheceu que Lula “ajudou Pernambuco”. Mas disse que só pôde fazê-lo “porque a gente do meu governo fez o dever de casa”.

Ex-governador pernambucano por dois mandatos, Jarbas afirmou: “Arrumamos as finanças do Estado, investimos fortemente em Suape, em infraestrutura...”

“...Nada caiu do céu. Foi tudo fruto de trabalho e poder de articulação. O melhor exemplo disso é o Estaleiro Atlântico Sul...”

“...Assinei o contrato em agosto de 2004, já há quase seis anos. É verdade que Lula ordenou a retomada da indústria naval brasileira...”

“...Mas o estaleiro estava sendo disputado por dezenas de Estados. Foi atuação minha, da minha equipe, que permitiu trazer o estaleiro para Suape”.

Antes de chegar a Pernambuco, Lula passara pelo Pará. Ali, numa referência indireta a Jarbas, dissera que "o PMDB [pernambucano] é radicalmente contra o governo".

Jarbas vai à briga pelo governo estadual contra Eduardo Campos, candidato à reeleição. Tornou-se o provedor do principal palanque de Serra no Nordeste.

É nessa atmosfera envenenada que Lula leva a candidatura de Dilma para passear em Pernambuco. A oposição seguirá os passos da dupla com lupa.

Lula entregará um navio inacabado. É a primeira embarcação de um lote de 49. Encomenda da Transpetro, subsidiária da Petrobras.

Flutua no cais de Suape, à espera do presidente, uma carcaça. Para virar navio, faltam-lhe as instalações elétricas, os equipamentos eletrônicos, o motor e a caldeira.

Só deve ficar pronto em agosto. Um mês em que Dilma, com a candidatura já referendada na convenção de junho, estaria proibida de participar da pajelança naval.

Em sua passagem por Pernambuco, Lula terá outros compromissos. Fará a entrega simbólica de 624 moradias a famílias de baixa renda. Obra do PAC.

De resto, vai assinar, junto com Eduardo Campos, a ordem de serviço para a duplicação da BR-101, no trecho que liga Pernambuco a Alagoas.

Por precaução, Dilma se esquivará de acompanhar o ex-chefe nesse pedaço da agenda. Só vai ao lançamento do navio. Foi aconselhada a não escalar o palco de autoridades.

Nesta quinta (6), enquanto Jarbas anunciava a candidatura, o rival Eduardo Campos recobria Lula de elogios. Deu-se na inauguração de uma unidade da General Motors.

"Todos os investidores ficam estarrecidos com o crescimento das vendas quando chegam a Pernambuco”, discursou o governador.

“Isso não é milagre. Isso é obra dos brasileiros. É obra da continuidade de algumas políticas de antes do governo do presidente Lula e que ele teve a sabedoria e o equilíbrio de manter e ampliar...”

“...Como grande líder político que é, em oito anos teve a capacidade de colocar o Brasil na condição em que nós estamos hoje".

Longe dali, Jarbas também falava do visitante: “Fui governador no meu segundo mandato com Lula na presidência...”

“...Mantivemos uma relação cordial, mas sem adesismo. Fizemos parcerias administrativas que renderam frutos para nosso Estado”.

Antes, dissera: “Acredito que José Serra será o próximo presidente do Brasil. E não desejo que Pernambuco fique de fora dessa nova fase da história do país...”

“...Pernambuco avançou muito na última década. Mas nosso Estado, como disse Serra, pode fazer muito mais. Pode e não vem fazendo”.