Serra diz que, eleito, convidará PT e PV para equipe
José Serra, Dilma Rousseff e Marina Silva
participaram, nesta quinta (6), de algo muito parecido com um debate. O primeiro da
campanha de 2010.
Deu-se em Belo Horizonte, sob os auspícios da
Associação Mineira de Municípios. Ouviram-se frases provocativas e
reveladoras.
Marina criticou, com uma ponta de ironia, a
tática plebiscitária urdida por Lula para a sucessão de 2010.
Evocando o passado recente de petista, a presidenciável do PV
insinuou que a rivalidade que opõe PT e
PSDB não faz bem ao país:
"O PSDB tentou governar sozinho e acabou
ficando refém do que há de pior do DEM...”
“...Nós, do PT, tentamos governar sozinhos e acabamos ficando
reféns do que há de pior do PMDB".
À sua maneira, Serra deu
razão a Marina. Causou certa sensação ao dizer que, se eleito, vai governar com PT e PV:
"O Brasil vai precisar estar junto nos próximos anos. Hoje e
ontem a oposição sempre tem um comportamento que empurra o governo para
um lado que não devia".
No início da semana, em entrevista ao
humorístico CQC, Serra já havia declarado que governaria com o PMDB. Em
Minas, enalteceu o “PMDB histórico”.
Não mencionou nomes. Quem
olha para São Paulo fica com a impressão de que o candidato talvez se
refera a Orestes Quércia, seu apoiador.
Dilma falou pouco sobre o
futuro. Preferiu realçar o que foi feito sob Lula, seu cabo eleitoral.
Empilhou programas.
Por exemplo: PAC, saneamento, Bola Família,
Territórios de Cidadania... Enalteceu as parcerias firmadas entre
Brasília e as prefeituras.
Disse que, sob Lula, o governo jamais olhou
para a filiação partidária dos parceiros. Manteve com os
prefeitos "relações republicanas”, que
devem ser ampliadas.
Lero vai, lero vem, Dilma disse algo que não
soou bem à platéia de prefeitos.
Segundo ela, o governo
logrou atenuar a erosão nos cofres dos municípios ao gerir a crise que
sacudiu as finanças globais entre 2008 e 2009.
O auditório dividiu-se entre as palmas, tímidas, e as vaias, mais
sonoras. Os prefeitos queixam-se até hoje das perdas que sofreram.
Para contornar a crise, o governo reduziu ou zerou alíquotas de
tributos que, recolhidos pela União, são divididos com Estados e
municípios.
Diante da chiadeira, Lula liberou uma
compensação aos municípios. Coisa de R$ 2 bilhões. Os prefeitos
sustentam que foi insuficiente.
A intenção de Dilma era,
obviamente, a de agradar. Mas terminou cutucando um vespeiro. Antes
dela, Serra amargara um constrangimento.
Ao
chegar para o encontro, dera de cara com um protesto de professores. Livrara-se
da agressão física graças à proteção de seguranças.