Stédile: Com Serra, ‘Haverá tensão maior no campo’
Sérgio
Lima/FolhaFundador e ideólogo do MST, João Pedro Stédile condiciona o
futuro próximo do MST ao resultado da sucessão presidencial.
Ele falou à repórter Natuza
Nery. Na entrevista, previu
que, sob Dilma Rousseff, haverá um aumento do número de invasões de
terras.
Se o vitorioso for José
Serra, “o pior dos mundos”, acha que a violência no campo vai
recrudescer.
Ao esmiuçar seu raciocínio,
Stédile comparou Serra a um patrão opressor. E Dilma a uma companheira
dos sem terra.
"Um operário, diante de um
patrão reacionário, não se mobiliza”, disse o mandachuva do MST.
“Com Dilma, nossa base
social perceberá que vale a pena se mobilizar, que poderemos avançar,
fazendo mais ocupações e mais greves".
Acrescentou: "Se o Serra
ganhar, será a hegemonia total do agronegócio. Será o pior dos
mundos...”
“...Haverá mais repressão
e, por isso, tensão maior no campo...A vitória dele é a derrota dos
movimentos sociais".
Stédile faz ressalvas à
gestão petista: "Lula não fez reforma agrária, mas uma política de
assentamento. Metade dos números do governo é propaganda".
A despeito disso, o MST
prefere apoiar Dilma a associar-se a candidaturas como a de Plínio de
Arruda Sampaio (PSOL), mais comprometido com a causa agrária.
Ao explicar a opção,
Stédile recorre a uma metáfora futebolística:
"É como se você percebesse
que seu time pode cair pra segunda divisão e faz o que for possível para
vencer o campeonato".
Para o MST, a permanência
na “primeira divisão” é vital. O grosso do sustento do movimento é
extraído das arcas da Viúva.
No gogó, Dilma diz ser
contra a invasão de terras. Mas não parece disposta a interromper o duto
que liga o MST ao Tesouro.
Serra tende a mimetizar FHC
que, na metade do segundo mandato, tratou o MST a pão e água.
Aliado de Serra, PPS acha o Bolsa Família ‘eleitoreiro’
Bruno
Miranda/FolhaRoberto Freire, presidente do PPS, enxerga o Bolsa Família com
olhos bem mais críticos que os de José Serra, o presidenciável apoiado
por seu partido.
Serra inclui o Bolsa
Família no rol dos “bons programas” da gestão Lula. Uma iniciativa que
promete “manter e ampliar”.
Para Freire, trata-se de
iniciativa de caráter “assistencialista e eleitoreiro”. Só vê utilidade
para o programa em “situações emergenciais”.
A posição de Freire,
explicitada num lote de mensagens levadas ao micro-blog na madrugada
desta sexta (9), chega em momento delicado.
Em reação ao veneno do PT,
que insinua que o tucanato planeja enterrar o Bolsa Família, Serra caba
de servir uma superdose de antídoto.
Há dois dias, o candidato
do PSDB disse que, se eleito, vai dobrar os
investimentos no Bolsa Família, um dos mais vistosos pilares da campanha
da rival Dilma Rousseff.
Nesta quinta (8), de
passagem pelo interior de São Paulo, Dilma atribuiu às palavras de Serra
um objetivo meramente eleitoral.
“Não se pode admitir que
haja colocações que visivelmente têm sua repercussão e sua origem
marcada pela campanha eleitoral", disse ela.