Protógenes é carregado até a Câmara por uma piada
Fotos:Divulgação e Alan Marques
De onde vêm as anedotas? Por trás da interrogação esconde-se um dos maiores e mais inquietantes mistérios da vida.
De onde vêm as anedotas? Por trás da interrogação esconde-se um dos maiores e mais inquietantes mistérios da vida.
A ciência ainda não se ocupou do enigma da criação das anedotas porque tem medo do desafio que se esconde atrás do tema.
Repare: ninguém conhece o autor de uma piada. Quem difunde uma anedota a ouviu de outro, que a ouviu de um terceiro, que não se lembra quem contou.
Na falta de explicação plausível, não resta senão supor que a piada, assim como a matéria, resulta de um processo de geração espontânea.
Pois bem. O mundo ainda não sabe de onde a anedota vem. Mas o fenômeno Tiririca revela: ela pode chegar a lugares inimagináveis.
Pior, quando eleita por 1,3 milhões de votantes, a piada carrega para o Congresso anedotas-satélites.
Deve-se o fenômeno a uma encrenca chamada quociente eleitoral. Funciona assim: o eleitor vota em quem bem entende...
...Contados os votos, chega-se a um quociente eleitoral. Munida desse quociente, a Justiça Eleitoral vai à máquina de calcular.
Calcula-se, então, o número de votos exigido para que o partido ou coligação receba cada uma das 513 cadeiras da Câmara.
Assim, um campeão de votos elege-se sozinho. Mas ajuda a compor o quociente que içará à Câmara candidatos com votações mixuricas.
No caso concreto: quem votou na piada Tiririca mandou para a Câmara três deputados aos quais as urnas reservaram votações risíveis.
Entre eles o delegado afastado da Polícia Federal Protógenes Queiroz (PC do B), que amealhou escassos 94,9 mil votos.
Ainda pelo meio, a anedota tem final incerto. Tiririca terá de provar, nos próximos dias, que sabe ler e esrever. Do contrário, perde o mandato.
Protógenes e os outros dois beneficiários –Otoniel Lima (PRB) e Vanderlei Siraque (PT)— dependem do grau de alfabetização da piada.
Dito de outro modo: o xerife da Satiagraha deve o mandato a uma anedota que, por ora, tem aparência de ilegalidade.
O que era motivo de riso tornou-se coisa séria.