Cesar Machado/Valepress
Diante das dificuldades, o Cascavel– do técnico José Guedes – decidiu contratar apenas um “time titular”. O restante veio das categorias de base
Paranaense Diante das dificuldades, o Cascavel– do técnico José Guedes – decidiu contratar apenas um “time titular”. O restante veio das categorias de base
Burocracia força clubes a jogarem no vermelho
Taxas para montar time, colocá-lo em campo e organizar as partidas leva equipes a contabilizarem, desde já, prejuízo médio por rodada
Marcio Reinecken
Quanto custa para colocar um time em campo no Campeonato Paranaense? A Gazeta do Povo resolveu colocar as contas no papel e, com auxílio dos clubes, chegou ao resultado alarmante: é caro. Os gastos vão desde pequenas taxas de R$ 60 até valores de R$ 200 mil. Dinheiro para registrar atleta aqui, lá, no Rio de Janeiro. Pagamentos que vão do bilheteiro ao camisa 10.
Para começar, só para liberar o estádio na Federação Paranaense de Futebol é preciso desembolsar R$ 4 mil. Mas de que adianta um gramado sem time para atuar? Ou sem árbitro para apitar o jogo? Tesoureiro da FPF, delegado, quarto-árbitro... E por aí vai...
A viabilidade do Estadual para os clubes paranaenses depende do desempenho em campo. Na visão do idealizador da edição 2011, Amilton Stival, vice da FPF, uma campanha boa leva a torcida a campo e faz com que as reclamações acabem. “Se o Paraná vai bem, aumenta sua média de público para 8 mil, por exemplo. No Operário, falta lugar no estádio”, diz o dirigente que, por esse motivo, colocou na fórmula da competição que os clubes zerarão a pontuação na virada do turno.
Stival não vê grande influência das taxas da federação no bolso das equipes. O problema, para ele, sempre serão os salários. “As taxas não correspondem a 1% dos gastos dos times. Faz três anos que não são reajustadas.”
Na tabela de cobranças da FPF, há desde cobranças de R$ 60, para registro de jogadores juniores, a R$ 200 mil, para mudança do clube de município. O mais oneroso, contudo, são a arbitragem (R$ 2,5 mil para arbitro Fifa, R$ 1,5 mil para CBF), tesoureiros e delegados da entidade (R$ 400), gastos constantes em todas as partidas como mandante. Coloque-se aí também R$ 350 de diárias. “Em outros estados isso é muito mais caro”, justifica Stival. A Federação também fica com R$ 10% da renda em todas as partidas.
Uma ilustração desse panorama é o time do Cascavel. Depois de amargar prejuízos no ano passado – principalmente por causa do supermando, abolido para esta edição do Estadual, o presidente do clube mudou a estratégia administrativa e contratou apenas o time titular. O restante do elenco veio dos juniores. Só em registros de atletas Ney Victor economizou cerca de R$ 15 mil.
Ao invés de pagar R$ 1,6 mil para contratar cada jogador que atua em outros estados (R$ 500 para cada federação envolvida – em média R$ 400 para a CBF e R$ 200 de registro), com 10 juniores alçados ao profissional o desembolso foi de perto de R$ 1 mil.
“Aprendemos com o ano passado. Em 2010 contratamos todo o elenco de fora, mas só jogaram uns 13, 14. O resto ficou no banco, só recebendo”, conta Victor, que não reclama das taxas da FPF. “Até que são acessíveis. O problema mesmo são os salários.”
Pela filosofia implantada neste ano, a Serpente terá um dos orçamentos mais enxutos da competição. Mesmo assim, estima gastar mais de R$ 120 mil mensais com todas as despesas do clube.
Em uma conta rápida, divide-se a folha mensal pela média de oito rodadas mensais do campeonato. No caso do time do Oeste, R$ 12,5 mil. Somam-se as taxas de transferência do grupo: por volta de R$ 10 mil com os profissionais e R$ 1 mil para “reversão de categorias” da piazada. O Cascavel, apenas para entrar em campo na estreia, terá gasto cerca de R$ 25 mil. Se atuasse em casa na estreia, o custo seria acrescido de mais uns R$ 10 mil para manutenção e pagamento de arbitragem, entre outros.
“Por isso temos de ir bem na largada. Se vencer a primeira, chama a torcida. Agora, se perder, só vão aparecer os curiosos [na segunda rodada]”, diz Ney Victor.
Em uma competição deficitária, apenas dois fatores podem combater o prejuízo: a presença do torcedor e a venda de jogadores. Sucesso no primeiro caso é o que espera o Operário. Só com o estádio cheio o time de Ponta Grossa conseguirá equilibrar o balancete financeiro.
“Aqui a situação é um pouco diferente. Temos uma cobrança muito grande do torcedor. Então não podemos entrar apenas para participar. Temos de disputar as primeiras colocações, vaga na Copa do Brasil. E isso custa quase R$ 200 mil mensais”, afirma Ademílson Oliveira da Silva, o Tico, diretor de futebol do Fantasma.
Situação oposta é a do Corinthians Paranaense. Nos anos anteriores, chegou a comemorar o supermando por atuar fora de casa. Na época, Joel Malucelli, o mandatário do clube, calculou uma economia de R$ 2,5 mil por partida. Agora, voltará a conviver com os déficits.
“Para um time que não tem bilheteria como o nosso, pode chegar a R$ 9, 10 mil o prejuízo por partida. Você tem de pagar o árbitro, o tesoureiro, o delegado, o bilheteiro. Para manter o time, tem de conseguir patrocínio e vender ao menos um atleta por ano”, diz Joel, que em 2009 negociou 50% dos direitos econômicos de Jucilei ao Timão por R$ 2 milhões e ainda tem o mesmo porcentual para lucrar em uma futura venda (o jogador está avaliado em cerca de 8 milhões de euros).
“Não vale a pena [participar do Paranaense]. Mas nas Séries C e D do Brasileiro é ainda pior”, conclui o dirigente, opinando sobre o drama que também é vivido por todas as equipes do interior.
Para começar, só para liberar o estádio na Federação Paranaense de Futebol é preciso desembolsar R$ 4 mil. Mas de que adianta um gramado sem time para atuar? Ou sem árbitro para apitar o jogo? Tesoureiro da FPF, delegado, quarto-árbitro... E por aí vai...
Federação
Para dirigente, time vencedor sairá no lucroA viabilidade do Estadual para os clubes paranaenses depende do desempenho em campo. Na visão do idealizador da edição 2011, Amilton Stival, vice da FPF, uma campanha boa leva a torcida a campo e faz com que as reclamações acabem. “Se o Paraná vai bem, aumenta sua média de público para 8 mil, por exemplo. No Operário, falta lugar no estádio”, diz o dirigente que, por esse motivo, colocou na fórmula da competição que os clubes zerarão a pontuação na virada do turno.
Stival não vê grande influência das taxas da federação no bolso das equipes. O problema, para ele, sempre serão os salários. “As taxas não correspondem a 1% dos gastos dos times. Faz três anos que não são reajustadas.”
Na tabela de cobranças da FPF, há desde cobranças de R$ 60, para registro de jogadores juniores, a R$ 200 mil, para mudança do clube de município. O mais oneroso, contudo, são a arbitragem (R$ 2,5 mil para arbitro Fifa, R$ 1,5 mil para CBF), tesoureiros e delegados da entidade (R$ 400), gastos constantes em todas as partidas como mandante. Coloque-se aí também R$ 350 de diárias. “Em outros estados isso é muito mais caro”, justifica Stival. A Federação também fica com R$ 10% da renda em todas as partidas.
Ao invés de pagar R$ 1,6 mil para contratar cada jogador que atua em outros estados (R$ 500 para cada federação envolvida – em média R$ 400 para a CBF e R$ 200 de registro), com 10 juniores alçados ao profissional o desembolso foi de perto de R$ 1 mil.
“Aprendemos com o ano passado. Em 2010 contratamos todo o elenco de fora, mas só jogaram uns 13, 14. O resto ficou no banco, só recebendo”, conta Victor, que não reclama das taxas da FPF. “Até que são acessíveis. O problema mesmo são os salários.”
Pela filosofia implantada neste ano, a Serpente terá um dos orçamentos mais enxutos da competição. Mesmo assim, estima gastar mais de R$ 120 mil mensais com todas as despesas do clube.
Em uma conta rápida, divide-se a folha mensal pela média de oito rodadas mensais do campeonato. No caso do time do Oeste, R$ 12,5 mil. Somam-se as taxas de transferência do grupo: por volta de R$ 10 mil com os profissionais e R$ 1 mil para “reversão de categorias” da piazada. O Cascavel, apenas para entrar em campo na estreia, terá gasto cerca de R$ 25 mil. Se atuasse em casa na estreia, o custo seria acrescido de mais uns R$ 10 mil para manutenção e pagamento de arbitragem, entre outros.
“Por isso temos de ir bem na largada. Se vencer a primeira, chama a torcida. Agora, se perder, só vão aparecer os curiosos [na segunda rodada]”, diz Ney Victor.
Em uma competição deficitária, apenas dois fatores podem combater o prejuízo: a presença do torcedor e a venda de jogadores. Sucesso no primeiro caso é o que espera o Operário. Só com o estádio cheio o time de Ponta Grossa conseguirá equilibrar o balancete financeiro.
“Aqui a situação é um pouco diferente. Temos uma cobrança muito grande do torcedor. Então não podemos entrar apenas para participar. Temos de disputar as primeiras colocações, vaga na Copa do Brasil. E isso custa quase R$ 200 mil mensais”, afirma Ademílson Oliveira da Silva, o Tico, diretor de futebol do Fantasma.
Situação oposta é a do Corinthians Paranaense. Nos anos anteriores, chegou a comemorar o supermando por atuar fora de casa. Na época, Joel Malucelli, o mandatário do clube, calculou uma economia de R$ 2,5 mil por partida. Agora, voltará a conviver com os déficits.
“Para um time que não tem bilheteria como o nosso, pode chegar a R$ 9, 10 mil o prejuízo por partida. Você tem de pagar o árbitro, o tesoureiro, o delegado, o bilheteiro. Para manter o time, tem de conseguir patrocínio e vender ao menos um atleta por ano”, diz Joel, que em 2009 negociou 50% dos direitos econômicos de Jucilei ao Timão por R$ 2 milhões e ainda tem o mesmo porcentual para lucrar em uma futura venda (o jogador está avaliado em cerca de 8 milhões de euros).
“Não vale a pena [participar do Paranaense]. Mas nas Séries C e D do Brasileiro é ainda pior”, conclui o dirigente, opinando sobre o drama que também é vivido por todas as equipes do interior.