Beira de estrada de Itaipava vira acampamento de desabrigados no RJ
Muitos dormiram ao relento, embaixo de chuva e no meio da lama.
Mãe agradece a Deus por salvar filho de 1 ano.
Após perder a casam Kelly Couto tem dormido ao
relento com o filho de 1 ano (Foto: Aluízio Freire / G1)
Muitos moradores de Itaipava, em Petrópolis, na Região Serrada do Rio, que tiveram suas casas invadidas pela água da chuva passaram a noite ao relento, dormindo na rua, embaixo de chuva. A beira da estrada que o distrito a Teresópolis serviu de acampamento para esses desabrigados, entre eles, mulheres, idosos e crianças, que dormiram no canto da rua coberta de lama.relento com o filho de 1 ano (Foto: Aluízio Freire / G1)
Uma dessas vítimas da tragédia é Kelly do Couto, 22 anos, que trabalha como atendente de uma padaria e recebe R$ 400 por mês. Suja de lama e com muita fome – em dois dias comeu apenas um prato de macarrão oferecido por uma igreja -, ainda assim ela agradecia a Deus por ter conseguido salvar o filho David, de apenas um ano. Ela levou a criança para a casa de uma família, que ofereceu abrigo para o menino.
“Foi um milagre ter conseguido sair a tempo. A água começou a invadir a casa e logo alagou. O rio passa aqui perto e veio aquela explosão que derrubou paredes e tetos de muitas casas. Meu filho sofre de bronquite e está com muita febre, mas está salvo”, disse, sem esconder a emoção.
Papelão e restos de móveis servem de abrigo
improvisado em estrada de Petrópolis
(Foto: Aluizio Freire/G1)
'Perdi tudo, agora estou na rua', diz moradorimprovisado em estrada de Petrópolis
(Foto: Aluizio Freire/G1)
Outra que passou a noite dormindo em uma barraca improvisada na beira da estrada , no bairro Benfica, foi Jorgete Custódio, 42, que também conseguiu sair da casa com a filha, de 21, antes do desabamento.
“A força da água e a lama foram destruindo tudo dentro da minha casa. Quando olhei para trás e vi o estrago chorei muito. Não tinha mais nada. Em poucos minutos perdi tudo e agora estou aqui na rua”, lamentava.
A técnica de enfermagem Vera Lúcia Costa, 49, lembra que, por pouco, não aconteceu uma tragédia maior, com a morte de três crianças que estavam trancadas em casa.
Jorgete deixou a casa da filha antes do
desabamento em Petrópolis (Foto: Aluizio Freire/G1)
“Gabriel, de 3 anos, Pedro, de 1, e Eduarda de 5, conseguiram sair com a ajuda dos vizinhos, que colocaram um pedaço de pau para que eles saíssem pela janela do segundo andar da casa. Foi um desespero”, conta.desabamento em Petrópolis (Foto: Aluizio Freire/G1)
Os desabrigados da beira da estrada contam com a ajuda de motoristas, que param para distribuir água ou algum alimento. “O pessoal que está recolhendo doações passam aqui direto, não deixam nada pra gente. Dizem que a prioridade é o pessoal lá do Vale do Cuiabá, onde a situação é mais grave. Mas nós também somos vítima dessa tragédia, ou não?”, questiona Vera.