Protestos no Oriente Médio: país por país
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Policiais imobilizam manifestante em Argel, capital argelina
Marrocos
O principal grupo de oposição do Marrocos afirmou que a 'autocracia' será varrida do país, se reformas econômicas profundas não forem implementadas.
O país enfrenta vários problemas econômicos. O governo anunciou um aumento nos subsídios do Estado para tentar conter o aumento no preço das commodities.
No começo do ano, a reputação do Marrocos foi atingida quando o site Wikileaks revelou documentos com acusações de corrupção na família real e entre pessoas próximas ao rei Mohammed 6º.
O rei diz que a luta contra a pobreza no país é uma prioridade, o que lhe valeu o epíteto de 'guardião dos pobres'. A liberalização da economia atraiu investimentos estrangeiros, e as autoridades afirmam que estão realizando melhorias em favelas e áreas rurais do país.
Mas organizações não-governamentais dizem que pouco mudou, que a pobreza e o desemprego ainda são grandes no país. O Marrocos vem sendo atingido por greves, nos setores público e privado.
O Marrocos, como Egito e Argélia, dá pouco espaço para a liberdade de expressão e até agora tem sido capaz de conter protestos maiores. Assim como a Jordânia, o país é uma monarquia, que tem apoio de grandes setores da população.
Argélia
Protestos esporádicos vêm acontecendo no país desde o começo de janeiro, com manifestantes pedindo a renúncia do presidente Abdelaziz Bouteflika.
Grupos de manifestantes se uniram em seu movimento contra o governo, incluindo pequenos sindicatos e partidos políticos menores.
O gatilho para os protestos parece ter sido principalmente econômico - em particular o aumento acentuado no preço dos alimentos.
No começo de fevereiro o presidente Bouteflika prometeu suspender o estado de emergência - em vigor no país desde 1992 - em um 'futuro próximo', mas ainda não o fez.
O governo da Argélia conta com riqueza considerável vinda de suas exportações de petróleo e gás, e tenta responder a reclamações econômicas e sociais com um grande programa de gastos públicos.
Tunísia
Protestos continuam na Tunísia apesar da decisão do presidente Zine al-Abidine Ben Ali de renunciar em janeiro.
Ele deixou o país após semanas de manifestações e choques entre manifestantes e a polícia.
O gatilho foi o ato desesperado de um jovem desempregado, no dia 17 de dezembro. Mohamed Bouazizi ateou fogo ao próprio corpo, quando autoridades de sua cidade impediram-no de vender legumes nas ruas de Sidi Bouzid sem permissão.
O gesto detonou protestos que se espalharam pelo país. A resposta violenta das autoridades - com a polícia abrindo fogo contra manifestantes - parece ter exacerbado a ira da população e fomentado novos protestos, que terminaram levando à derrocada do presidente.
O presidente do Parlamento, Foued Mebazaa, foi empossado como presidente interino, e pediu ao premiê Mohammed Ghannouchi, chefe do governo desde 1999, para formar uma coalizão nacional. O premiê também prometeu abandonar o poder após eleições, que deverão ser realizadas dentro de seis meses.
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Imagens de celular mostram manifestações em Benghazi, na Líbia
Líbia
Choques entre manifestantes e forças de segurança da Líbia sacudiram a cidade de Benghazi. Milhares saíram às ruas do local, e ativistas acamparam na cidade de Al-Bayda, segundo testemunhas.
Ao menos 24 pessoas morreram nos protestos antigoverno na Líbia nos últimos dias, afirmaram ativistas de defesa dos direitos humanos.
Manifestações são proibidas na Líbia, mas os protestos recentes foram deflagrados pela prisão de um advogado que é um crítico ativo do governo do coronel Muamar Khadafi.
Khadafi é o líder há mais tempo no poder na África e no Oriente Médio, e também o mais autocrático.
Jordânia
Milhares de jorndanianos saíram às ruas ao longo das últimas cinco semanas, pedindo melhores perspectivas de emprego e redução nos preços de alimentos e combustível.
Em resposta, o rei Abdullah 2º demitiu o primeiro-ministro Samir Rifai, acusando-o de promover reformas lentas. Marouf al-Bakhit, ex-general do Exército e embaixador do país em Israel, foi nomeado em seu lugar.
Um novo gabinete com 26 integrantes foi empossado no dia 10 de fevereiro.
O Reino Hachemita da Jordânia é um país pequeno, com poucos recursos naturais, mas desempenha um papel crucial na luta por poder no Oriente Médio.
A morte do rei Hussein, que governou por 46 anos, deixou a Jordânia na briga pela sobreviência econômica e social, assim como pela paz regional.
Seu filho, Abdullah, que o sucedeu no trono, enfrenta o desafio de manter a estabilidade e atender a demandas por reforma.
Um plano para mudanças políticas, econômicas e sociais de longo prazo - conhecido como Agenda Nacional - ainda não foi implementado.
Egito
Centenas de milhares de pessoas se reuniram no Cairo no dia 18 de fevereiro para marcar uma semana da queda do presidente Hosni Mubarak
O líder de 82 anos renunciou no dia 11 de fevereiro, após 18 dias de protestos. Ele estava no poder desde 1981.
O Egito há muito vinha sendo um centro de estabilidade em uma região volátil, mas isso mascarava problemas, que vieram à tona nas demandas de manifestações populares contra o governo de 30 anos de Mubarak, no dia 25 de janeiro.
Os principais gatilhos foram pobreza, inflação, exclusão social, raiva contra a corrupção e o enriquecimento da elite política do país.
Com Mubarak fora do jogo, as Forças Armadas do país assumiram o poder através de um Conselho Militar, que governará pelos próximos seis meses, até que eleições sejam realizadas.
O grupo islamista conservador Irmandade Muçulmana tem chances de ter um bom desempenho em quaisquer eleições livres e justas, mas temores de que o timão político no Egito se volte para o lado do conservadorismo islâmico é a principal fonte de preocupação do Ocidente e de Israel.
Síria
O presidente Bashar al-Assad prometeu promover reformas políticas após herdar o poder de seu pai, Hafez, em 2000, após três décadas de um regime autoritário.
Leis de emergência vigoram no país desde 1963. Após a morte de Hafez al-Assad, a Síria sofreu um certo grau de distensão. Centenas de presos políticos foram libertados. Não ocorreram, entretanto, mudanças como o aumento das liberdades políticas ou mudanças na economia fortemente dominada pelo Estado.
Irã
O governo iraniano convocou uma manifestação para a sexta-feira 18 de fevereiro para manifestar seu repúdio à oposição do país.
O chamado se seguiu a manifestações organizadas pelas duas principais figuras de oposição ao governo em apoio a protestos em países vizinhos. O protesto rapidamente se transformou em uma manifestação antigoverno, que deixou dois mortos e vários feridos.
O sistema político complexo e incomum do Irã combina elementos de uma teocracia islâmica com democracia.
Uma rede de instituições não sujeitas a voto popular e controladas pelo altamente poderoso Líder Supremo do país tem como contrapartida um presidente e um Parlamento eleitos pelo povo.
O presidente Mahmoud Ahmadinejad, eleito em 2005, é um adepto da linha-dura, que prometeu reprimir qualquer protesto contra o regime.
Ele acusou manifestantes de querer 'manchar o brilhantismo nacional iraniano'.
Bahrein
Forças de segurança no Bahrein dispersaram milhares de manifestantes antigoverno na Praça Pérola, no centro da capital, Manama.
Centenas de policiais antichoque usaram bombas de gás lacrimogêneo e cassetetes contra manifestantes na madrugada de quinta-feira.
Ao menos três pessoas morreram na ação, com 303 feridos.
O Bahrein é vulnerável a protestos devido ao descontentamento entre a maioria da população xiita contra a dinastia governante, que é sunita.
Os Al-Khalifas governam o país desde o século 18.
Os manifestantes reclamam de dificuldades econômicas, falta de liberdade política e discriminação em empregos a favor dos sunitas.
Desde que chegou ao poder em 1999, o rei Hamad bin Issa Al Khalifa tenta promover reformas políticas e econômicas para melhorar as relações com a comunidade xiita.
O país, que é um hub bancário, de comércio e financeiro regional, tornou-se uma monarquia constitucional em 2002.
Arábia Saudita
Um dos países mais insulares e pios do Oriente Médio, a Arábia Saudita deixou de ser um reino desértico e pobre para tornar-se uma das nações mais ricas da região, graças a seus vastos recursos petrolíferos.
Mas seus governantes enfrentam a tarefa delicada de responder a pressões por reforma e, ao mesmo tempo, combater o problema crescente da violência extremista islâmica. A família real saudita sempre tentou preservar a estabilidade na região e reprimir extremistas islâmicos. Movimentos de oposição são proibidos no país.
Regionalmente, o país é importante, com o rei Abullah Bin-Abd-al-Aziz Al Saud visto no mundo árabe como um defensor dos interesses árabes.
Foi para a Arábia Saudita que o líder deposto da Tunísia, Zine al-Abidine Ben Ali, fugiu em janeiro.
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Manifestantes em Sanaa, capital do Iêmen

Iêmen

Após dias de protestos, o presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, anunciou, no dia 2 de fevereiro, que não concorreria a outro mandato, após três décadas no poder.
Ele também disse ao Parlamento que não passaria o poder a seu filho, afirmando: 'Nenhuma extensão, nenhuma herança, nenhum cronômetro zerado'.
Mas os protestos continuam, com pessoas saindo às ruas nas cidades de Sanaa, Aden e Taiz.
Manifestantes antigoverno pedindo reformas políticas entraram em choque com grupos leais ao governo, e a polícia foi enviada para reprimir manifestações.
O Iêmen é o país mais pobre do mundo árabe, onde quase metade da população vive com menos de US$2 por dia.
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