JUIZ CANTA MULHER NO TRIBUNAL EM PORTO ALEGRE E E EZONERADO

PAULO MELO CORUJA NEWS

Se eu não fosse do tribunal, cantada seria normal, diz ex-juiz

Por fazer "elogio impróprio" a uma mulher, Marcelo Mezzomo se tornou o primeiro magistrado a perder o cargo no Rio Grande do Sul.

Daniel Cassol, iG Rio Grande do Sul

Marcelo Mezzomo é o primeiro juiz demitido pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Ele perdeu o emprego por conta de uma decisão dos desembargadores do TJ-RS no último dia 7. A razão foi a “conduta imprópria” do juiz ao ter assediado uma jovem funcionária de uma lanchonete na cidade de Três Passos, em maio de 2010. O caso foi revelado pelos familiares do marido da jovem.
Outras pessoas, na mesma situação, levariam a situação até o Supremo Tribunal Federal (STF). Mezzomo, não. Ele diz que não vai recorrer da demissão porque já não queria mais ser juiz. Ele afirma que o  Judiciário se tornou um fardo que o impedia de desenvolver seu potencial - atualmente, ele trabalha num livro de ficção científica.

Foto: Divulgação 
Marcelo Colombelli Mezzomo, demitido por conduta imprópria do tribunal gaúcho: "Cada um tem seus limites"

Porém, o ex-juiz não consegue disfarçar a mágoa com a demissão, que ele classifica como injusta. Para ele, a cantada não teve nada de mais. “Fosse qualquer outra pessoa, nada teria de anormal", afirma. “Não matei, não roubei, não prevariquei e não fui desonesto em nenhum momento”, conclui.
Não foi a primeira vez que Mezzomo foi alvo de críticas e descontentamento no tribunal. Ele já barrou processos baseados na Lei Maria da Penha, que pune agressões domésticas, e enfrentava outros processos administrativos dentro do TJ-RS, um deles motivado por um acidente de trânsito.
Leia abaixo a entrevista, na íntegra. Ela foi feita por e-mail, a pedido de Mezzomo.
IG - Em entrevista ao jornal Zero Hora deste domingo, o senhor diz que não se importou com a decisão do Tribunal de Justiça. Por quê?
Marcelo Mezzomo - Conforme referi na entrevista, e ressalto que somente fui procurado, até o dia 10 de fevereiro, por dois veículos de comunicação para falar sobre o caso, quando era muito fácil me contactar, até através da internet, já tencionava deixar o Judiciário bem antes.No dia 7 de dezembro de 2010,  já havia encaminhado pedido de exoneração do cargo, a qual não me foi concedida. Assim sendo, a decisão trouxe-me exatamente aquilo que eu queria, ou seja, deixar o Judiciário o mais rápido possível. Não contratei advogado e, a certa altura, deixei de me manifestar no processo, exatamente porque não queria permanecer no cargo.
Inclusive, em dois e-mails remetidos à Secretaria do Tribunal Pleno, o último por ocasião da ciência de que o processo seria julgado no dia 7 de fevereiro, eu mesmo solicitei que fosse acatada a proposta de penalidade, que era a exoneração. Conforme disse e repito, importa-me o julgamento dos que me importam, não dos demais. Vivi antes do cargo e continuarei a viver após ele, pois é exatamente só um cargo público, como qualquer outro da estrutura do Estado. Minha vida nunca se resumiu a ele.