UMA SEMANA DE PROTESTOS NA LÍBIA..RELATO DE 233 MORTOS

PAULO MELO CORUJA NEWS

Protestos e violência na Líbia começaram há uma semana

Manifestantes querem fim do regime de Kadhafi, há 42 anos no poder.
Entidades de direitos humanos calculam que pode haver até 400 mortos.

Da France Presse
O regime do coronel Muammar Kadhafi, há mais de 40 anos no poder, enfrentava protestos de magnitude sem precedentes nesta segunda-feira (21), e várias cidades líbias caíram em poder dos manifestantes.
Seguem os principais acontecimentos registrados durante a última semana:
15/16 de fevereiro: a polícia dispersa manifestação contra o governo em Benghazi, a segunda cidade do país e baluarte dos opositores ao regime, a 1.000 km a leste de Trípoli. Pelo menos 38 pessoas ficam feridas.
17: seis pessoas morrem em confrontos em Benghazi e duas em Al-Baida.
Moradores sobre tanque com a bandeira nacional pré-Kadhafi, nesta segunda-feira (21), na cidade líbia de Benghazi. (Foto: AP)Moradores sobre tanque com a bandeira nacional pré-Kadhafi, nesta segunda-feira (21), na cidade líbia de Benghazi. (Foto: AP)
18: Mais de 40 mortos nos enfrentamentos, no leste do país, sobretudo em Benghazi. Em Al-Baida, dois policiais que tentam dispersar manifestação são capturados por manifestantes e enforcados.
Desde quarta-feira são realizados comícios e passeatas a favor do regime, na capital. O coronel Kadhafi aparece rapidamente em meio à multidão à noite.
A rede de socialização Facebook já não é acessível e as conexões à internet sofrem fortes perturbações.
19: Em Benghazi, pelo menos 12 pessoas perdem a vida, quando o exército tenta dispersar com balas reais os manifestantes que atacavam um quartel.
20: os protestos parecem transformar-se em insurreição no leste do país. Em Benghazi, morrem 60 pessoas.
As autoridades anunciam a detenção de dezenas de cidadãos árabes pertencentes a uma rede encarregada de desestabilizar o país.
As sedes de un canal de televisão e de uma rádio públicas são saqueadas por manifestantes, e incendiados vários postos policiais e locais de reunião dos comitês revolucionários.
Como todos os dias da semana, os partidários do regime desfilam pela capital. À noite, foram registrados confrontos na Praça Verde.
Durante discurso transmitido pela televisão, Saif al Islam, filho do coronel Kadhafi, reconhece que o país está à beira da guerra civil e adverte para o risco de um massacre.
De acordo com Al Islam, a Líbia é alvo de uma conspiração de elementos líbios e estrangeiros, para destruir a unidade do país e instaurar uma república islamita.
21: Human Rights Watch (HRW) assinala mais de 233 mortos e a Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH), entre 300 e 400 mortos.
O ministro da Justiça Mustapha Abdel Jalil renuncia "para protestar contra o uso desmedido da força" contra os manifestantes.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, disse ao dirigente líbio, em telefonema, que a violência contra os manifestantes deve "cessar de imediato".
A UE e a Otan "condenam" a repressão e pedem o fim "imediato" da violência. O Brasil e diversos outros países repudiaram a violência contra manifestantes desarmados.
Muitas empresas estrangeiras, como as franceses Total e Vinci e a italiana ENI, anunciam a retirada de seus empregados.
Os Estados Unidos ordenam a repatriação de seu pessoal diplomático "não essencial".
Saif al Islam anuncia a criação de uma comissão de investigação sobre a violência.