MÉDICOS OPERAM CRÂNIO COM FURADEIRA DE OBRA..PB

PAULO MELO CORUJA NEWS
BLOG DO JOSIAS

Na PB, médicos operam crânio com furadeira de obra

Dilma Rousseff falou sobre medicina em seu programa radiofônico desta segunda (5). Disse que os médicos recém-formados precisam conhecer as necessidades do país.
Simultaneamente, a Associação Médica da Paraíba divulgou uma denúncia que indica que também os governantes deveriam tomar ciência das carências brasileiras.
Revelou-se que os médicos do Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, o maior da Paraíba, trabalham sob condições impensáveis.
Realizam cirurgias cranianas com furadeira convencional, dessas que são usadas em marcenarias e na construção civil.
Por quê? O craniótomo, equipamento cirúrgico que deveria ser empregado para perfurar cabeças, está quebrado faz mais de um ano.
Com a furadeira de obra, procedimentos realizados em dez minutos passaram a consumir uma hora. Afora o suplício, eleva-se o risco de vida dos pacientes do SUS.
O improviso nas cirurgias de crânio é apenas parte do descalabro exposto em relatório da entidade que representa os médicos paraibanos.
No seu lero-lero radiofônico, Dilma revelou o desejo de redistribuir os médicos pelo mapa do Brasil.
Quer que parte dos estudantes de medicina –5 mil dos 24 mil que se servem de crédito oficial— vá trabalhar no interior do país.
Pelas contas do governo faltam médicos em cerca de 2 mil municípios brasileiros. Quem topar mudar-se para essas localidades terá desconto na dívida com o MEC.
A certa altura, Dilma soou assim: “Um dos maiores objetivos do meu governo é fazer com que a qualidade de atendimento do SUS seja igual àquela praticada, por exemplo, nos grandes hospitais privados do nosso país…”
“…Vamos garantir atendimento humano e de qualidade e isso é um compromisso a ser buscado todos os dias.”
Para esta segunda-feira, Dilma talvez devesse se autoimpor o compromisso de disparar alguns telefonemas para a Paraíba.
Se médicos veteranos são submetidos ao impensável no maior hospital público de João Pessoa, como convencer os novatos a enfrentar o inacreditável nos fundões do Brasil?

Em três anos, cigarros, bebidas e jogos subiram 31%

Orlandeli
Pesquisa feita pela FGV informa: entre setembro de 2008 e agosto de 2011, os preços dos cigarros, bebidas e jogos de loteria subiram, em média, 30,96%.
É quase o dobro da inflação aferida no mesmo período: 16,07% na medição do IPC-10 (Índice de Preços ao Consumidor).
Os dados da Fundação Getúlio Vargas chegam num instante em que o ministro Alexandre Padilha (Saúde) empina a ideia de elevar a tributação de fumo e álcool.
Seria uma forma, argumenta o ministro, de prover parte dos recursos que custeariam a saúde pública.
Na conta da FGV, os cigarros subiram 40,19% desde 2008. As bebidas alcoólicas, entra na média geral com uma elevação de 19,53%.
Estima-se que, vingando a tese de Padilha, a sobretaxa sobre cigarros e bebidas renderia para a saúde até R$ 12 bilhões.
Parte da cifra –senão toda ela— morreria no bolso do consumidor, na forma de novos reajustes.
Padilha escora sua proposta numa evidência. Cigarro e bebida produzem, além de viciados, pacientes para o SUS. Natural que ajudem a pagar a conta.

Cabral: extinção da CPMF foi ‘covardia’ contra o povo

  Rafael Andrade/FolhaSepultada há quase quatro anos, a CPMF é pranteada até hoje. Nesta segunda (5), chorou por ela o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).
Para ele, a eliminação do tributo, "foi uma covardia e fez muito mal, não ao governo Lula, mas ao povo brasileiro."
Cabral anunciou a intenção de rubricar um abaixo assinado de governadores a favor da criação de um substituto para o imposto do cheque.
A convite do governador cearense Cid Gomes (PSB), já assinaram o documento pró-tributo 12 executivos estaduais. Imagina-se que duas dúzias apoiarão a iniciativa.
Quando o Senado mandou a CPMF ao túmulo, em dezembro de 2007, dizia-se que a lavoura secara para sempre. Os governadores querem uma nova safra.
Criada sob FHC, a pedido do doutor Adib Jatene, a CPMF deveria custear a saúde pública. Desviada, serviu a outros propósitos.
Criada a pedido do doutor Adib Jatene para custear a saúde pública, a CPMF foi desviada para outras finalidades.
Na versão original, o ‘P’ da sigla indicava uma contribuição “privosória”. As sucessivas renovações fizeram da intenção uma piada permanente. E sem graça.
Na célebre noite em que a oposição prevaleceu no plenário do Senado, Lula mandou ao Congresso uma carta tardia.
Em plena sessão deliberativa, o então soberano comprometeu-se a destinar à saúde toda a arrecadação da CPMF.
Àquela altura, Lula era presidente havia seis anos. Dera de ombros para os desvios. A maioria dos senadores achou que o soberano não merecia o benefícioda dúvida.
Derrotado, o governo elevou a alíquota do IOF. Não destinou à saúde um mísero centavo dessa coleta.
Agora, reivindica-se a criação de uma nova CPMF sob o pretexto de que, dessa vez, vai tudo para a saúde. Será?
O Brasil dos impostos é dicotômico. Na hora de coletar, um país próximo, bem pertinho. Na hora de aplicar, uma nação muito distante, lá longe.

Rejeitada por Lula, Marta surge no ‘topo’ do Datafolha

Folha

O Datafolha realizou sua primeira pesquisa de intenção de voto para a eleição municipal de São Paulo.
Refugada por Lula, a ex-prefeita Marta Suplicy (PT), hoje senadora, aparece na primeira colocação em todos os cenários.
Na média, Marta amealha vantagem de 14 pontos percentuais sobre seus antagonistas.
Preferido do ex-soberano, o ministro petê Fernando Haddad (Educação) amarga a lanterninha da sondagem. Oscila entre 1% e 2%.
Os dados recolhidos pelo Datafolha nas ruas de São Paulo ajudam a entender a relutância de José Serra em subir ao ringue paulistano.
A despeito da superexposição obtida na campanha presidencial do ano passado, Serra aparece 11 pontos percentuais atrás de Marta. Nesse cenário, a coisa ficou assim:
Marta: 29%; Serra: 18%; Celso Russomano (PP): 13%; Netinho de Paula (PCdoB): 8%; Soninha Francine (PPS): 6%...
…Paulinho da Força (PDT): 6%; Gabriel Chalita (PMDB): 3%; Luiz Flávio Borges D'Urso (PTB); 2%; Eduardo Jorge (PV): 2%.
No cenário em que o candidato do PSDB é o senador Aloysio Nunes Ferreira, Marta vai a 31%. Russomano escala a segunda colocação, com 15%.
A seguir, tecnicamente empatados em terceiro, vêm: Netinho (9%), Soninha (8%), Paulinho e Aloysio (7% cada um).
E se o candidato do PT for Haddad? Bem, nesse caso, no seu melhor cenário, o queridinho de Lula amealha 2%.
Na primeira colocação, aparecem, empatados, Serra e Russomano, cada um com 19%. Uma igualdade que, de novo, constrange o nomão do tucanato.
À frente de Haddad, aparecem Netinho (13%); Paulinho e Soninha (9% cada um); e Chalita (5%).
Na lanterna, numericamente empatados com o preferido de Lula, surgem o verde Eduardo Jorge e o advogado D'Urso, ambos com os mesmos 2% de Haddad.
Excluindo-se Marta e Serra da contenda, escala a primeira coloicação, o pepê Russomano, com 20%. Nessa hipótese, Haddad fica com 1%.
Se o candidato tucano for o deputado estadual Bruno Covas, amealha 6%. Se for o secretário de Energia José Aníbal, 4%.
Feita assim, com um ano e dois meses de antecedência, a pesquisa do Datafolha serve mais como munição partidária do que como estatística eleitoral.
Em manifestação expontânea, quase um terço do eleitorado da capital paulista declara que ainda não se fixou em nenhum candidato.
A liderança de Marta e a vice-liderança de Serra escoram-se no grau de conhecimento da dupla, o chamado “recall”.
Contra ambos pesam as altíssimas taxas de rejeição. No caso de Serra, 32% dos pesquisados disseram que não votariam nele em nenhuma hipótese.
Outros 30% disseram que jamais votariam em Marta. Afora os dois, só Netinho exibe semelhante grau de rejeição: 32%.
Nesse quesito, Haddad, por desconhecido, exibe uma taxa de rejeição negligenciável, praticamente inexistente.
De resto, as legendas talvez levem em conta na hora de definir seus candidatos o peso específico dos “padrinhos” de seus contendores.
Nada menos que 40% dos entrevistados disseram que poderiam votar num candidato apoiado por Lula.
O apoio de Dilma é levado em conta por 26% dos eleitores. O do governador tucano Geraldo Alckmin exerce influência sobre 27% dos donos dos votos.
Na hipótese de optar por azarões, PT e PSDB terão de suar a camisa para compor coligações que ampliem a vitrine da propaganda eletrônica.
A importância da quantidade de minutos de televisão cresce na medida exata da taxa de desconhecimento do peixe a ser vendido.
Não é à toa que Lula move-se para tentar empurrar para fora do tabuleiro postulantes como Chalita, Netinho e Paulinho.
Interessa ao ex-soberano arrastar para a eventual chapa encabeçada por Haddad PMDB, PCdoB, PDT e todo o etectétera que quiser associar-se ao risco.

Líderes vão a Mantega em busca de verba para Saúde

  Sérgio Lima/FolhaNum instante em que Dilma Rousseff cobra a definição de fontes de financiamento para a saúde pública, o Legislativo bate à porta do Executivo.
Depois de se reunir, na semana passada, com o ministro Alexandre Padilha (Saúde), líderes governistas reivindicam um encontro com Guido Mantega (Fazenda).
Avalia-se que cabe ao governo, não ao Congresso, identificar a origem da verba que dará sustentação financeira ao projeto que disciplina os investimentos em saúde.
Num telefonema a Padilha, na última sexta-feira (2), o deputado Henrique Eduardo Alves (RN), líder do PMDB, pediu-lhe que intermediasse a conversa com Mantega.
Padilha comprometeu-se a contactar o colega da Fazenda. Espera-se que a reunião com o gestor da chave do Tesouro ocorra ainda nesta semana.
O projeto da saúde, uma lei complementar que regulamenta a chamada Emenda 29, vai a voto na Câmara em 28 de setembro.
O texto-base já foi aprovado em 2008. Para que a proposta seja devolvida ao Senado, falta deliberar sobre a criação da CSS (Contribuição Social da Saúde), uma nova CPMF.
Considerando-se as palavras de Henrique Alves, o jogo está jogado: “Não importa o nome, CPMF ou CSS, isso não passa na Câmara em hipótese nenhuma...”
“…Por isso, estamos empenhados em encontrar caminhos alternativos que permitam chegar ao cenário reclamado pela presidente Dilma.”
Depois de tentar, sem sucesso, adiar a votação da Câmara, Dilma agora declara que não se opõe à proposta. Desde que os deputados informem de onde virá a verba.
“A presidente cumpre o papel dela. Adverte e cobra”, declarou ao repórter o líder do PMDB. “Nós fazemos a nossa parte. Também estamos advertindo e cobrando.”
Como assim? Na conversa de Padilha com os líderes, disse Henrique, advertiu-se que a proposta da saúde será votada. "A espera já dura três anos..."
“Cobramos do ministro Padilha, responsável pelo setor da Saúde, e da área econômica do governo a busca de alternativas de financiamento.”
Na primeira conversa que manteve com os líderes, Padilha levou à mesa a ideia de elevar o IPI cobrado dos fabricanes de cigarro e de bebidas alcoólicas.
Mencionou também a hipótese de elevação do percentual do DPVAT (taxa cobra dos proprietários de automóveis) destinado ao custeio da saúde.
Estima-se que esse conjunto de providências pode resultar num tônico de algo entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões no orçamento da saúde pública.
Na reunião com Mantega, deseja-se saber: 1) se o titular da Fazenda considera as mexidas factíveis. 2) que medidas legais seriam necessárias para implementá-las.
“Se pudermos chegar a um entendimento antes de 28 de setembro, será ótimo. Criaremos um outro clima…”
“…Ainda que não haja tempo de aprovar as novas fontes, nós deliberaríamos sobre o projeto já sinalizando a perspectiva de viabilização dos recursos”, afirmou Henrique.
Contactado por Padilha, Mantega ouvirá Dilma antes de receber os líderes. Se agendar o encontro, abre-se uma fresta para o entendimento. Se não marcar, segue o impasse.

Memória!

Duke
- Via O Tempo

PT injeta no estatuto regra contra político profissional

Divulgação
Num encontro em que investiu contra a mídia e afagou um “chefe de quadrilha”, o PT aprovou uma mudança estatutária pseudomoralizadora.
Com cara de jogo de cena, a nova regra limita o número de mandatos consecutivos que um político petista pode exercer.
Para vereadores e deputados (federais e estaduais), no máximo três mandatos. Para senadores, apenas dois.
Na aparência, a novidade é alvissareira. Inibiria a proliferação dos chamados políticos profissionais. Na prática, é inútil e enganadora.
É inútil porque o limite só vale a partir de 2014 e desconsidera os mandatos anteriores. Aplica-se ao futuro, não ao passado.
Quer dizer: ainda que fosse pra valer, vereadores e deputados petistas seriam importunados apenas em 2026. Senadores, em 2030.
É enganadora porque trata como problema personagens como Eduardo Suplicy, o ficha limpa a quem o eleitor de São Paulo atribui ares de senador vitalício.
O problema do PT atende por outros nomes –Delúbio Soares e José Dirceu, por exemplo. Gente que ainda não obteve mandato ou perdeu o que tinha.
Sob a pantomima do estatuto esconde-se uma esperteza. O PT, como se sabe, tenta aprovar no Congresso o voto em lista.
Se passar, o eleitor será condenado a votar nos partidos, não nos candidatos. Elegem-se os nomes mais bem postos numa lista definida pela caciquia das legendas.
A simulação do limite temporal dos mandatos visa vender a ilusão de que o PT não fará de suas listas um ninho de privilegiados.
Quem quiser pode acreditar. Mas arrisca-se a fazer papel de bobo. Numa futura lista de candidatos petistas, os delúbios tendem a prevalecer sobre os suplicys.
De resto, até 2026, ano em que o limite começaria a surtir efeitos, nada impede que o PT, em nova “reforma” estatutária, providencie o sumiço da regra.

Vídeo: Exército investe contra moradores do Alemão

Noutros tempos, uma testemunha ocular podia ser acusada de mentir com os próprios olhos. Hoje, as retinas viraram celulares filmadoras.
As imagens acima, captadas no morro carioca do Alemão, ganharam a web na noite deste domingo (4). Mostram um rififi envolvendo soldados e moradores.
Os militares integram a Força de Pacificação do Alemão. A julgar pelas imagens, portaram-se de modo pouco pacífico.
A origem da encrenca foi um aparelho de TV. Instalado num boteco, exibia uma partida de futebol. Moradores assistiam da rua.
Os soldados ordenaram que o volume do televisor fosse abaixado. Desatendidos, cortaram o som. A atmosfera ficou carregada.
O vídeo lá do alto tem 6min40s. Repare que, na altura de 3min30s, dois soldados se aproximam do pedaço da calçada onde se encontrava o portador da microfilmadora.
Um deles dispara um jato de spray de pimenta. Outro apontada uma arma contra os alvos. Foi a partir desse ponto que a coisa desandou.
Em meio ao lufa-lufa, voaram balas de borracha. Pelo menos duas pessoas foram feridas. Uma, na boca.
Três moradores foram detidos para “averiguação”. Responsável pela comunicação da tropa, o major Marcus Bouças, atribuiu o ocorrido ao “excesso de bebida.”
Se desperdiçar um naco do seu tempo assistindo ao vídeo da ‘testemunha celular’, o major talvez conclua que houve também outro tipo de excesso no Alemão.

PT rejeita propostas de estreitar as alianças em 2012

José Cruz/ABr
Os casamentos políticos ficaram muito esquisitos. A água junta-se ao óleo. A ex-esquerda festiva vai morar com a direita carrancuda.
A felicidade conjugal só é possível a seis, a dez, a 14. Igualadas as diferenças, o matrimônio vira patrimônio. E os cônjuges conspiram para destruir a união.
Neste domingo (4), a família petista discutiu seus planos para o grande altar de 2012. Foi a voto a sugestão de manutenção do modelo plurimatrimonial.
Um pedaço do petismo, como que saudoso dos velhos tempos, apresentou emendas restritivas.
Uma delas sugeria que o PT desse preferência à busca de noivos com alguma afinidade idelogógica –PSB, PCdoB e PDT, por exemplo.
Ao sentir o cheiro de queimado, o presidente do PT, Rui Falcão, soltou o verbo:
Quando se coloca esquerda e centro-esquerda se exclui o PMDB, nosso principal aliado nas eleições municipais."
A maioria votou a favor de manter o leque aberto. Afinal, a essa altura, o figurino de noivinha imaculada já não combina com o PT.
Por ora, a ex-virgem da política só não admite o casamento com PSDB, DEM e PPS. Houve quem torcesse o nariz também para o PSD do ex-demo Gilberto Kassab.
A turma de Kassab, porém, foi salva pelo gongo. A falta de quorum evitou a exclusão do PSD, ainda à espera do registro da Justiça Eleitoral.
Ficou acertado que, mais tarde, o diretório do PT decidirá se o PSD pode se incorporar à suruba partidária.
O ímpeto governista tornou os desertores do DEM muito sedutores.

Presidente do PSDB: ‘Dilma está suja. Quem a sujou?’

  Antônio Cruz/ABrPara o presidente do PSDB, o governo Dilma Rousseff  “não vai terminar bem.” Aposta que, em 2014, o candidato do PT será Lula. Provoca: “Terá de explicar o fracasso dela, que tem origem nele. A Dilma está suja, mas quem sujou ela? Não fomos nós." Abaixo, entrevista de Guerra ao blog:
- FHC fala em busca de “convergencias”. Aécio Neves, em pacto pela governabilidade. Roberto Freire vê adesismo. Falta rumo à oposição? Não. A oposição define seus rumos. Falta rumo ao governo. Pode faltar à oposição, numa ou noutra circunstância, senso de oportunidade. O PSDB é recorrente nisso.
- Como assim? Às vezes o partido tem dificuldade de se apropriar das oportunidades.
- Isso ocorre em relação a Dilma? Num primeiro momento, a presidente fez uma intervenção no Ministério dos Transportes. Reagiu à imprensa. Vacilou, mas interveio para melhorar a pasta. Temos tranqulidade para elogiar. Mas o gesto não foi desenvolvido. Não chegou aos outros ministérios. O do Planejamento, por exemplo, tem participação na desordem dos Transportes.
- Refere-se a Paulo Bernardo? O Planejamento, na época em que era gerido por ele, autorizou recursos para aditivos contratuais inexplicáveis ou viciados. Dilma silenciou, protegeu. Ficou claro que não agiria contra o PT. Como não agiu no PMDB. Na Agricultura, o ministro [Wagner Rossi] se deu conta de que não poderia continuar. No Turismo, os desmandos são anteriores ao ministro atual [Pedro Novais]. Dilma não agiu também na pasta das Cidades [gerida por Mário Negromonte, do PP].
- Como explicar, então, as manifestações de FHC e Aécio? Fernando Henrique é movido por inspirações republicanas, não partidárias.
- Retribui as gentilezas de Dilma? A Dilma o reconheceu de forma civilizada. E ele também a reconheceu civilizadamente. Imaginou que Dilma continuaria o que estava fazendo. Fernando Henrique não é Lula, torce por um Brasil decente.
- E quanto a Aécio? O que afirmou não é diferente do que disse a vida toda: se o governo desejar fazer reformas, aprofundar investigações seriamente, estaremos do lado. Ele é construtivo. Mas não vacilou na condenação dos fatos.
- Roberto Freire, então, erra quando fala em adesismo? Totalmente.
- Para onde vai o PSDB? Vamos renovar os nossos atores, abrir o partido, renovar o discurso e ter uma conversa única. Teremos uma nova proposta. Está sendo trabalhada no Instituto Teotônio Vilela, pelo Tasso [Jereissati] e no partido todo.
- Afinal, qual é o rumo da oposição? A gente está numa ação reativa. Esses episódios recentes nos surpreenderam –o avanço e o recuo da Dilma. Mas a questão central é que ela não está governando. Semanas atrás houve uma greve dos aliados dela que paralisou o Congresso. Não há possibilidade de fazer um governo decente com essa base de sustentação. Cabe à oposição ter coerência e tranquilidade. Tucanos pensam e falam. Mas normalmente não falam as mesmas palavras.
- Isso não denota falta de rumo? Rumo, nós todos no Brasil estamos procurando. O PSDB desenvolve um novo caminho. Não sei se outros terão condições de fazer.
- Refere-se ao PT? A desordem no PT é brutal. Toda crise do governo nasce no PT e na base partidária que o rodeia. Impossível governar com essa base pervertida.
- Sob FHC ocorreu coisa semelhante, não? Jader Barbalho deixou digitais na Sudam. Renan Calheiros foi ministro da Justiça... Muitos podem achar que foi mais ou menos. Mas, seguramente, no nosso período foi menos. Bem menos.
- Como evitar o modelo que submete governabilidade à perversão? Se a Dilma tivesse disposição, liderança e coragem, tomava outro rumo.
- Insisto: qual a diferença entre o modelo que vigorou na Era FHC e o atual? O nosso governo era muito mais saudável. O PSDB tinha saúde. O DEM trabalhava de forma adequada. E havia muita gente que contribuía com o governo movido pelo interesse público. De lá pra cá, a política só piorou, graças sobretudo ao Lula, que passou por cima de instituições e confraternizou com malfeitores. Distribuem dinheiro na véspera, para ganhar a votação do dia seguinte. A corrupção explode e dizem que agora tem mais investigação. Balela.
- É mais difícil fazer oposição a Dilma do que a Lula? Não. A Dilma não vai terminar bem o governo dela. Centraliza tudo e decide pouco. Quando decide, age emocionalmente e erra. Não tem liderança. A ideia de que é boa gerente é falsa. Vai naufragar do ponto de vista administrativo e político.
- Acha, então, que Dilma não se reelege? Minha impressão é de que o Lula vai se candidatar. É a principal hipótese. E o Lula terá de explicar o fracasso dela, que tem origem nele. A Dilma está suja, mas quem sujou ela? Não fomos nós.
- Em que se baseia para dizer que a Dilma está suja? Os desmandos que estão aí vem da gestão anterior. Ela era gerente e não gerenciou. Veja o caso dos Transportes. No geral, verbas do PAC. Os aditivos de que Dilma reclama eram autorizados pelo comitê gestor comandado por ela. O próprio [ex-ministro] Alfredo Nascimento, que veio do Lula, disse: tudo passava por esse comitê, operado na Casa Civil da Dilma.
- Se Lula for mesmo candidato, quem irá enfrentá-lo, Serra ou Aécio? Hoje, não há cultura no partido para que impasses prevaleçam.
- Haverá prévia? Se for necessário, sim. É saudável. Esse assunto, se vier a se apresentar, será resolvido da forma mais aberta possível.