A RIXA DA FAMILIA COLLOR EM ALAGOAS

PAULO MELO CORUJA NEWS

Rixa política na família Collor chega à segunda geração em Alagoas 

Carlos Madeiro
do UOL, em Maceió
  • Divulgação
    Fernando Lyra, que será candidato pela 1ª vez
    Fernando Lyra, que será candidato pela 1ª vez
A rixa da família Collor chegou à segunda geração em Alagoas. Filho do casal Thereza e Pedro Collor, Fernando Lyra Collor iniciará, nas eleições de outubro, a caminhada na política com a pré-candidatura lançada a vice-prefeito do município de Atalaia (47 km de Maceió).  Pedro Collor era o irmão mais novo do senador Fernando Collor e morreu de câncer em dezembro de 1994.
Antes mesmo do início da campanha, o senador Fernando Collor já mostrou que as denúncias do irmão --que o levaram ao impeachment há 20 anos-- estão longe de serem superadas. Pedro Collor foi responsável por uma série de denúncias de corrupção contra o irmão, então presidente da República, Fernando Collor. Por conta delas, o atual senador perdeu seu mandato.
Em entrevista à revista Veja, em 1992, Pedro acusou o tesoureiro da campanha do irmão, Paulo Cesar Farias, o PC Farias, de usar a amizade com Collor para enriquecer. Ele entregou um dossiê e apontou operações ilegais que envolviam o irmão e o tesoureiro.

Relembre a rixa entre Fernando Collor e seu irmão Pedro

 21 mai.1992 - O empresário Pedro Collor de Mello, irmão do presidente Fernando Collor de Mello, é cercado por jornalistas dias depois de denunciar casos de corrupção no governo do irmão Paulo Giandalia - 21 mai. 1992/Folhapress
Por falta de provas, Fernando Collor de Mello e PC Farias foram inocentados da acusação de corrupção passiva, em 1994.
O ex-presidente não demorou a visitar a cidade de Atalaia e manifestar irrestrito apoio ao candidato adversário da chapa do sobrinho. Nem o tio, nem o sobrinho, comentam sobre a briga familiar.
Ao invés de acompanhar o tio, o jovem Fernando preferiu seguir os passos do avô --o usineiro e deputado federal João Lyra (PSD)-- e se filiou ao partido recém-criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. João Lyra é o presidente do PSD em Alagoas e dá as cartas praticamente sozinho no partido no Estado.
Apesar da juventude, as marcas das desavenças entre seu pai e seu tio, há 20 anos, estão no sobrenome escolhido por Fernando para a carreira política. Ao invés do herdado pelo pai, o jovem usará o nome Fernando Lyra, dispensando o Collor, assim como fez a mãe.
Na cidade onde mora e trabalha como administrador da usina Uruba, pertencente ao grupo João Lyra, a disputa pela prefeitura promete ser acirrada. Fernando Lyra será candidato na chapa encabeçada pelo ex-prefeito Zé do Pedrinho (PSD).
Eles vão enfrentar Rodrigo Vigário (PTB), primo do atual prefeito, Chico Vigário (PTB).

Para fugir de polêmicas, Fernando Lyra prefere não conversar com jornalistas –especialmente os da imprensa nacional.

Durante uma semana, o UOL tentou falar com Fernando Lyra. Assessores chegaram a prometer que ele daria uma entrevista, mas acabaram não convencendo Lyra a sequer responder o e-mail encaminhado com questionamentos sobre sua posição política e sobre as desavenças com o tio.

"Jeitoso"

Pessoas ligadas a Fernando Lyra dizem que ele foi aprovado pelo avô como um dos sucessores eleitorais e tem talento para a política.

“O comportamento dele é de muita colaboração, de engajamento. Fernando é muito jeitoso com o diálogo, não é uma pessoa fechada e é muito atencioso com as pessoas. É um menino de jeito para a política”, disse o coordenador do PSD em Alagoas, Nilton Lins.

Segundo Lins, Fernando está participando de forma proativa dos encontros do PSD pelo interior de Alagoas.

“Ele é um cara jovem, mas que participa e está antenado com tudo. Há duas semanas, por exemplo, ele participou de um congresso em Olho D'Água das Flores [no sertão], que não tem nada a ver com a cidade dele. Ou seja, ele está interessado e tem tudo para crescer”, afirmou.

Tio adversário

Atalaia está longe de ser uma das cidades mais influentes na política do Estado, o que não impediu o senador Fernando Collor de fazer uma visita ao município, logo após o anúncio da pré-candidatura do sobrinho.

A ida à cidade foi para garantir apoio ao adversário do sobrinho. Collor, ressalte-se, faz raras visitas a Alagoas e só vem ao Estado que o elegeu como senador em viagens rápidas e com objetivo específico.

O ex-presidente participou da inauguração da sede do PTB de Atalaia, no dia 14 de abril.

Com discurso inflamado de apoio à candidatura de Rodrigo Vigário, primo e, eventualmente, sucessor do atual prefeito Chico Vigário.

“Continuo junto com o Chico Vigário, continuo trabalhando com ele e, agora, com o Rodrigo, que é o presidente do PTB Jovem de Alagoas e que terá muito a dar e oferecer. Feliz uma cidade que têm uma pessoa como ele", afirmou em seu discurso, segundo informou o blog oficial do PTB em Atalaia.

Conheça os imóveis de políticos brasileiros

Foto 22 de 39 - Assim como Collor, o governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB), é proprietário de um apartamento de frente para o mar na praia de Jatiúca, uma das áreas mais nobres de Maceió. O imóvel, segundo declaração à Receita Federal, vale R$ 2,9 milhões (o valor informado à Receita não está corrigido, por isso é inferior ao valor comercial atual) Beto Macário/UOL