RIO+20 OCORRE EM ÁREA CERCADA POR ÁGUAS POLUIDAS

PAULO MELO CORUJA NEWS

Rio+20 ocorre em área cercada por águas poluídas

Rios e lagoas próximos ao Riocentro estão degradados após 40 anos de acúmulo de esgoto; ações de recuperação não são suficientes

BBC  
Divulgação/Angelo Antonio Duarte
No centro de convenções%2C o canal passou por dragagem mas continua turvo e oleoso
Rios, canais e a Lagoa de Jacarepaguá – que compõe a área verde próxima ao Riocentro, onde chefes de Estado discutem temas de desenvolvimento sustentável até sexta-feira na Rio+20 – estão degradados após 40 anos de acúmulo de esgoto.
 
A situação da bacia hidrográfica da Baixada de Jacarepaguá foi se deteriorando com a rápida expansão da cidade do Rio para oeste, sem a instalação de uma rede de saneamento adequada.
Segundo o ambientalista Axel Grael, nos anos de 1980 já se falava na necessidade de construir um emissário submarino para lançar o esgoto (tratado) dos bairros da Barra, do Recreio e de Jacarepaguá no mar, a certa distância da costa. Mas a obra só foi inaugurada em 2007.
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Antes disso, segundo o presidente da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos), Wagner Victer, a maior parte dos resíduos ia para as lagoas e para os rios da região.
"Hoje a quantidade de esgoto que se tira (pelo emissário) é próximo a 1.800 litros por segundo. É praticamente um Maracanãzinho cheio de cocô por dia. Antes, quase tudo ia para as lagoas", afirma Victer.
"Toda a bacia hidrográfica, todos os rios e canais foram transformados em valões de esgoto", diz o biólogo Mário Moscatelli.
Desde 1992, ele acompanha o processo de degradação na Baixada de Jacarepaguá trabalhando na recuperação de mangues. Afirma já ter contado 35 sofás e 185 pneus em uma área restrita da Lagoa da Tijuca, no início da Barra.
O biólogo compara a poluição com a da Baía de Guanabara, que continua deteriorada mesmo após o programa de despoluição levado a cabo a partir de 1994.
"Em 40 anos conseguimos repetir (na Baixada de Jacarepaguá) o quadro de degradação que na Baía de Guanabara levou 100 anos", afirma.
Na chegada ao Riocentro, alguns efeitos dessa poluição podem ser vistos a olho nu, nos rios e canais turvos que margeiam o centro de convenções. Alguns deles estão cobertos por gigogas - plantas aquáticas que proliferam em ambientes desequilibrados pelo excesso de matéria orgânica.
O rio Camorim, que atravessa o centro de convenções, passou por uma dragagem antes do evento. Mesmo assim, sua água é turva e oleosa.