LAVAGEM DE DINHEIRO: 11 PESSOAS LIGADAS A JANENE FORAM DENUNCIADAS

PAULO MELO CORUJA NEWS


MPF denuncia 11 pessoas ligadas a José Janene 


por lavagem de dinheiro

Segundo o MPF, eles ocultavam dinheiro recebido por meio do mensalão.
Janene morreu em 2010 e, por isso, foi excluído do processo no STF.

Fernando CastroDo G1 PR
 
O Ministério Público Federal no Paraná (MPF-PR) denunciou 11 pessoas ligadas ao ex-deputado federal e tesoureiro do Partido Progressista (PP) José Janene pelo crime de lavagem de dinheiro. Eles são acusados de ter contribuído de forma efetiva para ocultar e dissimular a origem e propriedade de valores decorrentes de vantagens obtidas por Janene no chamado caso do mensalão, por meio de “complexa engenharia criminosa financeira”.
A denúncia foi baseada em inquérito policial e em dados revelados pelo processo do mensalão, que, segundo o MPF-PR, mostraram que parte dos valores pagos entre os anos de 2003 e 2004 a dirigentes de partidos da base aliada do governo federal, especialmente Janene, passaram pela “engenharia” composta por duas empresas - Bônus Banval e Natimar, além de assessores, familiares e pessoas ligadas ao então deputado.Janene foi relacionado entre os 38 réus da Ação Penal 470, em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-deputado morreu em 2010. Por isso, teve a punibilidade considerada extinta. Os demais, no entanto, podem responder pela acusação de encobrir as transferências financeiras e compras de bens, cuja pena varia de 3 a 10 anos de prisão.
Segundo o MPF-PR, as empresas eram responsáveis pelo repasse dos valores obtidos no esquema para os denunciados. Os donos da Bônus Banval, Enivaldo Quadrado e Breno Fischberg, e o dono da Natimar, Carlos Alberto Quaglia, também são reús do processo que tramita no STF.
Os denunciados, então, atuavam de diversas maneiras na conversão do dinheiro recebido em ativos lícitos - como a aquisição de bens em seus nomes, pagamento de títulos, compra de soja, dentre outros -, de acordo com o MPF. Para o órgão, o objetivo era desvincular as ações da pessoa de Janene. Entre os bens estavam quatro fazendas, imóveis e a construção e residência de luxo em condomínio de Londrina, no norte do Paraná, além de diversos veículos de luxo.
Pela prática, foram denunciados Meheidin Hussein Jenani, Rosa Alice Valente, Stael Fernanda Rodrigues de Lima, Danielle Kemmer Janene, Carlos Alberto Murari, Adriano Galera dos Santos, Afonso Bernardo Schleder de Macedo e Pedro Schleder de Macedo.
Investigação
De acordo com o MPF-PR, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) constatou que Meheidin Hussein Jenani, um dos assessores de Janene, movimentou em março de 2004 valores considerados incompatíveis à renda declarada. O dinheiro foi obtido através de depósitos bancários originários de diversas agências, sempre inferiores a R$ 10 mil, além de TED’s de empresas e pessoas físicas.
A denúncia diz que o envolvido chegou a desistir de alguns saques ao ser informado da necessidade de preencher o registro de movimentação. Com a quebra do sigilo dele, a investigação percebeu relação bancária constante e também incompatível com os demais assessores envolvidos, além da esposa e a filha de Janene.
A reportagem entrou em contato com o advogado Leonardo Magalhães Avelar, que representa os donos da Bônus Banval, Enivaldo Quadrado e Breno Fischberg. Em nota, ele afirmou que não irá se manifestar pois o objeto da denúncia é idêntico ao do julgamento do mensalão que tramita no STF. Ele classifica a acusação do MPF-PR como constrangedora, e diz ainda que espera que a percepção sobre a similaridade entre os casos chegue ao órgão "em tempo suficiente a evitar a prolifereção do equívoco". Os advogados dos demais envolvidos não foram localizados.
Plenário so STF (Foto: Carlos Humberto/SCO/STF)José Janene foi excluído do processo julgado no STF (Foto: Carlos Humberto/SCO/STF)
tópicos: