MORTE DE LOUSI MAEDA CURITIBA PR: JULGAMENTO COMEÇA HOJE

PAULO MELO CORUJA NEWS

Começa o julgamento da primeira acusada de matar Louise Maeda

Jovem foi assassinada em maio de 2011, em Curitiba, com tiros na cabeça.
MP diz que colegas de trabalho e mais um rapaz são os autores do crime.

Bibiana Dionísio Do G1 PR
 
Louise Maeda estudava administração e tinha 22 anos. (Foto: Arquivo pessoal)Louise Maeda estudava administração
(Foto: Arquivo pessoal)
Um dos três acusados de matar a jovem Louise Sayuri Maeda, em maio de 2011, com dois tiros na cabeça, começa a ser julgado nesta terça-feira (6), às 9h, em Curitiba. Márcia Nascimento, que era colega de trabalho da vítima, é acusada de homicídio triplamente qualificado com ocultação de cadáver. Não há previsão para o julgamento dos demais acusados.

Louise Maeda tinha 21 anos, quando foi morta. Ela desapareceu após sair do trabalho em uma iogurteria de um shopping da capital paranaense. A família ficou 18 dias sem notícias da jovem, até que o corpo foi encontrado no bairro Campo do Santana. De acordo com a polícia, a jovem foi morta por Márcia Nascimento, por outra colega de trabalho e também pelo namorado de Márcia.

Ao todo, 15 pessoas serão ouvidas. Sete testemunhas convocadas pela defesa de Márcia e oito pela acusação. Em uma visão otimista, o resultado do julgamento pode sair ainda nesta terça-feira. Entretanto, Gianfranco Petruzziello, advogado assistente de acusação, não descarta a possibilidade de o julgamento se estender até quarta-feira (7).

De acordo com ele, é sabido que o então namorado de Márcia foi o autor de um dos tiros, porém, não se tem certeza quem efetuou o segundo disparo. Segundo ele, nenhuma das duas assumiu esta responsabilidade.
De qualquer forma, Petruzziello acredita, e vai defender em tribunal, que o crime foi arquitetado por Márcia. “Tudo leva a crê que a Márcia tinha uma certa ambição dentro da empresa e que ela não simpatizava muito com a Louise, que era supervisora dela na loja e reprimia bastante as atitudes da Márcia. E a Márcia não gostava muito disso. Então, tudo leva a crê que uma insatisfação dela com as atitudes da Louise e, principalmente, porque, existe a notícia nos autos, que a Louise estava propondo a demissão da Márcia, por causa de supostos desvios na empresa”, disse o advogado.

Ele afirmou ainda que, por não existir um controle preciso na loja, os supostos desvios feitos pela Márcia eram pensados para serem enquadrados na tolerância da contabilidade. “Não é que faltava dinheiro no caixa. Faltavam produtos, falta o gel usado para fazer os iogurtes e copos (...) tudo leva a crê que ela não registrava uma venda ou outra e colocava o dinheiro diretamente no bolso”, acrescentou.

A advogada de Márcia, Andrea Tenório, desqualifica a tese da acusação. Segundo ela, Márcia não nega o envolvimento do crime, porém, diz que não atirou contra Louise. A Márcia, disse a advogada, sabia o que iria acontecer, mas não tinha o domínio final do fato, porque não estava com a arma em mãos.

Tenório alega que não existia ambição por parte da cliente, uma vez que, de acordo com ela, não havia possibilidade de crescimento na empresa. “A diferença salarial é questão de R$ 70, R$ 80. É uma empresa relativamente pequena. Não havia condição de qualquer pessoas crescer ali dentro no limite de R$ 820, que era o valor a vítima ganhava, enquanto o delas [acusadas] girava em torno de R$ 760”, afirmou a advogada. Tenório negou a ocorrência de desvios na empresa.

A jurista disse que nem ela sabe a verdadeira motivação do crime. Tenório afirmou que Márcia tem medo de retaliação dentro da unidade prisional. “Dentro da unidade prisional existe outra lei, que é um pouco mais severa do que a própria lei aqui fora. Se ela contar o que aconteceu, da forma como aconteceu, lá dentro ela vai ser punida. Lá dentro ela vai ser a famosa X9”, argumentou a advogada.

A Márcia, ainda conforme a advogada, afirma que a mentora do crime foi a outra acusada. A advogada diz que o trabalho será centrado para diminuir a pena e fazer com que Márcia pague pela real culpa.

Relembre o caso
Louise foi vista pela última vez em uma terça-feira, dia 31 de maio, depois que saiu do trabalho,  por volta das 22h30. De acordo com a família, a jovem tinha o costume de avisar quando iria sair mais tarde, para que o pai a buscasse no ponto de ônibus, o que não ocorreu naquele dia.

O corpo da universitária foi encontrado em estado de decomposição avançado. Um dia depois, Márcia e a outra acusada foram presas. Na ocasião, a polícia divulgou que encontrou com Márcia R$ 2.400,00 e avaliou que o dinheiro era incompatível com a renda dela.

O namorado de Márcia ficou foragido por alguns dias e se entregou mais tarde. A mochila de Louise foi encontrada na casa dele. Durante a reconstituição do crime, o rapaz confessou, de acordo com a polícia, que atirou em Louise.