Na cena do crime,
só suspeito confesso
de matar Glauco chamou a polícia
Levantamento da PM mostra que, dos que estavam na cena do
crime, só Cadu telefonou
João Varella, do R7
Foto por
Christian Rizzi/Agência de notícias Gazeta do Povo/AE
De todos os
que estavam na sede da igreja Céu de Maria, em Osasco, na Grande São
Paulo, na noite em que o cartunista Glauco Vilas Boas e seu filho Raoni
foram mortos, em 12 de março, somente uma pessoa acionou a polícia após o
crime: o próprio suspeito dos assassinatos, o estudante Carlos Eduardo
Sundfeld Nunes, mais conhecido como Cadu. A informação é resultado de
levantamento da Polícia Militar, feito a pedido da reportagem do R7,
com base nos telefones dos presentes na cena do crime
registrados no inquérito da Polícia Civil.
Veja
a cobertura completa do assassinato de Glauco
Cadu foi o único a telefonar, segundo
levantamento da Polícia Militar
A PM levou em conta registros de chamados 24 horas antes e depois da morte do cartunista. Cadu ligou duas vezes para o telefone de emergência da PM (190), mas não efetivou o chamado e conseguiu fugir. Foi um vizinho da igreja, onde Glauco morava, quem chamou os policiais após ouvir tiros.
O fato de Felipe Iasi, que levou Cadu de carro à igreja, não ter chamado a PM levantou suspeitas. Esse foi um dos motivos que levou o estudante a ser indiciado como participante do crime [partícipe do homicídio]. No indiciamento, está registrada ainda dúvida da Polícia Civil a respeito de Iasi não ter sinalizado para uma viatura da PM quando ia para a casa de Glauco. Outro argumento que embasa o indiciamento é o motorista ter estacionado o carro em uma rua paralela ao invés de usar a garagem.
O amigo de Cadu estava sob a mira do revólver do suspeito enquanto ia para a casa do cartunista, segundo depoimentos dos dois.
Na segunda vez em que foi convidado a depor na polícia, Iasi permaneceu calado, não respondendo a perguntas do delegado Archimedes Cassão Veras Junior. Ele reforça que a atitude do motorista, de não ter chamado a polícia, é suspeita. Para ele, o indiciado teve a oportunidade de explicar em depoimento o porquê de não ter acionado a PM.
– Isso [o fato de não ter ligado para a PM] não o faz coautor de nada. Ele [o delegado] deveria ter indiciado a família do casal.
A mulher de Glauco, Beatriz Galvão Veniss, também não chamou a polícia. Ela e Gercila Pinheiro, namorada de Raoni, rezavam no momento em que o suspeito conduzia o cartunista para fora, segundo os depoimentos dados à Polícia Civil. O advogado que representa a família, Ricardo Handro, rebate a declaração de Paoletti. Ele diz que a família ficou em estado de choque e tentou, em um primeiro momento, salvar a vida de Glauco e Raoni. Segundo o defensor, a família colaborou com as investigações policiais.