Vice do Paraguai diz na TV que estado de exceção é uma farsa
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da Reportagem Local
O vice-presidente do Paraguai, Federico Franco, disse na noite deste
domingo no programa de TV "Señales" que o estado de exceção decretado
para a região norte do país é uma farsa e que ouviu, na reunião do
gabinete sobre a medida, que o objetivo principal não é a captura dos
membros da guerrilha Exército do Povo Paraguaio (EPP).
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O presidente Fernando Lugo, que pediu a medida com urgência ao Congresso, defendeu-se e afirmou que o objetivo do estado de exceção é sim capturar os membros da guerrilha de esquerda, cerca de cem, segundo estimativas do próprio governo.
"O objetivo principal do estado de exceção é capturar os membros do EPP que cometeram uma série de crimes horrendos no Paraguai", disse Lugo, em entrevista a jornalistas.
Horas antes, Franco disse que a medida visa apenas a manter um debate na imprensa sobre o tema e aumentar a ajuda a alguns setores da economia com a desculpa de "combater as causas do problema".
Franco disse ainda que temia por sua vida ao fazer estas revelações na TV.
Lugo defendeu a medida e disse que os próprios governadores dos cinco Departamentos aos quais a medida foi aplicada, Concepción, San Pedro, Amambay, Presidente Hayes e Alto Paraguay pediram o estado de exceção.
A senadora Ana Mendoza de Acha não descartou, em declaração citadas pelo jornal "Ultima Hora", que o Congresso convoque Franco para dar satisfações sobre suas "graves declarações".
Operação
Com o estado de exceção, Lugo terá mais liberdade de ação para capturar os membros do EPP, mas a medida pressupõe também maior pressão para que o presidente mostre resultados.
Recurso muito utilizado durante os 35 anos de ditadura de Alfredo Stroessner, o estado de exceção permite ao Poder Executivo realizar prisões sem ordem judicial, restringir reuniões públicas, impor toques de recolher e dar mais liberdade aos militares para atuar em conjunto com a polícia.
O EPP tem cerca de cem guerrilheiros que reivindicam a luta armada como forma de mudar o sistema político-econômico. Suas operações ocorrem em áreas onde o Estado está praticamente ausente.
Segundo autoridades paraguaias, vários integrantes do EPP foram treinados ou ajudados pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). O governo ainda considera o bando como uma quadrilha comum, mas teme que se torne uma guerrilha semelhante à colombiana.
Os principais líderes do EPP, apontado como responsável por sequestros e ataques a postos policiais há mais de uma década, estão escondidos em áreas de mata na região norte do país, onde as forças de segurança atuam sem êxito desde janeiro.
Lugo pediu ao Congresso o estado de emergência depois da morte de quatro pessoas na quarta-feira (21), que se acredita tenham sido emboscadas por membros do EPP na localidade de Arroyito. Nessa área foi encontrado logo depois um acampamento com apetrechos para prática de tiro.
O último estado de exceção no Paraguai ocorrera em 2002, durante manifestações violentas contra o governo de Luis González Macchi.