Especialistas dão dicas para evitar o golpe do falso sequestro
Vice-presidente da República recebeu telefonema com
tentativa de golpe.
Em casos semelhantes, consultores indicam
desligar imediatamente.
Já foi vítima do golpe? Deixe seu relato
O consultor em segurança José Vicente da Silva, coronel aposentado da Polícia Militar, e Guaracy Moreira Filho, professor de direito penal e criminologia do Mackenzie, sugerem que as pessoas desliguem imediatamente quando receberem esse tipo de ligação. “A minha orientação é, quando ligarem e falarem que estão com seu filho, desligue na hora”, diz Guaracy Filho. “A regra básica é desligar imediatamente, porque sequestro é um crime calculado, não existe sequestro super rápido assim”, afirma Silva.
A vítima também deve prestar atenção para nunca citar o nome do filho ou do parente durante o telefonema. “É um blefe, essas pessoas geralmente não dispõem de informação sobre a família. Eles pegam um número de telefone qualquer e fazem a ligação”, diz o coronel aposentado. Silva também sugere que, caso consiga, a pessoa faça um teste para tirar todas as dúvidas sobre a veracidade do telefonema. Dê o nome errado do parente, para ver se o criminoso irá reproduzi-lo como sendo do suposto sequestrado.
Os dois afirmam que, em caso de sequestros reais, a forma de agir dos criminosos geralmente é outra. “Se for verdade, ele vai ligar outras vezes”, diz o professor. Guaracy Filho recomenda que as pessoas saibam onde estão os filhos para evitar sustos. “A melhor forma é ter um bom relacionamento com os filhos, orientar na melhor forma possível e saber onde eles estão”, completa o professor. Os criminosos costumam ligar a cobrar para tentar aplicar o golpe, por isso fique mais atento a esse tipo de ligação.
Vítima do golpe
José Alencar contou que estava sozinho em seu apartamento quando recebeu o telefonema a cobrar de alguém que dizia ter sequestrado a filha dele. Logo em seguida, ouviu um choro e uma voz feminina.“ Eu estava sozinho em casa, atendi um cidadão dizendo que havia sequestrado minha filha. Colocou ela no telefone, ela chorou e disse: ‘papai, eu fui assaltada’. E eu tinha absoluta segurança de que fosse ela, pela voz”, disse.
Com a certeza de que se tratava da filha, Alencar disse ter negociado o valor do resgate com o criminoso, que chegou a pedir R$ 50 mil. “Eu dialoguei com o camarada por algum tempo, com paciência, e no fim acabou tudo bem. Ele pediu R$ 50 mil, mas eu disse para ele: ‘eu não tenho nada aqui, eu estou no Rio, eu não tenho dinheiro aqui’”. O homem ao telefone, então, perguntou se ele tinha joias, ao que Alencar respondeu que não tinha.
Foi aí que o suposto sequestrador perguntou a atividade profissional de Alencar. O vice-presidente disse ter respondido a verdade: “Sou o vice-presidente da República”. Como que para se certificar, o criminoso perguntou: “Qual o seu nome?” Após a respota: “José Alencar Gomes da Silva”, o suposto criminoso, então, desligou o telefone.
Nesse momento, segundo Alencar, a mulher dele, Marisa, chegou ao apartamento e ligou para a filha, Maria da Graça, para checar se ela estava bem. “Ela estava em casa, tudo bem. Não houve tempo [de pagar alguma coisa]. Isso é altamente preocupante [violência]”, disse aos jornalistas na Câmara dos Deputados, logo antes de ser homenageado em plenário.
Segundo o vice-presidente, ele não se desesperou e tentou negociar com tranquilidade. “Papai nos ensinava uma coisa muito importante. Papai ensinava que o desespero não ajuda. Então eu tive calma. Tudo bem, passou”.