Inquérito
O relatório final da Polícia Federal, da sua apuração no trabalho chamado de Caixa de Pandora, é estarrecedor. Trata-se de um trabalho profissional, bem conduzido, bem elaborado, cheio de detalhes e conclui apontando responsáveis, um por um. Inacreditável que tenham sido desviados nos últimos oito anos, segundo a PF, quatro bilhões e duzentos milhões de dólares.
É
uma montanha de dinheiro. Isso explica em boa parte a explosão do
mercado imobiliário em Brasília. Aqui ninguém pergunta a origem do
dinheiro na hora de comprar imóvel. E o comprador paga qualquer preço. É
o mecanismo típico de lavagem de dinheiro.
Bolsa desaba
Os
principais indicadores da economia norte-americana são decepcionantes. O
número de venda de bens duráveis em junho veio muito abaixo do
previsto. E o de venda de imóveis também está muito distante do que
havia sido previsto. A difícil recuperação norte-americana está erodindo
a presidência da Barack Obama, que agora tem a maioria dos eleitores
desaprovando sua administração.
No
Brasil, a confusão em torno do processo de capitalização da Petrobras
derruba o preço das ações na bolsa de São Paulo. As principais bolsas na
Europa e na Ásia operam em baixa. A Bovespa opera em queda de 1% aos
64.570 pontos. O dólar está em alta de 0,4%, cotado a R$ 1,77.
Cargueiro
O
novo cargueiro que está fase de projeto na Embraer, vem se
transformando num sucesso da diplomacia militar no continente. O governo
do Chile confirmou interesse em participar da construção do novo avião –
fornecendo alguns componentes – e através da aquisição de seis
unidades. O governo da Colômbia já fez idêntica proposta. Também quer
participar. E poderá haver espaço para participação de argentinos.
O
primeiro vôo do KC-390 deverá ocorrer em 2014. A Força Aérea Brasileira
já efetivou a encomenda de 28 unidades do novo cargueiro, cujo objetivo
é substituir os velhos Hércules C-130, cargueiros que trabalham na
maioria das forças aéreas do ocidente.
Rock
O
Distrito Federal conseguiu mandar um representante de alto nível a um
festival de rock organizado numa cidade no interior da Alemanha, nos
dias 5, 6 e 7 de agosto. O representante mostrou inclusive sua última
produção um CD e se apresentou como R. Schumman. Ele é na verdade
Rogério Schumman Rosso ou Rogério Rosso , atual governador do Distrito
Federal.
Minha
colega de blog, Marlene Galeazzi, publicou ontem fotos do nosso
governador travestido de roqueiro durante a festa. Dizem, aliás, que ele
toca bem. Participa, inclusive, de algumas bandas no DF. Só faltava
essa a Brasília: governador roqueiro.
O ex-governador José Roberto Arruda foi indiciado pela Polícia Federal como chefe de organização criminosa que se instalou no Governo do Distrito Federal. Alguns secretários do falecido governo estão também indiciados e diversos deputados distritais mereceram a distinção de terem seus nomes incluídos no processo. Todos deverão ser notificados pelo Ministério Público e vão responder processo perante o Superior Tribunal de Justiça.
Obama
O presidente dos Estados Unidos está descobrindo que na prática a teoria é outra. Ele despejou dinheiro no mercado, reduziu taxas de juros, estatizou empresas com objetivo de fazer com que os Estados Unidos voltassem a crescer. Aconteceu o contrário, o índice de vendas de novas residências está muito baixo – existem três milhões de residências no mercado à espera de comprador – e a taxa de desemprego está muito elevada. Resultado: mais de 50% dos norte-americanos consideram o governo ruim ou muito ruim. Desaprovam as políticas de seu chefe. Em novembro haverá eleições parlamentares, quando esses índices deverão pesar muito.
Pesquisas
Se
as pesquisas estiverem perto do que está acontecendo no eleitorado
brasileiro, Dilma pode encomendar o vestido para a posse e se preparar
para vencer no primeiro turno. A pesquisa CNT/Sensus, hoje divulgada dá a
ela enorme vantagem de 46 pontos contra 28 de Serra e oito de Marina.
Ou seja, os dois candidatos terão menos votos que a preferida do
presidente Lula. É difícil conter o clima de já ganhou. Aliás, mesmo que
discretamente, o debate sobre o novo ministério do governo Dilma já
começou.
Planalto
O
Palácio do Planalto voltou a funcionar como sede do governo federal. Os
assessores do presidente já retornaram às suas salas, onde os móveis
foram restaurados e o prédio foi todo reformado. Afinal é uma construção
de cinqüenta anos que resistiu a todas as crises políticas brasileiras
dos últimos anos. Precisava mesmo de uma revitalização.
A
obra custou mais de dez milhões de reais e atrasou muito. Deveria ter
sido entregue no último dia 21 de abril, quando o Planalto comemoraria
50 anos, junto com a cidade de Brasília. O presidente Lula está em Mato
Grosso. Só voltará amanhã a seu gabinete.
Bolsa em queda
A
confusão ocorrida com o processo de capitalização da Petrobras – ainda
não foi definido o preço do barril de petróleo que vai caucionar a
operação de oferta de títulos – derrubou o preço das ações da empresa,
que tem peso forte na formação do índice Bovespa. Ações de Petrobrás
caem 0,41% e as da Vale recuam 1,67%. O resultado é que a Bovespa abriu
hoje em queda de 1,04% aos 65.292 pontos.
O dólar abre o dia em alta de 0,56%, cotado a R$ 1,77.
Governo Dilma
O
eventual e possível governo Dilma deverá enfrentar seu primeiro teste
nas relações com os militares. A maioria dos oficiais das três armas
está hoje muito distante dos problemas de 64. Eles estão voltados para
profissionalização da tropa, o reequipamento das forças, mas tem
memória. Não admitem a reabertura de processos, nem modificar os termos
da anistia concedida ao tempo do presidente João Figueiredo. Gente
fardada está de olho no comprometimento da candidata com esses temas.
Getúlio Vargas
completam 56 anos do grande trauma política experimentado pelo
Brasil. O suicídio do presidente Getúlio Vargas no Palácio do Catete, no
Rio de Janeiro. Ele, segundo a carta testamento, serenamente deu o
primeiro passo para sair da vida e entrar na história. Morreu e
realmente entrou para a história.
Com
seu gesto destruiu os adversários, confundiu o cenário partidário
brasileiro e somente por intermédio da agilidade e da inegável
competência do presidente Juscelino Kubitschek a crise política foi
postergada. JK criou indústrias, abriu estradas e transferiu a capital
para o Planalto Central. Adiou a previsível crise política que viria a
se instalar quando o herdeiro de Getúlio, João Goulart, chegou à
presidência da República. Aí ocorreu o golpe militar.
Em
1961, no dia 25 de agosto, Jânio Quadros tentou refazer o gesto de
maneira amena. Não deu um tiro no peito. Mas renunciou a seu mandato, na
expectativa de que o povo fosse busca-lo na base aérea de Cumbica, onde
passou alguns dias esperando pelo clamor popular que o recolocaria no
Palácio do Planalto. Nada aconteceu. Ele pegou um navio em Santos e
embarcou para a Europa. Foi o começo da crise que desembocou em 64. Seu
sucessor era João Goulart.
A Bolsa de Valores de São Paulo opera, neste momento, em discreta alta de 0,36% aos 66.918 pontos. O dólar cai 0,28%, cotado a R$ 1,75. Em Nova Iorque o índice Dow Jones está em alta de 0,31%. A semana deverá mostrar muita volatilidade nos pregões. Nos Estados Unidos só na manhã da próxima sexta-feira será divulgado o índice de crescimento do produto interno bruto no segundo trimestre. A previsão é de crescimento em de torno de 1,4%. número inferior ao do primeiro trimestre. Se esse resultado se confirmar, vai demonstrar que a velocidade da recuperação norte-americana está se reduzindo.
No
Brasil deverão ocorrer novos lances relativos à capitalização da
Petrobras, embora só em setembro, nas vésperas da eleição, deverá ser
realizada a operação financeira de algo em torno de R$ 150 bilhões.
Campanha
O
comando da campanha de Dilma Rousseff está começando a discutir nomes
para compor o ministério do próximo governo. Crescem a possibilidade de
que Dilma seja eleita no primeiro turno, como o presidente Lula sempre
quis. A pífia campanha de José Serra ajudou muito a que o objetivo venha
a ser alcançado.
Crise na área médica
A
greve dos residentes em hospitais – que são os estudantes em último ano
que estão fazendo o estágio antes de entrar na profissão – é uma
desastre para o já sobrecarregado sistema público de atendimento
hospitalar. Os residentes fazem todo tipo de trabalho de recepção de
pacientes, triagem e auxiliam os médicos. Sem a presença deles, os
médicos estão fazendo de tudo ou quase tudo. Faltam médicos e com essa
situação os poucos que comparecem ao trabalho não conseguem trabalhar.
Em Brasília, a situação é particularmente difícil.
Assisti
algumas campanhas eleitorais nos Estados Unidos. Circunstâncias
diversas me levaram a estar lá, em épocas distintas, quando os
americanos decidiram entre republicanos e democratas. Não me lembro de
nada mais enfadonho, morno, desagradável e sem sal. Os candidatos se
parecem, os programas são semelhantes, os debates muitos específicos a
respeito de problemas conhecidos apenas por eles mesmos. Não há grandes
temas nacionais. Não há questionamento sobre as guerras. Apenas como
conduzi-las. Uma sensaboria sem fim.
Nos
Estados Unidos não há debate político. Existem controvérsias apenas
sobre projetos regionais. O país está pronto, o regime é estável e o
americano médio gosta do que vê e da vida que leva. Ser de esquerda lá é
votar nos democratas. Esquerda talvez seja um termo forte. Algo
parecido com socialismo europeu. Os liberais são os republicanos que
defendem o capitalismo selvagem sem retoques. Aquela gracinha, Sarah
Palin, que não chega a ter conhecimentos específicos de geografia, nem
de história, é uma representante autêntica da direita. Loura, meio
aérea, gosta de caçar, faz parte da National Rifle Association e acha que Barack Obama é comunista.
Ditadores -
Estou lembrando dessa curiosidade norte-americana porque a campanha
eleitoral brasileira está se transformando em algo perigosamente
parecido com o fenômeno norte-americano. São dois partidos, tanto aqui
quanto lá, que disputam o privilégio de mandar no país nos próximos
quatro anos. Aqui e lá existe o instituto de reeleição. E o presidente
pode se envolver diretamente na eleição de seu companheiro de partido ou
na sua própria reeleição. É a sexta vez, consecutiva, que o brasileiro é
chamado a escolher o presidente da República, desde que a Constituinte
de 1988 restabeleceu os limites da democracia no país. Isso é novidade.
Não surgiu nenhum ditador nos últimos tempos.
Mas,
a política desapareceu. Os partidos perderam a capacidade de orientar o
eleitor. Não se constituem mais em referência. Ao contrário, se coligam
em sopas de letras que não significam nada, não têm importância, nem
relevância. O que no passado era considerado de extrema direita, por
exemplo, se aliar com Maluf, hoje é ação pragmática. E os partidos da
esquerda, o PC do B, que era a esquerda da esquerda, hoje caminha para o
centro com suas alianças e deferências ao voto útil. Vale quase tudo
para laçar o voto.
Fim do comício -
Não se fazem mais comícios, shows ou carreatas. Quem os promove
trabalha ainda com padrões do século passado. A campanha agora é
asséptica. Ocorre na televisão, no rádio, na internet, nos blogs e
outras manifestações de redes sociais. O corpo a corpo foi reduzido ao
mínimo. Importante é atingir o eleitor por intermédio dos meios
disponíveis, que são muitos, inclusive os torpedos dos telefones
celulares. Não esquecer que no Brasil estão em operação mais de 140
milhões de celulares. É uma nova mídia.
A
estabilidade econômica e financeira deu sua contribuição para essa
inédita situação política no país. O brasileiro experimentou e gostou da
vida sem inflação com índices civilizados de elevação de preços. Neste
ano, eles deverão oscilar em média cinco por cento. Bem diferente da
época em que havia inflação de 50% ao mês. O Plano Real é de 1994. Quem
tem hoje 20 anos não sabe o que é descontrole de preços, necessidade de
indexar ganhos e fazer todas as compras de mês quando recebia o salário.
No dia seguinte, tudo era mais caro. Estabilidade, portanto, não está
em questão.
Renda
O
brasileiro também gostou dos projetos de desenvolvimento. A criação de
empregos dentro do país permitiu que o processo de globalização se
espalhasse pela sociedade. A ascensão das classes C, D e E modificou o
mapa do consumo. As grandes redes varejistas estão vendendo como nunca.
Há uma semana, empresa aérea brasileira estava oferecendo passagem de
Brasília para o Rio de Janeiro por 79 reais. É mais barato do que
qualquer outro meio de transporte. E muito mais rápido. Por essa razão o
volume de tráfego nos aeroporto cresce a 13% ao ano. Há escassez de mão
de obra especializada no setor aeroportuário. É assunto que também não
está em discussão.
O
projeto Ficha Limpa atribuiu ao Judiciário a faculdade de decidir quem
pode e quem não pode ser candidato. Os políticos perderam a perspectiva
de fazer projetos de longo prazo. São obrigados a cuidar de suas
próprias carreiras com muito cuidado. Qualquer descuido significa o fim
antecipado de suas respectivas vidas políticas. O debate ideológico saiu
de moda, perdeu oportunidade e não empolga ninguém. O que é ser de
esquerda no Brasil atual? E quem é a esquerda? Se a resposta for a
candidatura ilustre de Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL, seu baixíssimo
desempenho demonstra que o socialismo puro, à moda antiga, não empolga o
país. Ele não alcança um por cento nas pesquisas de opinião.
Os
candidatos entenderam os novos limites de ação do governante e do
espaço concedido ao candidato. Eleição transformou-se em marketing
eleitoral, puro e simples. Vai bem quem aparece mais bonito, usa a
melhor roupa, faz a careta certa no momento adequado e simula a emoção
que toca o coração do eleitor. As bases política e financeira do país,
pela primeira vez na história, estão consagradas pelos dois partidos que
disputam o poder. Um e outro parecem ter a noção perfeita de que o
brasileiro não quer mexer na estabilidade. A eleição ficou presa dentro
dessa arquitetura. Partidos são desimportantes. Importante é saúde,
educação, renda e emprego.
Artigo publicado hoje no Jornal de Brasília.
Planalto
Os móveis do gabinete do presidente da República estão chegando ao Palácio do Planalto neste final de semana. Depois de mais de um ano de trabalho e com muito atraso – a obra deveria ter ficado pronta para os festejos dos 50 anos de Brasília, em 21 de abril – o Palácio voltará a ser a sede do governo brasileiro. Se não houver imprevistos, o presidente voltará a despachar em sua sala na próxima quarta-feira, 25 de agosto, depois de retornar de viagem a São Paulo.
Bolsa complicada
A
controvérsia em torno da capitalização da Petrobras fez com que a a
empresa perdesse valor de mercado. Hoje, a Vale tem valor superior. Mas
as ações da petroleira brasileira estão em alta e as da Vale estão
estáveis. A Bolsa de Valores de São Paulo acompanha o mau humor dos
norte-americanos (Dow Jones está em queda de 0,68%) e opera aos 66.595
pontos, em baixa de 0,44%. O dólar está em alta de 0,51%, cotado a R$
1,76.
Obama
Quase
um terço dos americanos acha que Barack Obama é muçulmano. Outro grande
contingente, quase 20%, desconfiam que ele não é norte-americano. O
presidente já exibiu sua certidão de nascimento, do Havaí, território
norte-americano e afirma que faz sua oração todos os dias como um bom
cristão. Mas não convence.
Na
verdade, Obama, nasceu no Havaí, foi criado na Indonésia pelo segundo
marido de sua mãe, que era muçulmano. Seu pai, já falecido, nasceu no
Quênia e era, efetivamente, muçulmano. Ocorre que o presidente dos
Estados Unidos, além de negro, não tem a postura de líder militar,
impositivo, que os americanos estão acostumados ao longo da história.
Ele procura o diálogo, e não a intervenção, a confrontação, a guerra.
Está
fazendo agora uma manobra arriscadíssima. Retirar os soldados do
Iraque. Esses soldados vão retornar para o país e deverão aumentar as
filas do auxílio desemprego. Além disso, a redução das atividades
militares vai reduzir ainda mais a atividade econômica do país. Ao longo
da história dos Estados Unidos na média a cada vinte anos o país esteve
envolvido em algum conflito bélico. É tudo muito diferente.
E
a economia não dá sinais de recuperação sustentável. Está numa situação
difícil, com baixo crescimento, altíssimos déficits e desemprego em
níveis elevadíssimos. Normalmente, a soma destes quesitos destrói
qualquer reputação. E haverá eleições nos Estados Unidos no mês de
novembro. Ele deverá sentir os efeitos no resultado do pleito.
O
preço do barril de petróleo, que será utilizado como base do processo
da capitalização da Petrobras, está no centro de uma pesada, e cara,
confusão. Consultoria contratada pela empresa colocou o preço entre
cinco e seis dólares. A outra, contratada pelo governo, fez a cotação
atingir o dobro, 10 a 12 dólares. Essa diferença desabou sobre o mercado
acionário e derrubou as ações da Petrobrás. Elas ontem caíram mais de
três por cento e contribuíram para o resultado negativo da Bolsa de
Valores de São Paulo.
A
mudança do marco regulatório para a prospecção no pré-sal ainda não se
completou, mas está fazendo vítimas. O investidor está receoso de que a
Petrobras não consiga se financiar no mercado para iniciar a prospecção
em áreas profundas, que exige investimento da ordem de duzentos bilhões
de dólares.