BRASILIA E DISTRITO FEDERAL..........

PAULO MELO CORUJA NEWS
 
Inquérito

O relatório final da Polícia Federal, da sua apuração no trabalho chamado de Caixa de Pandora, é estarrecedor. Trata-se de um trabalho profissional, bem conduzido, bem elaborado, cheio de detalhes e conclui apontando responsáveis, um por um. Inacreditável que tenham sido desviados nos últimos oito anos, segundo a PF, quatro bilhões e duzentos milhões de dólares.
É uma montanha de dinheiro. Isso explica em boa parte a explosão do mercado imobiliário em Brasília. Aqui ninguém pergunta a origem do dinheiro na hora de comprar imóvel. E o comprador paga qualquer preço. É o mecanismo típico de lavagem de dinheiro.
 

Bolsa desaba
 Os principais indicadores da economia norte-americana são decepcionantes. O número de venda de bens duráveis em junho veio muito abaixo do previsto. E o de venda de imóveis também está muito distante do que havia sido previsto. A difícil recuperação norte-americana está erodindo a presidência da Barack Obama, que agora tem a maioria dos eleitores desaprovando sua administração.
No Brasil, a confusão em torno do processo de capitalização da Petrobras derruba o preço das ações na bolsa de São Paulo. As principais bolsas na Europa e na Ásia operam em baixa. A Bovespa opera em queda de 1% aos 64.570 pontos. O dólar está em alta de 0,4%, cotado a R$ 1,77.
 

Cargueiro
 O novo cargueiro que está fase de projeto na Embraer, vem se transformando num sucesso da diplomacia militar no continente. O governo do Chile confirmou interesse em participar da construção do novo avião – fornecendo alguns componentes – e através da aquisição de seis unidades. O governo da Colômbia já fez idêntica proposta. Também quer participar. E poderá haver espaço para participação de argentinos.
O primeiro vôo do KC-390 deverá ocorrer em 2014. A Força Aérea Brasileira já efetivou a encomenda de 28 unidades do novo cargueiro, cujo objetivo é substituir os velhos Hércules C-130, cargueiros que trabalham na maioria das forças aéreas do ocidente.
 

Rock
 O Distrito Federal conseguiu mandar um representante de alto nível a um festival de rock organizado numa cidade no interior da Alemanha, nos dias 5, 6 e 7 de agosto. O representante mostrou inclusive sua última produção um CD e se apresentou como R. Schumman. Ele é na verdade Rogério Schumman Rosso ou Rogério Rosso , atual governador do Distrito Federal.
Minha colega de blog, Marlene Galeazzi, publicou ontem fotos do nosso governador travestido de roqueiro durante a festa. Dizem, aliás, que ele toca bem. Participa, inclusive, de algumas bandas no DF. Só faltava essa a Brasília: governador roqueiro.
  

 O ex-governador José Roberto Arruda foi indiciado pela Polícia Federal como chefe de organização criminosa que se instalou no Governo do Distrito Federal. Alguns secretários do falecido governo estão também indiciados e diversos deputados distritais mereceram a distinção de terem seus nomes incluídos no processo. Todos deverão ser notificados pelo Ministério Público e vão responder processo perante o Superior Tribunal de Justiça.

Obama

 O presidente dos Estados Unidos está descobrindo que na prática a teoria é outra. Ele despejou dinheiro no mercado, reduziu taxas de juros, estatizou empresas com objetivo de fazer com que os Estados Unidos voltassem a crescer. Aconteceu o contrário, o índice de vendas de novas residências está muito baixo – existem três milhões de residências no mercado à espera de comprador – e a taxa de desemprego está muito elevada. Resultado: mais de 50% dos norte-americanos consideram o governo ruim ou muito ruim. Desaprovam as políticas de seu chefe. Em novembro haverá eleições parlamentares, quando esses índices deverão pesar muito.
 

Pesquisas
         
 Se as pesquisas estiverem perto do que está acontecendo no eleitorado brasileiro, Dilma pode encomendar o vestido para a posse e se preparar para vencer no primeiro turno. A pesquisa CNT/Sensus, hoje divulgada dá a ela enorme vantagem de 46 pontos contra 28 de Serra e oito de Marina. Ou seja, os dois candidatos terão menos votos que a preferida do presidente Lula. É difícil conter o clima de já ganhou. Aliás, mesmo que discretamente, o debate sobre o novo ministério do governo Dilma já começou.
 

Planalto
         O Palácio do Planalto voltou a funcionar como sede do governo federal. Os assessores do presidente já retornaram às suas salas, onde os móveis foram restaurados e o prédio foi todo reformado. Afinal é uma construção de cinqüenta anos que resistiu a todas as crises políticas brasileiras dos últimos anos. Precisava mesmo de uma revitalização.
         A obra custou mais de dez milhões de reais e atrasou muito. Deveria ter sido entregue no último dia 21 de abril, quando o Planalto comemoraria 50 anos, junto com a cidade de Brasília. O presidente Lula está em Mato Grosso. Só voltará amanhã a seu gabinete.
 

Bolsa em queda

A confusão ocorrida com o processo de capitalização da Petrobras – ainda não foi definido o preço do barril de petróleo que vai caucionar a operação de oferta de títulos – derrubou o preço das ações da empresa, que tem peso forte na formação do índice Bovespa. Ações de Petrobrás caem 0,41% e as da Vale recuam 1,67%. O resultado é que a Bovespa abriu hoje em queda de 1,04% aos 65.292 pontos.
         O dólar abre o dia em alta de 0,56%, cotado a R$ 1,77.
 

Governo Dilma

O eventual e possível governo Dilma deverá enfrentar seu primeiro teste nas relações com os militares. A maioria dos oficiais das três armas está hoje muito distante dos problemas de 64. Eles estão voltados para profissionalização da tropa, o reequipamento das forças, mas tem memória. Não admitem a reabertura de processos, nem modificar os termos da anistia concedida ao tempo do presidente João Figueiredo. Gente fardada está de olho no comprometimento da candidata com esses temas.
 

Getúlio Vargas
          
 completam 56 anos do grande trauma política experimentado pelo Brasil. O suicídio do presidente Getúlio Vargas no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro. Ele, segundo a carta testamento, serenamente deu o primeiro passo para sair da vida e entrar na história. Morreu e realmente entrou para a história.
         Com seu gesto destruiu os adversários, confundiu o cenário partidário brasileiro e somente por intermédio da agilidade e da inegável competência do presidente Juscelino Kubitschek a crise política foi postergada. JK criou indústrias, abriu estradas e transferiu a capital para o Planalto Central. Adiou a previsível crise política que viria a se instalar quando o herdeiro de Getúlio, João Goulart, chegou à presidência da República. Aí ocorreu o golpe militar.
         Em 1961, no dia 25 de agosto, Jânio Quadros tentou refazer o gesto de maneira amena. Não deu um tiro no peito. Mas renunciou a seu mandato, na expectativa de que o povo fosse busca-lo na base aérea de Cumbica, onde passou alguns dias esperando pelo clamor popular que o recolocaria no Palácio do Planalto. Nada aconteceu. Ele pegou um navio em Santos e embarcou para a Europa. Foi o começo da crise que desembocou em 64. Seu sucessor era João Goulart.
 

 A Bolsa de Valores de São Paulo opera, neste momento, em discreta alta de 0,36% aos 66.918 pontos. O dólar cai 0,28%, cotado a R$ 1,75. Em Nova Iorque o índice Dow Jones está em alta de 0,31%. A semana deverá mostrar muita volatilidade nos pregões. Nos Estados Unidos só na manhã da próxima sexta-feira será divulgado o índice de crescimento do produto interno bruto no segundo trimestre. A previsão é de crescimento em de torno de 1,4%. número inferior ao do primeiro trimestre. Se esse resultado se confirmar, vai demonstrar que a velocidade da recuperação norte-americana está se reduzindo.
No Brasil deverão ocorrer novos lances relativos à capitalização da Petrobras, embora só em setembro, nas vésperas da eleição, deverá ser realizada a operação financeira de algo em torno de R$ 150 bilhões.
 

Campanha
 O comando da campanha de Dilma Rousseff está começando a discutir nomes para compor o ministério do próximo governo. Crescem a possibilidade de que Dilma seja eleita no primeiro turno, como o presidente Lula sempre quis. A pífia campanha de José Serra ajudou muito a que o objetivo venha a ser alcançado.
 

Crise na área médica
 A greve dos residentes em hospitais – que são os estudantes em último ano que estão fazendo o estágio antes de entrar na profissão – é uma desastre para o já sobrecarregado sistema público de atendimento hospitalar. Os residentes fazem todo tipo de trabalho de recepção de pacientes, triagem e auxiliam os médicos. Sem a presença deles, os médicos estão fazendo de tudo ou quase tudo. Faltam médicos e com essa situação os poucos que comparecem ao trabalho não conseguem trabalhar. Em Brasília, a situação é particularmente difícil.
  
    
 Assisti algumas campanhas eleitorais nos Estados Unidos. Circunstâncias diversas me levaram a estar lá, em épocas distintas, quando os americanos decidiram entre republicanos e democratas. Não me lembro de nada mais enfadonho, morno, desagradável e sem sal. Os candidatos se parecem, os programas são semelhantes, os debates muitos específicos a respeito de problemas conhecidos apenas por eles mesmos. Não há grandes temas nacionais. Não há questionamento sobre as guerras. Apenas como conduzi-las. Uma sensaboria sem fim.
         Nos Estados Unidos não há debate político. Existem controvérsias apenas sobre projetos regionais. O país está pronto, o regime é estável e o americano médio gosta do que vê e da vida que leva. Ser de esquerda lá é votar nos democratas. Esquerda talvez seja um termo forte. Algo parecido com socialismo europeu. Os liberais são os republicanos que defendem o capitalismo selvagem sem retoques. Aquela gracinha, Sarah Palin, que não chega a ter conhecimentos específicos de geografia, nem de história, é uma representante autêntica da direita. Loura, meio aérea, gosta de caçar, faz parte da National Rifle Association e acha que Barack Obama é comunista.
         Ditadores - Estou lembrando dessa curiosidade norte-americana porque a campanha eleitoral brasileira está se transformando em algo perigosamente parecido com o fenômeno norte-americano. São dois partidos, tanto aqui quanto lá, que disputam o privilégio de mandar no país nos próximos quatro anos. Aqui e lá existe o instituto de reeleição. E o presidente pode se envolver diretamente na eleição de seu companheiro de partido ou na sua própria reeleição. É a sexta vez, consecutiva, que o brasileiro é chamado a escolher o presidente da República, desde que a Constituinte de 1988 restabeleceu os limites da democracia no país. Isso é novidade. Não surgiu nenhum ditador nos últimos tempos.
         Mas, a política desapareceu. Os partidos perderam a capacidade de orientar o eleitor. Não se constituem mais em referência. Ao contrário, se coligam em sopas de letras que não significam nada, não têm importância, nem relevância. O que no passado era considerado de extrema direita, por exemplo, se aliar com Maluf, hoje é ação pragmática. E os partidos da esquerda, o PC do B, que era a esquerda da esquerda, hoje caminha para o centro com suas alianças e deferências ao voto útil. Vale quase tudo para laçar o voto.
         Fim do comício - Não se fazem mais comícios, shows ou carreatas. Quem os promove trabalha ainda com padrões do século passado. A campanha agora é asséptica. Ocorre na televisão, no rádio, na internet, nos blogs e outras manifestações de redes sociais. O corpo a corpo foi reduzido ao mínimo. Importante é atingir o eleitor por intermédio dos meios disponíveis, que são muitos, inclusive os torpedos dos telefones celulares. Não esquecer que no Brasil estão em operação mais de 140 milhões de celulares. É uma nova mídia.
         A estabilidade econômica e financeira deu sua contribuição para essa inédita situação política no país. O brasileiro experimentou e gostou da vida sem inflação com índices civilizados de elevação de preços. Neste ano, eles deverão oscilar em média cinco por cento. Bem diferente da época em que havia inflação de 50% ao mês. O Plano Real é de 1994. Quem tem hoje 20 anos não sabe o que é descontrole de preços, necessidade de indexar ganhos e fazer todas as compras de mês quando recebia o salário. No dia seguinte, tudo era mais caro. Estabilidade, portanto, não está em questão.
    
Renda

 O brasileiro também gostou dos projetos de desenvolvimento. A criação de empregos dentro do país permitiu que o processo de globalização se espalhasse pela sociedade. A ascensão das classes C, D e E modificou o mapa do consumo. As grandes redes varejistas estão vendendo como nunca. Há uma semana, empresa aérea brasileira estava oferecendo passagem de Brasília para o Rio de Janeiro por 79 reais. É mais barato do que qualquer outro meio de transporte. E muito mais rápido. Por essa razão o volume de tráfego nos aeroporto cresce a 13% ao ano. Há escassez de mão de obra especializada no setor aeroportuário. É assunto que também não está em discussão.
         O projeto Ficha Limpa atribuiu ao Judiciário a faculdade de decidir quem pode e quem não pode ser candidato. Os políticos perderam a perspectiva de fazer projetos de longo prazo. São obrigados a cuidar de suas próprias carreiras com muito cuidado. Qualquer descuido significa o fim antecipado de suas respectivas vidas políticas. O debate ideológico saiu de moda, perdeu oportunidade e não empolga ninguém. O que é ser de esquerda no Brasil atual? E quem é a esquerda? Se a resposta for a candidatura ilustre de Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL, seu baixíssimo desempenho demonstra que o socialismo puro, à moda antiga, não empolga o país. Ele não alcança um por cento nas pesquisas de opinião.
         Os candidatos entenderam os novos limites de ação do governante e do espaço concedido ao candidato. Eleição transformou-se em marketing eleitoral, puro e simples. Vai bem quem aparece mais bonito, usa a melhor roupa, faz a careta certa no momento adequado e simula a emoção que toca o coração do eleitor. As bases política e financeira do país, pela primeira vez na história, estão consagradas pelos dois partidos que disputam o poder. Um e outro parecem ter a noção perfeita de que o brasileiro não quer mexer na estabilidade. A eleição ficou presa dentro dessa arquitetura. Partidos são desimportantes. Importante é saúde, educação, renda e emprego.
Artigo publicado hoje no Jornal de Brasília.




Planalto

Os móveis do gabinete do presidente da República estão chegando ao Palácio do Planalto neste final de semana. Depois de mais de um ano de trabalho e com muito atraso – a obra deveria ter ficado pronta para os festejos dos 50 anos de Brasília, em 21 de abril – o Palácio voltará a ser a sede do governo brasileiro. Se não houver imprevistos, o presidente voltará a despachar em sua sala na próxima quarta-feira, 25 de agosto, depois de retornar de viagem a São Paulo.
 

Bolsa complicada

A controvérsia em torno da capitalização da Petrobras fez com que a a empresa perdesse valor de mercado. Hoje, a Vale tem valor superior. Mas as ações da petroleira brasileira estão em alta e as da Vale estão estáveis. A Bolsa de Valores de São Paulo acompanha o mau humor dos norte-americanos (Dow Jones está em queda de 0,68%) e opera aos 66.595 pontos, em baixa de 0,44%. O dólar está em alta de 0,51%, cotado a R$ 1,76.
 

Obama
          
Quase um terço dos americanos acha que Barack Obama é muçulmano. Outro grande contingente, quase 20%, desconfiam que ele não é norte-americano. O presidente já exibiu sua certidão de nascimento, do Havaí, território norte-americano e afirma que faz sua oração todos os dias como um bom cristão. Mas não convence.
         Na verdade, Obama, nasceu no Havaí, foi criado na Indonésia pelo segundo marido de sua mãe, que era muçulmano. Seu pai, já falecido, nasceu no Quênia e era, efetivamente, muçulmano. Ocorre que o presidente dos Estados Unidos, além de negro, não tem a postura de líder militar, impositivo, que os americanos estão acostumados ao longo da história. Ele procura o diálogo, e não a intervenção, a confrontação, a guerra.
         Está fazendo agora uma manobra arriscadíssima. Retirar os soldados do Iraque. Esses soldados vão retornar para o país e deverão aumentar as filas do auxílio desemprego. Além disso, a redução das atividades militares vai reduzir ainda mais a atividade econômica do país. Ao longo da história dos Estados Unidos na média a cada vinte anos o país esteve envolvido em algum conflito bélico. É tudo muito diferente.
         E a economia não dá sinais de recuperação sustentável. Está numa situação difícil, com baixo crescimento, altíssimos déficits e desemprego em níveis elevadíssimos. Normalmente, a soma destes quesitos destrói qualquer reputação. E haverá eleições nos Estados Unidos no mês de novembro. Ele deverá sentir os efeitos no resultado do pleito. 
 
Petrobras
 
O preço do barril de petróleo, que será utilizado como base do processo da capitalização da Petrobras, está no centro de uma pesada, e cara, confusão. Consultoria contratada pela empresa colocou o preço entre cinco e seis dólares. A outra, contratada pelo governo, fez a cotação atingir o dobro, 10 a 12 dólares. Essa diferença desabou sobre o mercado acionário e derrubou as ações da Petrobrás. Elas ontem caíram mais de três por cento e contribuíram para o resultado negativo da Bolsa de Valores de São Paulo.
         A mudança do marco regulatório para a prospecção no pré-sal ainda não se completou, mas está fazendo vítimas. O investidor está receoso de que a Petrobras não consiga se financiar no mercado para iniciar a prospecção em áreas profundas, que exige investimento da ordem de duzentos bilhões de dólares.