ELEIÇÕES NO PERU: SEGUNDO TURNO TEM UM EX MILITAR DE ESQUERDA HUMALA, E A FILHA DE FUGIMORY

PAULO MELO CORUJA NEWS

Peru terá um segundo turno com Humala e Keiko Fujimori

Foto: Ernesto Benavides/AFP  Eleitores do candidato de esquerda, Ollanta Humala, celebram depois dos resultados das eleições no Peru Eleitores do candidato de esquerda, Ollanta Humala, celebram depois dos resultados das eleições no Peru

Da AFP

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O ex-militar de esquerda Ollanta Humala, que promete redistribuir a riqueza do país, foi para o segundo turno, nas eleições presidenciais deste domingo, no Peru, acompanhado da parlamentar Keiko Fujimori, filha do ex-presidente preso Alberto Fujimori. Keiko teria obtido um segundo lugar por muito pouco, em relação ao percentual de votos recebido pelo terceiro candidato, de acordo com pesquisas de boca de urna.

Logo depois de votar, o presidente peruano, Alan García, afirmou que qualquer que seja o resultado das urnas, "será uma transição pacífica, ordenada e sistemática para que o país continue avançando".

Humala, de 48 anos, conseguiu um terço da votação, num país com um terço da população abaixo da linha da pobreza, segundo três empresas diferentes de pesquisa. Assim, Humala obteve 31,6% dos votos, seguido de Keiko Fujimori com 21,4% e Pedro Pablo Kuczynski com 19,2%, segundo a Ipsos-Apoyo.

Para a empresa CPI, o nacionalista Humala chega com 33%, Fujimori com 22% e por fim Kuczynski com 19%. De acordo com a Datum, Humala tem 33,8% dos votos, Fujimori 21,3% e Kuczynski 19,5%.Se a contagem oficial confirmar estes resultados, os peruanos deverão escolher no dia 5 de junho entre um ex-militar a quem os adversários acusam de estar alinhado ao presidente venezuelano Hugo Chávez, e a herdeira do ex-presidente Fujimori que instaurou um regime autoritário no Peru.

Tanto Keiko Fujimori quando Humala destacaram que esperariam a contagem rápida dos votos, um procedimento mais preciso e previsto para as 23H00 GMT (20H00, horário de Brasília), antes de fazer uma declaração.

Kuczynski, um milionário de 72 anos que foi ministro da Economia e primeiro-ministro do governo de Toledo, obteve um aumento sustentado nas pesquisas nas últimas semanas.

Numa tendência inversa, o ex-presidente Toledo (65 anos), com entre 15% e 16% nas pesquisas de boca de urna, liderou as sondagens até fevereiro, mas em março começou a declinar. Humala, que participou de uma rebelião militar contra Alberto Fujimori, fez questão de marcar distâncias com o presidente Hugo Chávez, durante a campanha, de quem disse não compartilhar "o modelo a ser aplicado em seu país". O Brasil é "o modelo a seguir", destacou.

"Humala sintoniza com um amplo setor do eleitorado nacional que exige mudanças na política econômica neoliberal e um efetivo combate à corrupção", disse à AFP o analista Carlos Reina, lembrando que 34% da população do país vive na pobreza.

Keiko Fujimori, que goza do apoio dos nostálgicos do regime de seu pai, que derrotou a guerrilha do Sendero Luminoso e a hiperinflação, poderia mergulhar o país na instabilidade, segundo os analistas, se indultar o pai, que cumpre uma sentença de 25 anos de prisão por violação dos direitos humanos.

Humala - que tem grande apoio nos setores andinos do sul do país - prometeu convocar uma Assembleia Constituinte que instaure, entre outras coisas, a possibilidade de revogar os cargos eletivos e nacionalizar empresas.

Neste domingo, Humala pediu a todos que "votassem sem medo. Estamos aqui afirmando a democracia, nunca a questionamos".