PERFIL FALSO NO ORKUT FALA DE MASSACRER EM ESCOLA UMA SEMANA ANTES DATRAGÉDIO EM REALENGO RJ

PAULO MELO CORUJA NEWS

Perfil falso no Orkut fala de massacre em
escola uma semana antes da tragédia no Rio

Texto postado durante discussão sobre bullying repercutiu em blogs e até no Twitter
Do R7
Repodução / Agência EstadoRepodução / Agência Estado
Wellington de Oliveira promoveu uma chacina na Escola Municipal Tassio da Silveira, no Rio
Um perfil no Orkut publicou uma mensagem, sete dias antes do massacre ocorrido nesta quinta-feira (7) no Rio de Janeiro, com o aviso que, em breve, poderia acontecer uma tragédia em uma escola.

- Teremos um documentário no estilo Columbine [Tiros em Columbine, do cineasta americano Michael Moore, sobre uma tragédia semelhante à do Rio, ocorrida nos Estados Unidos] nas telinhas nacionais. Nem estou chorando, apenas me preparando para uma chacina que irei fazer no colégio que fui bulinado [sic.].

O texto, postado durante uma discussão aberta há semanas sobre bullying [intimidação] escolar, gerou repercussão em blogs e redes sociais, como o próprio Orkut, e o Twitter.

Inicialmente, circularam pela internet imagens que identificam como autor da mensagem um perfil falso com nome e foto do polêmico deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ). O perfil teria sido deletado entre ontem e esta sexta-feira (8).

Em seguida, outro usuário anunciou, na mesma comunidade, que foi seu irmão quem postou o comentário. Ele acrescentou que, a partir da publicação, o irmão teria recebido um suposto recado pelo Orkut enviado por outro usuário dessa rede social, que teria se identificado com a decisão de promover um massacre escolar, e que faria o mesmo em sua antiga escola nos próximos dias.

Uma imagem que supostamente reproduz o recado recebido também circulou pela internet e foi reproduzida em blogs e perfis do Twitter. A cantora Preta Gil, por exemplo, encaminhou a seus contatos no Twitter link para um blog que chamava a atenção para um possível novo ataque.

Provocação virtual

Na linguagem da internet, o caso se enquadra no conceito de troll, que acontece quando alguém publica em sites, fóruns e redes sociais algum conteúdo com o objetivo de fazer uma discussão “pegar fogo”.

Segundo Erick Itakura, psicólogo do Núcleo de Pesquisas da Psicologia da Informática da PUC-SP, não existe um perfil específico de quem pratica o troll, já que qualquer pessoa pode “incendiar” uma discussão.

- Na internet o teclado aceita tudo. Nesse contexto, a função do troll é pegar uma discussão e botar fogo. Ele não chama a atenção para ele. Apenas publica algo geralmente em tom de provocação, podendo ser ofensivo. Isso, por si só, vai chamar a atenção.

É comum, segundo o psicólogo, que o praticante do troll atue quando a discussão está acabando. Essa característica faz com que nem sempre o troll seja negativo, pois pode ajudar a manter boas discussões.

- Se o papo sai muito do controle é recomendável que não se alimente o troll. É melhor nunca contra-argumentar. As redes sociais são espaços positivos porque as pessoas desabafam, mas não são muito seguras porque a gente não tem como saber a exata repercussão que o conteúdo vai ter. É preciso cuidado para não cair nas ondas da internet. Quem publicou essa referência ao massacre de Columbine só teve uma publicidade a mais.