MÃE LEVA 12 HORAS PARA IDENTIFICAR A FILHA MORTA EM MASSACRE

PAULO MELO CORUJA NEWS

Mãe espera 12 horas para identificar filha morta em massacre

DO RIO
Tragédia em escola no Rio Mãe de Samira Pires, 12, uma das 12 vítimas do massacre na escola de Realengo (zona oeste do Rio), Vera Lúcia Pires ficou toda a quinta-feira (7) sem saber se a filha estava viva ou morta. Somente à noite, por volta das 20h, ela recebeu uma foto do corpo da filha e conseguiu fazer a identificação.


"Foi muita ansiedade, mas no fundo sabia que ela tinha morrido. Alguma coisa me dizia", disse Vera Lúcia, abatida, mas sem chorar. "Já não tenho mais lágrimas."
A mãe conta que, assim que soube da tragédia, correu para o colégio. "Mas não me deixaram subir. Fui barrada. Entrei em desespero."
Desse momento em diante, começou o desespero da família para identificar o corpo de Samira, enterrada nesta sexta-feira, pouco depois das 17h, no cemitério de Santa Cruz, zona oeste do Rio.
"Perdi minha bonequinha. Eu cuidava dela. Era como se fosse a minha filinha", dizia, em prantos, Priscila Pires, irmã da vítima.

Sergio Moraes/Reuters
Familiares e amigos de Rafael Pereira, vítima do massacre em escola do Rio, se emocionam durante velório
Familiares e amigos de Rafael Pereira, vítima do massacre em escola do Rio, se emocionam durante velório
Na manhã de hoje foram enterrados os corpos de outras vítimas do massacre. Os enterros reuniram centenas de pessoas em dois cemitérios e deixaram familiares e amigos emocionados --algumas pessoas chegaram a passar mal, mas nenhuma com gravidade.
Igor Morais, 13, Rafael Pereira da Silva, 14, Larissa dos Santos Atanázio, 13, Karine Lorraine Chagas de Oliveira, 14, e Luiza Paula da Silveira, 14, foram enterrados no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap (zona oeste).
No cemitério do Murundu, em Padre Miguel, ocorreram os enterros de Mariana Rocha de Souza, 12, Laryssa Silva Martins, 13, Bianca Rocha Tavares, 13, e Milena Santos Nascimento, 14. A adolescente Géssica Guedes Pereira, 15, foi velada no local, mas enterrada no cemitério Ricardo de Albuquerque.
Ana Carolina Pacheco da Silva, 13, será cremada neste sábado (9) no Memorial do Carmo, no cemitério do Caju (zona portuário do Rio), às 8h.
TIROS
A tragédia ocorreu por volta das 8h30 de quinta-feira (7), após Wellington Menezes de Oliveira, 23, entrar na escola onde cursou o ensino fundamental e dizer que buscaria seu histórico escolar. Depois, disse que daria uma palestra e, já em uma sala de aula, começou a atirar nos alunos.
Relatos de sobreviventes afirmam que ele mirava na direção nas meninas. Uma das alunas contou aos policiais que, ao ouvir apelos para não atirar, Oliveira mirava na direção delas, tendo como alvo a cabeça.
Os policiais informaram ainda que, pelas análises preliminares, há indicações de que Oliveira treinou para executar o crime.
Durante o tiroteio, um garoto, ferido, conseguiu escapar e avisar a Polícia Militar. O policial Márcio Alexandre Alves relatou que Oliveira chegou a apontar a arma para ele quando estava na escada que dá acesso ao terceiro andar do prédio, onde alunos estavam escondidos. O policial disse ter atirado no criminoso e pedido que ele largasse a arma. Em seguida, Oliveira se matou com um tiro na cabeça.
A motivação do crime será investigada. De acordo com a polícia, o atirador usou dois revólveres e tinha muita munição. Além de colete a prova de balas, usava cinturão com armamento. Em carta (leia íntegra aqui), o criminoso fala em "perdão de Deus" e diz que quer ser enterrado ao lado de sua mãe.
A escola atende estudantes com idades entre 9 a 14 anos --da 4ª a 9ª série, segundo a Secretaria Municipal da Educação. São 999 alunos, sendo 400 no período da manhã.