PAULO MELO CORUJA NEWS
Presidente do PT federal, Rui Falcão encontra-se em situação incômoda. Ele integra o grupo político de Marta Suplicy. Assessorou-a na prefeitura de São Paulo (2001-2004).
Os cofres públicos estariam livres de muitos ataques se os responsáveis pelo manuseio das chaves adotassem uma máxima simples: na dúvida, faça o contrário.
A ministra Ideli Salvatti, hoje gestora das verbas e dos cargos, já esteve do outro lado do balcão.
Rui Falcão: a despeito de Lula, ‘Marta não vai desistir’
Ricardo Weg/DivulgaçãoPresidente do PT federal, Rui Falcão encontra-se em situação incômoda. Ele integra o grupo político de Marta Suplicy. Assessorou-a na prefeitura de São Paulo (2001-2004).
Agora, às voltas com a montage do palanque municipal de 2012, Falcão assiste aos movimentos de Lula em favor da candidatura de Fernando Haddad.
Em entrevista ao repórter Luiz Maklouf Carvalho, veiculada na última edição de ‘Época’, o mandachuva do PT foi instado a comentar o tema.
Falcão se absteve de revelar sua posição pessoal. Mas declarou: “Meu feeling é que ela não vai desistir. Ela tem dito a apoiadores dela que vai continuar.”
Vai abaixo o pedaço da entrevista que girou em torno da disputa paulistana:
– O ex-presidente Lula está “tratorando” o PT ao bancar a candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad, a prefeito de São Paulo? O Lula é a maior liderança do PT e sempre foi muito ouvido. Essa expressão “tratorando” não se aplica, porque, embora ele argumente e faça manifestar suas preferências, nunca impôs isso ao partido.
– Ele tem dito, referindo-se a Haddad, que São Paulo precisa de algo novo. A senadora Marta Suplicy diz que, se Lula quiser perder, fique com Haddad. Como se resolve esse conflito? O Lula está chamando as pessoas para conversar. Ele não pediu para ninguém retirar sua candidatura. Então nós estamos caminhando para uma prévia, que está prevista no estatuto do PT.
– Dizer que Lula vai perder se for com Haddad não é uma provocação? Não é provocação. Uma frase como essa puxa manchete, mas ela quis dizer o seguinte: “Eu conheço mais a cidade, eu tenho mais diálogo com a população e, portanto, eu sou a candidata favorita. Então, se alguém quer perder, apoie o outro candidato”. É uma avaliação, com base em pesquisa.
– O que vê de novo em Haddad? O argumento da novidade não é bom para qualificar o Haddad, que tem outras qualidades. Novidade são também o Jilmar Tatto e o Carlos Zaratini [deputados petistas que também pleiteiam a vagado PT] porque conhecem a cidade, foram secretários e têm realizações para mostrar. No passado, o Lula já disse que um dos problemas do PT é que ele não repetia candidato.
– Sua candidata é a Marta? Não tenho candidato. Como presidente do PT, não devo manifestar preferência neste momento.
– Marta pode abrir mão de sua pretensão à candidatura? Meu feeling é que ela não vai desistir. Ela tem dito a apoiadores dela que vai continuar.
Gleisi trata procurador-geral como ‘consultor-pessoal’
Sérgio Lima/FolhaOs cofres públicos estariam livres de muitos ataques se os responsáveis pelo manuseio das chaves adotassem uma máxima simples: na dúvida, faça o contrário.
Ex-diretora de Itaipu, Gleisi Hoffmann recebeu tratamento e verbas de demitida ao pedir demissão.
Seguindo a máxima do “faça o contrário”, a estatal não teria liberado a grana e a ministra não a teria embolsado.
Como o bom senso foi negligenciado, Gleisi tornou-se devedora de explicações e Itaipu credora de ressarcimento.
Levada às manchetes de ponta-cabeça, a chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff inovou: transformou o procurador-geral em consultor-pessoal.
É o que informa, na Folha, o Painel. Leia:
- De Gleisi para o PGR: Em carta enviada ontem ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, Gleisi Hoffmann pergunta se foi lesiva ao erário a operação que lhe permitiu receber R$ 41 mil de multa ao deixar a diretoria de Itaipu, em 2006, para concorrer pela primeira vez ao Senado pelo Paraná.
O valor, equivalente a 40% do saldo de seu Fundo de Garantia à época, foi liberado embora a petista tenha saído da empresa por iniciativa própria.
Na consulta endereçado ao PGR, a ministra da Casa Civil se declara disposta a devolver o dinheiro, se o Ministério Público entender que houve prejuízo aos cofres públicos. Nesse caso, ela pede ainda que se defina o índice de correção para a restituição.
- Vacina: Com a medida, Gleisi se antecipa à bancada do PSDB na Câmara, que na próxima semana entrará com representação na Procuradoria-Geral acusando a ministra de ter se beneficiado de pagamento indevido.
Para o líder tucano, Duarte Nogueira, a prática configuraria improbidade e peculato.
Para FHC, CPI só se for ‘pró-Brasil’, não ‘anti-governo’
Fotos: Folha e ReutersNum instante em que o PSDB tenta calibrar suas divergências em relação a Dilma Rousseff, FHC defende em artigo a busca de “convergências em favor da decência.”Dilma já escondeu a vassoura atrás da porta. Mas Fernando Henrique Cardoso não desistiu de apoiá-la na “faxina”.
“O país cansou da roubalheira”, anota o presidente de honra do tucanato em texto pendurado no blog que mantém no recém-lançado site ‘Observador Político’.
Para FHC, já “não basta denunciar, demitir, prender” os malfeitores. Achegando-se um pouco mais a Dilma, ele defende:
“É preciso buscar convergências em favor da decência nas coisas públicas. Deve-se ir fechando os canais que facilitam a corrupção.”
Sugere “reduzir drasticamente o número de pessoas nomeadas para o exercício de funções públicas sem pertencer ao quadro de funcionários da União.”
Há na máquina federal algo como 22 mil cadeiras cuja ocupação depende mais do padrinho político do que das credenciais do nomeado.
Já era assim quando FHC ocupou a Presidência da República. Em oito anos de reinado tucano, nada se fez. Dilma parece ter reanimado o ex-rival:
“Por que não propor no Congresso algo nesta direção?”, FHC se pergunta. “Não acabaria a corrupção”, ele reconhece.
Mas “resguardaria os partidos e o Congresso do cheiro de podridão que a sociedade não aguenta mais e atribui só a eles e seus apadrinhados os malefícios do Executivo.”
O novo tom de FHC deixa os tucanos de plumas eriçadas. Enquanto o PSDB recolhe assinaturas para abrir uma CPI da corrupção, seu líder máximo leva o pé atrás.
CPI? Sim, claro, escreve FHC. Desde que não venha com a certidão de nascimento “carimbada de anti-governo.” Tem de ser uma CPI “pró-Brasil”.
Na opinião de FHC, Dilma “reagiu” contra alguns dos “desmandos” que herdou. “Importa pouco insistir em que a reação veio tarde, pois antes tarde do que nunca.”
Ele recorda em seu texto que “as pessoas sérias, inclusive no Parlamento, procuram dissociar-se das teias de corrupção.”
Decerto refere-se ao “grupo ético” do Senado, liderado por Pedro Simon (PMDB-RS) –apoiadores que Dilma deixou pendurados na vassoura, falando sozinhos.
Para não dizerem que perdeu o cacoete de oposicionista, FHC bateu em Lula:
“Desde o ‘mensalão’, com a permissividade do próprio presidente da época, a onda de desmandos e as teias de cumplicidade se avolumaram”, anota.
Evoca comentários atribuídos a Lula quando confrontado com casos de corrupção:
“’Não é tão grave assim’ ou então, ‘foi coisa de aloprados’ ou ainda de que se trataria ‘apenas’ de dinheiro para pagar contas de campanha eleitoral.” Acrescenta:
“Com esta leniência compreende-se que pessoas ou setores dos partidos que apóiam o governo se sintam mais à vontade para entoar o cântico do dá-cá-toma-lá.”
Nos seus dois mandatos, FHC também deu e recebeu. Mas ele se esquiva das explicações:
“Menos interessa, a esta altura dos acontecimentos, saber se houve corrupção em outros governos. Malfeitorias sempre houve…”
“…A diferença é que, de uns anos para cá, ela mudou de patamar com o sinal de perdão diante de cada caso denunciado.”
Importante mesmo é considerar que Dilma “reagiu” e perseguir as tais “convergências em favor da decência.”
Na campanha eleitoral, FHC alvejara Dilma com alguma virulência. Tachara-a de “boneca de ventríloquo”, insinuara que era despreparada.
Amoleceu o discurso depois de receber de Dilma uma carta amistosa. A pretexto de cumprimentá-lo pelo aniversário de 80 anos, a ex-boneca afagou FHC.
Chamou-o de "acadêmico inovador", "político habilidoso", "o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica."
O PSDB talvez devesse enviar uma carta ao seu líder. Um texto no qual pedisse perdão por ter escondido seu amor no armário por tantos pleitos e carnavais. Ou isso ou adeus!
Emendas de Ideli levaram verbas a ONG de assessor
Antônio Cruz/ABrA ministra Ideli Salvatti, hoje gestora das verbas e dos cargos, já esteve do outro lado do balcão.
Ao tempo em que era senadora, Ideli valeu-se de duas emendas –uma de 2008, outra de 2010— para destinar R$ 200 mil da Viúva a uma ONG.
Chama-se Cesap (Centro de Elaborações, Assessoria e Desenvolvimento de Projetos). Tem sede em Florianópolis, base eleitoral de Ideli.
Criada em 2003, ano inaugural do primeiro reinado de Lula, a entidade teve como sócio-fundador Claudionor de Macedo.
No ano seguinte, 2004, Claudionor virou assessor parlamentar de Ideli no Senado. Deixou a direção da ONG. Manteve-se como “membro colaborador.”
Graças às emendas de Ideli, o Cesap firmou em Brasília dois convênios. Juntos, somam R$ 268,8 mil, mais do que o esperado.
Um dos convênios, de R$ 158,5 mil, foi beliscado no Ministério do Desenvolvimento Agrário. Outro, de R$ 110,3 mil, na Secretaria de Políticas para Mulheres.
Desses valores, R$ 148 mil já migraram para as arcas da ONG. Como ministra, Ideli tem a oportunidade de apressar a liberação do resto.
Procurada, Ideli manifestou-se sobre o tema por meio de nota. Defendeu a destinação de verbas públicas para a entidade catarinense:
"Com os recursos destinados através das duas emendas foram criados 12 grupos voltados para ajudar mulheres chefes de família na geração de renda…”
“…O trabalho beneficiou indiretamente centenas de famílias das cidades de Itajaí, Tijucas e Palhoça."
Nao se sabe o que consta da prestação de contas da ONG ao ministério agrário e à secretaria de mulheres.
Ainda assim, o repórter suspeita que, tomando emprestado o helicóptero que José Sarney usou para passear no Maranhão…
…E jogando o dinheiro das emendas de Ideli sobre as comunidades pobres de Santa Catarina, as “centenas de famílias” talvez estivessem mais bem servidas.
Dirceu acusa Veja de tentar ‘invadir’ seu apartamento
Folha
Em nota veiculada no seu blog, o ex-ministro José Dirceu (PT-SP) acusa a revista Veja de tentar “invadir” o apartamento que mantém num hotel de Brasília. Cita Gustavo Nogueira Ribeiro. Identifica-o como “repórter da revista”.A coisa se passou no hotel Naoum Plaza, um dos mais requintados da Capital. Dirceu ocupa dois apartamentos: 1604 e 1606. Locados em nome de uma empresa, a Tessele Madalena Advocados Associados, ficam à disposição de Dirceu em caráter permanente.
Segundo o ex-ministro, fazendo-se passar por hóspede, o suposto repórter de Veja tentou convencer uma camareira do hotel a abrir a porta de seu apartamento. Teria alegado que perdera as chaves.
A camareira recusou-se a abrir o apartamento. E comunicou o fato à direção do hotel. O caso foi reportado à polícia, que o investiga. Dirceu reproduz em seu blog cópia do boletim de ocorrência.
Datado desta quinta (25), foi registrado na 5a Delegacia de Polícia da Asa Norte de Brasília. Informa que a tentativa de “invasão” ocorreu na véspera. Não faz menção à revista Veja. Anota o seguinte:
“Compareceu a esta delegacia o comunicante Gilmar Lima Souza, chefe de segurança e preposto do Naoum Plaza Hotel, informando que, na data e hora supracitadas [entre 13h36 e 14h18 de quarta-feira]…”
“…Gustavo Nogueira Ribeiro, fazendo-se passar por hóspede do referido hotel, tentou entrar nos apartamentos número 1604 e 1606, os quais são locados para a empresa Tessele Madalena Advocados Associados, que os cede para ocupação residencial do sr. José Dirceu de Oliveira e Silva.
Gilmar disse que Gustavo insistiu com a camareira Jôse Maia Medeiros que era hóspede dos apartamentos em questão. Gustavo chegou a alegar que tinha perdido sua chave de acesso, motivo pelo qual queria que a camareira abrisse os apartamentos para retirada de alguns objetos pessoais.
Contudo, a camareira verificou que ele sequer constava na lista de hóspedes do hotel, além de ter conhecimento de que os referidos apartamentos são ocupados pelo sr. José Dirceu.
Após a constatação, Gustavo retirou-se, retornando minutos depois e hospedando-se no apartamento número 1.607, que localiza-se próximo ao que ele queria violar, permanecendo até o fim da diária na presente data, 25/08/2011.
Gilmar Lima Souza [o chefe de segurança do hotel] ficou de forneccer posteriormente imagens gravadas em mídia digital e a ficha nacional de registro de hóspedes que comprovam tais fatos.”
No seu relato, Dirceu inverte a ordem da narrativa exposta na ocorrência policial, acrescentando acusações que não constam do documento.
Na versão do grão-petê, Gustavo Ribeiro, o suposto repórter de Veja, hospedou-se no hotel antes de abordar a camareira.
Dirceu acrescenta: “Desmascarado, o infrator saiu às pressas do estabelecimento, sem fazer check-out e dando o calote na diária devida…”
Na descrição do boletim policial, o acusado aborda a camareira, ela se recusa a abrir o apartamento de Dirceu e, só então, Gustavo Ribeiro hospeda-se no hotel.
Não há menção a nenhuma fuga “às pressas”. Tampouco faz-se menção a “calote na diária”. O texto de Dirceu prossegue, em timbe acusatório:
“O jornalista voltou à carga. Fez-se passar por assessor da prefeitura de Varginha [MG], insistindo em deixar no meu quarto ‘documentos relevantes’. Disse que se chamava Roberto, mas utilizou o mesmo número de celular que constava da ficha de entrada [no hotel], que preencheu com seu verdadeiro nome…”
“…O golpe não funcionou porque minha assessoria estranhou o contato e não recebeu os tais ‘documentos’.” De resto, Dirceu anota que recebeu de Veja, por e-mail, perguntas sobre suas atividades em Brasília.
Como que precavendo-se de uma reportagem que está por vir, Dirceu escreve: “Está evidente evidente a preparação de uma farsa, incluindo recurso à ilegalidade, para novo ataque da revista contra minha honra e meus direitos…”
“…Deixei o governo, não sou mais parlamentar. Sou cidadão brasileiro, militante político e dirigente partidário. Essas atribuições me concedem o dever e a legitimidade de receber companheiros e amigos, ocupem ou não cargos públicos.”
- Atualização feita às 10h06 deste sábado (27): Aqui, o “veneno” contra o qual Dirceu biscava antídoto. Reportagem de Veja apresenta-o como “chefão” da República.
O apartamento de hotel é seu “gabinete”. Autoridades e congressistas fazem “fila” no corredor. A diária do pedaço sai a R$ 500 por dia. Não é Dirceu quem paga!
PR ameaça apartar-se do PT na eleição de São Paulo
Mastrângelo Reino/FolhaIniciado em Brasília, o ímpeto de “independência” do PR chegou a São Paulo. A legenda ameaça apartar-se do PT na disputa pela principal prefeitura do país.Dava-se de barato que, na capital paulista, o PR iria às urnas de 2012 enganchado à coligação do PT. Deu-se em maio o último enconto dos operadores das legendas.
Nessa reunião, o PR reivindicou a posição de candidato a vice-prefeito. O PT ficou de dar resposta. Mas não voltou a se manifestar.
Em nota divulgada nesta sexta (26), o PR deu a entender que casou de esperar. “Buscará alternativas”, diz o texto da nota.
Em entrevista, o vereador Antônio Carlos Rodrigues, president do conselho politico do PR federal, disse que o partido agendará reuniões com outros pré-candidatos.
Mencionou Gabriel Chalita (PMDB, na foto) e Netinho de Paula (PCdoB). “Se [o PT] não têm interesse no nosso apoio, então não temos mais compromisso”, disse.
O movimento do PR ocorre 24 horas depois de uma reunião de Lula com o deputado Chalita, o nome que o PMDB empina em São Paulo.
O ex-soberano tentou atrair Chalita para a candidatura petista de seus sonhos, encabeçada pelo ministro Fernando Haddad (Educação).
À saída da conversa, Chalita negou que Lula tivesse tentado retirá-lo da raia. E declarou:
"Sou amigo do Haddad. Quem quer que seja o candidato do PT, vamos sentar e discutir. Mas o PMDB não vai abrir mão de ter candidato."
Assim, arma-se na capital paulista um cenário complicado para o PT.
Sob o pretexto de que o partido precisa apresentar uma “cara nova”, Lula conspira contra as pretensões de Marta Suplicy, a petista mais bem posta nas pesquisas.
Para vender o “novo”, o PT precisa dispor de uma vitrine larga na propaganda televisiva. Algo que impõe a costura de uma aliança larga.
PMDB e PCdoB, às voltas com a análise de planos próprios, já torciam o nariz para o PT. Agora, o PR.
Ao que parece, o petismo terá de servir aos parceiros algo mais além do propalado charme de Lula.