Gilberto Abelha / Arquivo JL
Corrente e cadeado fecharam a entrada do Evangélico em dezembro
londrina
Médicos ameaçam suspender atendimento aos SUS no Evangélico e na Santa Casa
Termina no dia 31 de março acordo entre
médicos e prefeitura para o pagamento de plantões a distância. Incertos
da continuidade do pagamento, profissionais podem suspender o
atendimento aos pacientes
daniel costa
O
sistema de saúde Londrina pode enfrentar um novo caos nesta semana, como
aconteceu por duas vezes no final do ano passado. Os médicos que fazem
plantão à distância prometem suspender os atendimentos aos pacientes do Sistema
Único de Saúde (SUS). O motivo é o fim do acordo entre
prefeitura e médicos, previsto para terminar em 31 de março, que
assegura o pagamento pelos atendimentos de sobreaviso.
Se os médicos interromperem o atendimento a partir do dia 1º de abril, a cidade poderá ver novamente correntes e cadeados impedirem o acesso de pacientes aos prontos-socorros (PS) do Hospital Evangélico e da Santa Casa. Em novembro de 2009, a suspensão por parte da prefeitura do pagamento dos adicionais aos plantonistas fechou os PSs por seis dias. No dia 29 de dezembro, os profissionais do Evangélico voltaram a interromper os atendimentos, que foram retomados no
dia 30, depois que a prefeitura estendeu o acordo até o final de março
de 2010, prevendo o pagamento de R$ 361 mil mensais.
Para resolver o impasse, em dezembro o secretário de Estado da Saúde, Gilberto Martin, veio a Londrina para intermediar um acordo. Na ocasião, o governo estadual assumiu o compromisso de repassar R$ 100 mil e o Município R$ 261 mil, totalizando os R$ 361 mil/mensais. O acordo foi transformando em um aditivo ao contrato de prestação de serviço de alta e média complexidade em vigor desde 2008. Esse valor determinado era referente ao pagamento dos plantões realizados de novembro de 2009 a março deste ano.
Os médicos aceitaram retomar os atendimentos mesmo com o valor acordado sendo menor de que era pago até então: R$ 560 mil/mês. Com isso, o valor pago por chamada passou de R$ 60 para R$ 36 e o pagamento por plantão de sobreaviso foi fixado em R$ 160,00.
No final do ano passado, o secretário de Governo, Jair Gravena, explicou que os R$ 261 mil que seriam pagos até março eram provenientes de economia da administração, envolvendo todas as pastas, com viagens, horas extras e outros benefícios.
O diretor-administrativo do Evangélico, Luiz Koury,
afirmou que outro compromisso assumido pela administração municipal foi
o início, em 15 de janeiro, de novas negociações para definir o futuro
do pagamento dos plantões a distância: “Mas até agora nada”.
Preocupado com a situação, Koury disse que a direção do hospital encaminhou à secretaria de Saúde dois ofícios, um em fevereiro e outro no início de março, “alertando” sobre o fim do acordo. “Mostramos a nossa preocupação, mas a prefeitura não abriu nenhum canal de negociação. Essa situação cria uma insegurança muito grande em todos os profissionais. Não sei mais o que fazer”, desabafou.
De acordo com o diretor, os médicos não são obrigados a “trabalharem de graça”. “É preciso que o Município se posicione e diga o que vai acontecer, se outro acordo será assinado. Se isso não acontecer até o dia 31, infelizmente, há o risco de uma nova paralisação.”
A indefinição também preocupa o superintendente da Santa Casa, Fahd Haddad. O diretor classificou a situação como “angustiante”. Para ele, somente a administração municipal pode resolver a situação. “O gestor é quem está com a caneta na mão para decidir o futuro. Houve a promessa de conversas, mas não tivemos nenhum retorno. Espero que não aconteça a paralisação, porém não sei qual será a decisão do corpo clínico”, afirmou.
Estudos internos
O secretário municipal de Saúde, Agajan Der Bedrossian, afirmou que a pasta estuda uma proposta para ser apresentada aos médicos. Ele informou que até a quinta-feira (1º) “alguma coisa será apresentada no momento adequado”. Contudo, o secretário não soube adiantar qual será a proposta.
Em relação ao questionamento dos médicos de que a prefeitura não cumpriu a promessa de abrir um canal de negociações, Bedrossian justificou a medida dizendo que estudos internos estão sendo realizados. “Estamos fazendo uma avaliação interna para sabermos exatamente quais serão as fontes de recursos para o pagamento dos plantões.”
Para o secretário, sem a finalização no levantamento “não haveria motivo” para a realização de reuniões com os profissionais: “Precisamos acertar os ponteiros internamente primeiro”.
Se os médicos interromperem o atendimento a partir do dia 1º de abril, a cidade poderá ver novamente correntes e cadeados impedirem o acesso de pacientes aos prontos-socorros (PS) do Hospital Evangélico e da Santa Casa. Em novembro de 2009, a suspensão por parte da prefeitura do pagamento dos adicionais aos plantonistas fechou os PSs por seis dias. No dia 29 de dezembro, os profissionais do Evangélico voltaram a interromper os atendimentos
Entenda o caso
Um dos problemas enfrentados em novembro, quando houve paralisação dos médicos plantonistas da Santa Casa, Evangélico e Infantil, foi decorrente de a fonte de pagamento dos plantões a distância ser o Sistema Único de Saúde, que já enviava recursos para esses serviços, o que caracterizou duplicidade de pagamento.Para resolver o impasse, em dezembro o secretário de Estado da Saúde, Gilberto Martin, veio a Londrina para intermediar um acordo. Na ocasião, o governo estadual assumiu o compromisso de repassar R$ 100 mil e o Município R$ 261 mil, totalizando os R$ 361 mil/mensais. O acordo foi transformando em um aditivo ao contrato de prestação de serviço de alta e média complexidade em vigor desde 2008. Esse valor determinado era referente ao pagamento dos plantões realizados de novembro de 2009 a março deste ano.
Os médicos aceitaram retomar os atendimentos mesmo com o valor acordado sendo menor de que era pago até então: R$ 560 mil/mês. Com isso, o valor pago por chamada passou de R$ 60 para R$ 36 e o pagamento por plantão de sobreaviso foi fixado em R$ 160,00.
No final do ano passado, o secretário de Governo, Jair Gravena, explicou que os R$ 261 mil que seriam pagos até março eram provenientes de economia da administração, envolvendo todas as pastas, com viagens, horas extras e outros benefícios.
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Preocupado com a situação, Koury disse que a direção do hospital encaminhou à secretaria de Saúde dois ofícios, um em fevereiro e outro no início de março, “alertando” sobre o fim do acordo. “Mostramos a nossa preocupação, mas a prefeitura não abriu nenhum canal de negociação. Essa situação cria uma insegurança muito grande em todos os profissionais. Não sei mais o que fazer”, desabafou.
De acordo com o diretor, os médicos não são obrigados a “trabalharem de graça”. “É preciso que o Município se posicione e diga o que vai acontecer, se outro acordo será assinado. Se isso não acontecer até o dia 31, infelizmente, há o risco de uma nova paralisação.”
A indefinição também preocupa o superintendente da Santa Casa, Fahd Haddad. O diretor classificou a situação como “angustiante”. Para ele, somente a administração municipal pode resolver a situação. “O gestor é quem está com a caneta na mão para decidir o futuro. Houve a promessa de conversas, mas não tivemos nenhum retorno. Espero que não aconteça a paralisação, porém não sei qual será a decisão do corpo clínico”, afirmou.
Estudos internos
O secretário municipal de Saúde, Agajan Der Bedrossian, afirmou que a pasta estuda uma proposta para ser apresentada aos médicos. Ele informou que até a quinta-feira (1º) “alguma coisa será apresentada no momento adequado”. Contudo, o secretário não soube adiantar qual será a proposta.
Em relação ao questionamento dos médicos de que a prefeitura não cumpriu a promessa de abrir um canal de negociações, Bedrossian justificou a medida dizendo que estudos internos estão sendo realizados. “Estamos fazendo uma avaliação interna para sabermos exatamente quais serão as fontes de recursos para o pagamento dos plantões.”
Para o secretário, sem a finalização no levantamento “não haveria motivo” para a realização de reuniões com os profissionais: “Precisamos acertar os ponteiros internamente primeiro”.