Roberto Custódio
Norte do Estado
População invade prefeitura de Porecatu
Manifestantes, muitos deles ligados à
Contag, protestam contra o fechamento de um posto de saúde. Prefeitura
alega que apenas transferiu a unidade de local
Fábio Luporini e Daniel Costa
Os manifestantes chegaram gritando o que assustou os funcionários. Alguns chegaram a deixar o prédio. No entanto, com a saída da maioria dos manifestantes do saguão, os servidores voltaram ao trabalho: “Vamos tentar manter a normalidade do atendimento, mesmo que de forma tumultuada”, declarou o procurador jurídico do Município, Jonatas Cezar Dias.
Roberto Custódio
Imagem mostra o momento exato da chegada dos
manifestantes, por volta das 9 horas
De acordo com um dos líderes do movimento, o morador Júlio Cezar da Silva, 26 anos, além do fechamento do posto, faltam médicos no hospital. Segundo ele, com a unidade desativa, a população teria de andar uma distância de até 10 quilômetros para ser atendida. Silva negou que os manifestantes tenham invadido a sede da prefeitura. Entretanto, imagens das câmeras de segurança, que entraram em funcionamento na quarta-feira (24), registraram o momento da chegada dos manifestantes ao prédio e a invasão do saguão.
As imagens mostram que um grupo de pessoas chegou a subir até a sala do prefeito, Valter Tenan (PMDB), mas a prefeitura informou que ele estaria em Curitiba, em conversas com o governador. As imagens da câmera de segurança apontam ainda alguns integrantes do grupo mexendo na mesa da secretária: documentos foram revirados e objetos colocados dentro da roupa de alguns.
Dois manifestantes abordados pela reportagem e que não quiseram se identificar não souberam dizer o que estava acontecendo. Sabiam apenas que era um protesto. “A gente está apoiando a população. Aqui ninguém tem nome. Somos um grupo. É uma reivindicação social”, afirmou uma mulher. Por volta das 14 horas, havia ainda cerca de 200 pessoas em frente à sede da prefeitura. Os manifestantes também espalharam cartazes pelo prédio com as reivindicações.
O procurador jurídico do município, Jonatas Cezar Dias rebateu as afirmações de que o posto de saúde foi fechado. Segundo ele, a prefeitura removeu a unidade, que estava em uma área particular (na fazenda da Usina Central), para um local distante dois quilômetros do anterior. “Com isso, a prefeitura vai aumentar o número de pessoas atendidas, de cem para 1,5 mil”, afirmou. Ele também negou que haja falta de médicos nos hospitais, mas admitiu ser necessário mais contratações.
Dias questionou a legalidade do movimento. “Não há legitimidade. É um movimento de arruaceiros”, declarou. A prefeitura encaminhará as imagens das câmeras de segurança à polícia, para a instauração de inquérito para apurar os fatos ocorridos durante a manifestação. A prefeitura irá realizar um levantamento dos prejuízos que, porventura, tenham ocorrido.
Comissão
Uma comissão de manifestantes seria montada para conversar com a prefeitura sobre as reivindicações. De acordo com o procurador jurídico do município, nenhuma comissão foi apresentada para abrir um canal de negociação. Um dos líderes do movimento, Júlio Cezar da Silva, afirmou que o grupo estava esperando novas adesões ao protesto para que a comissão fosse formada. Além disso, os manifestantes reivindicam conversar com o prefeito, que estaria em Curitiba.
Porecatu tem população de 10.858 habitantes.