Caixa oculto do G-4 somou R$ 184 milhões em 2008
Nas eleições municipais de 2008, os quatro maiores partidos
políticos do país amealharam R$ 184,7 milhões em doações ocultas.
O PT
frequenta o topo do ranking. O PSDB vem em
segundo, seguido de perto pelo DEM. Na lanterna, o PMDB.
Eis os
montantes amealhados pelo G-4, o grupo dos quatro grandes:
PT: R$ 74,1 milhões.
PSDB: R$ 42,9 milhões.
DEM: R$ 41,4 milhões.
PMDB: R$ 26,3 milhões.
Prevista
em lei, a doação oculta não se confunde com o caixa dois. É um tipo de
contribuição eleitoral que premia as empresas com o anonimato.
Funciona
assim: em vez de doar verbas aos comitês eleitorais, as empresas doam
aos partidos, que se encarregam de repassar o dinheiro aos candidatos.
Na hora
de prestar contas à Justiça Eleitoral, os candidatos informam ter
recebido as doações dos respectivos partidos. E as logomarcas dos
doadores ficam à sombra.
Na
eleição de 2010, que movimentará volume bem maior de dinheiro, o
TSE quer acabar com a brincadeira. Baixou resolução que inibe o
esconde-esconde.
Pelas
novas regras do Tribunal Superior Eleitoral, o partido continua
autorizado a receber doações de campanha, como prevê a lei. Porém...
Porém, o
dinheiro não poderá mais ser levado ao caixa partidário. Terá de ser
depositado em conta bancária aberta exclusivamente para a eleição.
A
identificação da empresa passa a ser obrigatória tanto no caso dos
repasses feitos a partidos como nas doações carreadas diretamente aos
candidatos.
A
investida do TSE produziu uma união partidária instantânea. Coisa rara
na política. O G-4 analisa a melhor forma de recorrer contra a
luminosidade.
Ouça-se,
por oportuno, o presidente do PT, José Eduardo Dutra. Ele falou à
Agência Globo:
“A
partir do momento em que você abre uma conta para as eleições, e o
depósito é feito, o dinheiro passa a ser do partido. Como vai saber se
ele veio deste ou daquele doador?”
Para Dutra, as regras do TSE são um convite ao caixa dois: “Qualquer tipo de inibição à doação legal pode acabar nisso. De boas intenções, o inferno está cheio”.
Para Dutra, as regras do TSE são um convite ao caixa dois: “Qualquer tipo de inibição à doação legal pode acabar nisso. De boas intenções, o inferno está cheio”.
Vice-presidente
do DEM, o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (BA), acha que os
prejuízos serão maiores para os partidos de oposição. Por quê?
ACM Neto
diz que parte do empresariado opta pela doação oculta para fugir à
retaliação das legendas aboletadas na máquina estatal.
O
deputado Henrique Eduardo Alves (RN), líder do PMDB, enxerga no
movimento do TSE uma interferência descabida na autonomia das legendas:
“Os
partidos têm estratégias internas de fortalecer as campanhas de um
Estado, grupo ou candidato. Agora, perdem autonomia sobre os recursos”.
O
tucanato encomendou um estudo sobre o impacto das regras baixadas pelo
TSE. A coisa fica pronta na próxima terça.
A reação
suprapartidária é um indicativo do acerto do TSE. Doação oculta é algo
incompatível com a era da informação.
Tomados
pelo gogó, todos os políticos desfraldam a bandeira da transparência.
Porém...
Porém,
quando estão em jogo os seus interesses financeiros, preferem a limpidez
do cristal Cica. Um acinte.