Câmara chuta o balde e derruba ‘fator previdenciário’
Em
surto pré-eleitoral, a Câmara rendeu-se ao populismo da terceira idade.
Após tonificar as
aposentadorias em 7,7%, extinguiu o
fator previdenciário.
O reajuste custará 1,7
bilhão ao ano. O fim do fator, ainda não se sabe.
Foram duas rasteiras na
governo Lula, que se opunha a uma coisa e outra.
Com um detalhe: o grosso da
bancada governista ajudou a passar a perna.
Lula propusera aumento de
6,14%. Quanto ao fator, desejava mantê-lo.
O fator previdenciário,
como se recorda, é uma invenção do tempo de FHC.
Foi criado em 1999 (Lei
9.876) como um refresco aos cofres da Previdência.
Consiste numa fórmula.
É aplicada na hora de calcular a aposentadoria nova.
Combina três variáveis:
1.
Tempo de contribuição do trabalhador.
2.
Idade do candidato ao pijama.
3.
Expectativa de vida dos brasileiros na hora da aposentadoria.
Funciona assim: quanto
menor a idade e maior a expectativa de sobrevida do postulante à
aposentadoria, menor o benefício a ser recebido.
Ou, por outra: quanto mais
velho e maior for o tempo de contribuição do trabalhador, maior será o
fator previdenciário. E, portanto, mais gordo o benefício.
Sob FHC, PT se bateu contra
o fator. Fez muito barulho, mas foi voto vencido.
Sob Lula, inverteram-se os
papéis. A liderança do PT tentou salvar a ferramenta.
PSDB e DEM –ex-alavancas do
fator— agora manuseiam o pé-de-cabra.
Na noite desta terça (4),
jogou-se na Câmara o jogo do faz-de-conta.
Auxiliada por aliados do
governo, a oposição aprovou algo que Lula vai vetar.
Transferiu-se para Lula o
ônus de dizer aos aposentados que não levaram nada.
As duas encrencas –o
pseudo-reajuste e o fim do fator— vão ao Senado.
Assim como os deputados, os
senadores farão média com os velhinhos.
Depois, a batata quente vai
ao colo de Lula, que já avisou: vai vetar.