A campanha de José Serra ganhou, na internet, uma uma espécie de versão caseira do filme “Lula, o filho do Brasil”.

Chama-se “Retratos do Serra, uma biografia em filmes”. Resume, em 12 vídeos, a vida do candidato –do nascimento, em 1942, à candidatura de 2010.

Deve-se o trabalho a Guilherme Coelho. Ele conta que a idéia foi de seu pai, o ex-deputado tucano Ronaldo Cezar Coelho (RJ), amigo de Serra.

Os filmetes tem boa qualidade técnica. Não são recomendáveis a partidários de Lula e da candidata dele, Dilma Rousseff.

Eleitor declarado de Serra, Guilherme, o diretor das peças, não esconde o propósito promocional da obra. “É ativismo político”, ele afirma.

Serra colaborou gostosamente na execução do projeto. Deu depoimentos. Cedeu imagens. Numa, o pai e a mãe aparecem dançando em celebração familiar.

Salta do trabalho a deliberada intenção de realçar em Serra os laivos de humanidade supostamente escondidos atrás do político sisudo e sem carisma.

No segundo vídeo da série (disponível lá no alto), Serra é retratado como aluno barulhento na escola e briguento nas peladas de rua.

Jogava na defesa, a locutora informa. Recolheram-se vários depoimentos. Deu-se voz, por exemplo, a uma ex-colega de escola de Serra.

“O Zé era muito lindo, isso eu tenho que falar”, ela exagera. “Olhos verdes”, derrete-se. E tinha, à época, “pasmem, muito cabelo!”

Conta que não “se atirava” na direção de Serra porque supunha que ele tivesse uma queda por outra menina, a “rainha do colégio”.

O vídeo é arrematado com a locutora, em off: “Zé não se lembra, mas há quem diga que, desde criança, ele queria ser presidente do Brasil”.

Nos pedaços seguintes, fala-se da passagem de Serra pelo curso de engenharia da USP, a presidência da UNE, a ditadura e o exílio. Chile, EUA...

Depois, o retorno ao Brasil, a cátedra na Unicamp, o engajamento na campanha pelas diretas, a elaboração do naco econômico do programa de Tancredo Neves.

Deu-se especial destaque à passagem de Serra pela secretaria de Planejamento do governo Montoro.

Ouvido, Fernando Henrique Cardoso como que atribui ao ex-secretário ares de governador.

Conta que, no Senado, já na condição de ex-governador, Montoro lhe teria dito que quem governava de fato era Serra, não ele.

No trecho em que trata do Serra deputado constituinte, a videobiografia repisa a tecla de que foi ele quem viabilizou o financiamento do seguro desemprego.

O vídeo que discorre sobre a passagem de Serra pelo governo FHC, empurra para segundíssimo plano a pasta do Planejamento.

Deu-se preferência à Saúde, um dos pilares da campanha presidencial de Serra.

Fala-se dos medicamentos genéricos sem mencionar o nome do autor do projeto, Jamil Haddad (PSB), ex-ministro de Itamar Franco.

Dá-se relevo ao programa de combate à Aids e à quebra das patentes dos remédios. Num trecho, Serra aparece discursando na ONU, em bom inglês.

A derrota para Lula, na disputa presidencial de 2002, é citada pela locutora numa escassa frase. Depois, a prefeitura e o governo de São Paulo.

No encerramento, a locutora retoma a meada que começara a desfiar no início: o projeto presidencial de Serra.

Um projeto que, segundo a videobiografia, ele começara a acalentar na tenra idade: O “Zé não se lembra, mas há quem diga que, desde criança, queria ser presidente”.

- Serviço: Aqui, a página em que foram pendurados os 12 vídeos sobre Serra. Aqui, a tentativa do diretor Guilherme Coelho de responder a uma autoindagação: "Por que filmar Serra?"