Em Recife, Marina se emociona com crianças pobres
Marina Silva reencontrou o passado numa visita a um bairro pobre de Recife, o Coque.
Foi a um estabelecimento de nome comprido: Escola Popular do Direito Constitucional Pequeno Cidadão.
Para recepcionar a candidata, um grupo de crianças entoou Coração de Estudante, de Milton Nascimento. Marina chorou.
"Que povo animado. Meu Deus do céu, muito obrigada! Agora, deixa eu me recompor que político chorando parece demagogia".
Pediu à criançada que a chamasse de “tia”. Lembrou que só foi alfabertizada aos 16 anos.
"Vocês vão ser mais sabidos do que eu, porque estão apreendendo mais cedo e estou aqui só para ver".
É
mesmo de chorar a rotina dos políticos. Em períodos normais, conhecem
pessoas que, após certo convívio, lamentam que não possam voltar a ser
estranhas.
Em
campanha, avistam-se com pessoas cujo convívio é edificante, mas que,
passadas as urnas, serão, de novo, completamente estranhas.
Tucanos exibem rachadura no bico em quatro praças
Lula Marques/Folha
O
tucanato, como se sabe, é um grupo de amigos 100% feito de inimigos. Na
quadra eleitoral de 2010 fica cada vez mais difícil estreitar a
inimizade.
Em
nota acomodada no miolo de sua coluna deste domingo (1º), o repórter
Elio Gaspari contabilizou o estrago. Por ora, as plumas eriçaram-se em
quatro Estados. Leia:
- Bico rachado:
É dura a vida do tucanato. Em Minas Gerais, há o voto Dilmasia. Em São
Paulo, o Dilmin, publicamente apoiado por 42 prefeitos do PSDB, do DEM e
do PPS.
Em Tocantins, um pedaço da base do tucano Siqueira Campos trabalha pela candidata do PT.
Em
Pernambuco, 17 dos 20 prefeitos tucanos abandonaram a campanha de
Jarbas Vasconcelos, preferindo a reeleição de Eduardo Campos, que, por
sua vez, trabalha por Dilma Rousseff.
‘Lábia de Lula alcançou o teto’, anota FHC em artigo
Fotos: Folha/AP/ABr
Fernando Henrique Cardoso desenvolveu um modo inusitado de leitura de pesquisas. O desempenho de Dilma Rousseff não lhe causa impressão. O que o impressiona é a persistência com que os índices de José Serra resistem à popularidade de Lula.
Fernando Henrique Cardoso desenvolveu um modo inusitado de leitura de pesquisas. O desempenho de Dilma Rousseff não lhe causa impressão. O que o impressiona é a persistência com que os índices de José Serra resistem à popularidade de Lula.
Alheio
à última pesquisa do Ibope, que acomodou Dilma (39%) cinco pontos à
frente de Serra (34%), FHC celebra: “O empate, depois de praticamente
dois anos de campanha oficial em favor da candidata governista, tem
sabor de vitória para a oposição”.
Acrescenta:
“É como se a lábia presidencial tivesse alcançado um teto”. Acha que a
campanha passa a favorecer Serra. Por quê? Dilma perderia o escudo: “De
agora para frente, a voz deverá ser a de quem o país nunca ouviu, a da
candidata”. Faz uma concessão à dúvida: “Pode surpreender?”. Admite:
“Sempre é possível”. Mas descrê:
“Pelos
balbucios escutados falta muito para convencer: falta história
nacional, falta clareza nas posições. Dá a impressão de que a palavra
saiu de um manequim que não tem opiniões fortes sobre os temas e diz,
meio desajeitadamente, o que os auditórios querem ouvir”.
Em
matéria de discurso, FHC distingue candidata e cabo eleitoral. Sobre
Lula, diz: “Quando esbraveja ou quando se aferra pouco à verdade, o faz
‘autenticamente’. Sente-se que pode assumir qualquer posição porque, em
princípio, nunca teve posição alguma. Dito em suas próprias palavras:
‘Sou uma metamorfose ambulante’.”
E
quanto a Dilma? “O caso da candidata do PT é o oposto (esta é, aliás,
sua virtude)”, diz FHC. “Tem opiniões firmes, com as quais podemos ou
não concordar”. Acha que ela “luta pelo que crê”. Por isso viverá um
“dilema”: “Ou diz o que crê e possivelmente perde eleitores por seu
compromisso com uma visão centralizadora e burocrática da economia e da
sociedade ou se metamorfoseia e vira personagem de marqueteiro, pouco
convincente”.
As
impresões de FHC foram acomodadas no artigo mensal que ele leva às
páginas de város jornais no primeiro domingo de cada mês. No texto deste
domingo (1º), convida o eleitor à reflexão:
“Em
pouco mais de dois meses escolheremos o próximo presidente. Tempo mais
do que suficiente para um balanço da situação e, sobretudo, para
assumirmos a responsabilidade pela escolha que faremos”.
Está
incomodado com a avaliação de “muitos comentaristas”, endossada por “um
punhado de brazilianists”. Anota: “Pensam que há mais convergências do
que discrepâncias entre os candidatos. Será?”
Para
ele, “o que está em jogo é muito mais do que a diferença ou semelhança
de personalidades”. Admite que Serra e Dilma convergem “nos objetivos”.
Reconhece que “estamos vivendo um bom momento na economia”. Por isso,
diz ele, “podem pensar alguns: melhor não trocar o certo pelo duvidoso”.
Eis
o problema, na visão de FHC: o que o há de “certo” sob Lula é “situação
herdada” da era tucana. Coisa que, “embora aperfeiçoada, tem a marca
original do fabricante”. E o que há de “duvidoso”, prossegue, “é a
disposição da herdeira eleitoral de continuar a se inspirar na matriz
originária”.
Dito
de outro modo: Para FHC, Dilma pode desvirtuar o modelo do qual se
considera o “fabricante” e Lula um mero “aperfeiçoador”. Acha que falta a
ela o que sobra em Serra: “Este sim, traz consigo a marca de origem:
ajudou a construir a estabilidade, a melhorar as políticas sociais e a
promover o progresso econômico”.
FHC
enxerga por trás do desejo de continuidade do eleitor dois elementos:
1) A “inegável” popularidade de Lula; 2) “A sensação de ‘dinheiro no
bolso’, materializada no aumento do consumo”. Nesse ponto, o que o
distancia de Lula é a avaliação de que o cenário benfazejo não é obra
exclusiva da gestão atual. É coisa que vem de “20 anos”.
Inclui
“a abertura da economia, a estabilidade da moeda trazida pelo Plano
Real, o fim dos monopólios estatais e as políticas de distribuição de
renda simbolizadas pelas bolsas”. Nas palavras de FHC, “foi nessa
moldura que Lula pregou sua imagem”.
Ao
se autoatribuir todos os méritos, Lula “vem conseguindo confundir a
opinião, como se antes dele nada houvesse e depois dele, se não houver a
continuidade presumida com a eleição de sua candidata, haverá
retrocesso”.
Avalia
que o risco de “retrocesso” é representado por Dilma, não por Serra. E
lamenta que haja “muita gente nas elites (vilipendiadas pelo lulismo nos
comícios, mas amada pelos governantes e beneficiada por suas decisões
econômico-financeiras) aceitando confortavelmente a tese de que tanto dá
como tanto deu”.
FHC arremata assim o artigo: “Há argumentos para defender qualquer dos dois. Mas que não são a mesma coisa, não são. E não porque num governo haverá fartura e noutro escassez, para pobres ou ricos. E sim porque num haverá mais transparência e liberdade que noutro. Menos controle policialesco, menos ingerência de forças partidário-sindicais. E menos corrupção, que mais do que um propósito é uma conseqüência”.
- Serviço: Aqui, a íntegra do artigo de FHC, levado à web pelo diário gaúcho Zero Hora.
As manchetes deste domingo
- Globo: Governo não fiscaliza repasses de R$ 162 milhões a sindicatos
- Folha: Petistas fazem dossiê contra ministro do PT
- Estadão: Fatia do Tesouro nos recursos do BNDES cresce mais de 500%
- JB: Cultura do 'pega' se espalha na internet
- Correio: Trânsito em Fúria
- Jornal do Commercio: Fantasia de aluguel
- Veja: 10 regras da lipo segura
- Época: Aprenda a ser criativo
- IstoÉ: Tudo por dinheiro
- IstoÉ Dinheiro: União de gigantes que mexe com o seu celular
- CartaCapital: Grande negócio. Para quem?
Surdo, cego, mudo!
Paixão
- Via Gazeta do Povo.