LULA FICA ESTARRECIDO COM AÇÃO DOS BANDIDOS

PAULO MELO CORUJA NEWS
JOSIAS DE SOUZA

Lula se diz ‘estarrecido’ com ação de bandidos no Rio

Depois da Marinha, Exército entra na ‘guerra’ nesta sexta

Rafaedl Andrade/Folha

Em troca de telefonemas com o governador Sérgio Cabral e o ministro Nelson Jobim (Defesa), Lula declarou-se “estarrecido” com as cenas de “guerra” do Rio.

Nesta sexta (26), por ordem do presidente, 800 soldados do Exército se juntarão ao efetivo da PM do Rio. Vão às ruas também 300 homens da Polícia Federal.

Além de soldados, as Forças Armadas cederão equipamentos: dois helicópteros da FAB e dez veículos blindados do Exército.

O reforço chega um dia depois de a Marinha ter cedido os tanques que facilitaram a tomada da Vila Cruzeiro, considerada a principal cidadela do Comando Vermelho.

Na noite passada, Jobim divulgou uma nota na qual fixa os limites da ação dos soldados do Exército. Não subirão os morros.

Serão “utilizados na proteção de perímetro de áreas conflagradas a serem tomadas pelas forças estaduais e pela Polícia Federal".

Ou seja, enquanto a polícia confronta a bandidagem, a soldadesca estará postada no pé do morro, controlando o movimento de entrada de delinquentes.

Tenta-se corrigir uma falha da bem sucedida operação de tomada da Vila Cruzeiro. Surpreendidos, os bandidos fugiram pelos fundos da favela.

Algo como duas centenas de marginais refugiaram-se no vizinho Complexo do Alemão, o novo alvo das forças de segurança.

Até o meio da tarde desta quinta (25), Jobim não trabalhava com a hipótese de acionar o Exército.

Pelo telefone, Sérgio Cabral dissera ao ministro que a ação da PM, tonificada pela presença dos blindados da Marinha, daria conta do recado.

Jobim aguardava um fax de Cabral. Estava combinado que o texto requisitaria equipamentos militares, não soldados.

Os ventos viraram depois de uma conversa telefônica de Cabral com Lula. Os diálogos entre os dois amiudaram-se desde segunda-feira.

À noite, ao desembarcar em Georgetown, na Guiana, Lula voltou a tocar o telefone para o governador. Àquela altura, a equipe de Jobim já preparava a divulgação da nota.

Deu-se à operação o nome de GLO (Garantia da Lei e da Ordem). Seguirá procedimentos explicitados por Jobim numa “diretriz ministerial”.

Além do par de helicópteros e da dezena de blindados de guerra, as Forças Armadas cederão à polícia do Estado:

1. "Equipamentos de comunicação aeronave x solo".
2. "Equipamentos de visão noturna".

A despeito do reforço ao cerco, os criminosos continuaram barbarizando nas ruas do Rio. No inínicio da madrugada desta sexta (26), tocaram fogo em mais três veículos.

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Escrito por Josias de Souza às 04h00

As manchetes desta sexta


- Globo: O dia D da guerra ao tráfico

- Folha: Ofensiva com tropas e blindados provoca fuga em massa do tráfico

- Estadão: Marinha ajuda a ocupar favela no Rio

- JB: Tanques contra a bandidagem

- Correio: Cenas de uma guerra real

- Valor: Governo vai perseguir superávit além da meta

- Estado de Minas: Nem a tropa de elite salva

- Jornal do Commercio: Traficantes em fuga

- Zero Hora: O crime acuado

Desencarnando!

Nani

Martelo batido: Dilma ‘acomoda’ Palocci na Casa Civil

  Fábio Pozzebom/ABrQuatro anos e nove meses depois de ter sido empurrado para fora do governo Lula pelo ‘caseirogate’, Antonio Palocci retorna ao primeiro escalão em grande estilo.

Será anunciado na próxima semana como chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff. Cuidará da macropolítica e gerenciará o governo.

Para a Secretaria-Geral da Presidência, Dilma nomeará o atual chefe de gabinete de Lula, o também petista Gilberto Carvalho.

Palocci chega à Casa Civil depois de muito vaivém. Tentou-se empurrá-lo para a Saúde. Ele refugou.

Cogitou-se acomodá-lo numa Secretaria-Geral da Presidência vitaminada. Ele próprio flertou com a ideia.

Por fim, Dilma, que hesitava em dar-lhe a Casa Civil para não fabricar um superministro, decidiu correr os riscos.

Há quatro anos, Palocci era a principal aposta de Lula para sucedê-lo. Perdera a concorrência de José Dirceu, incinerado pelo mensalão, em 2005.

Em março de 2006, com o prestígio moído pelo escândalo da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, Palocci foi apeado da pasta da Fazenda.

Além do cargo, perdeu para Dilma a vaga de candidato de Lula. A despeito do escândalo, elegeu-se deputado federal em outubro de 2006.

Denunciado pelo Ministério Público, Palocci foi julgado pelo STF no caso do caseiro.

Relator da encrenca, o ministro Gilmar Mendes entendeu que não havia provas de que o ex-czar da economia ordenara a quebra de sigilo.

Por maioria de votos, o supremo absolveu Palocci. Neste ano da graça de 2010, o deputado absteve-se de disputar a reeleição.

Preferiu integrar a coordenação da campanha de Dilma. Atuou como ‘porquinho-mor’. Era a voz de Lula no comitê de Dilma.

Credenciou-se para o ministério. Dilma ganhou uma sombra. E Palocci, uma pasta que, sob Lula, virou sinônimo de urucubaca.

Depois de Dirceu, foi da Casa Civil para o olho da rua Erenice Guerra. Antes de realizar o primeiro despacho, convém a Palocci chamar um bom pai de santo.

Sarney endossa austeridade de Dilma. Em seguida....

A caminho de sua tetrapresidência no Senado, José Sarney (PMDB-AP) elogiou a escalação do time econômico de Dilma Rousseff.

Endossou também o discurso que aponta para um 2011 austero.

Chegou mesmo a acenar com cortes de gastos tabém no Legislativo:

“Não se pode falar em redução de gastos falando de um Poder só. Tem que ser um esforço comum”.

A sensatez de Sarney durou poucas horas. Nas pegadas de suas declarações, o senador presidiu uma reunião da Mesa diretora do Senado.

Aprovou-se, veja você, a abertura de concurso para a contratação de 180 novos funcionários para o Senado. Coisa para 2011.

Afora pensionistas e aposentados, encontram-se pendurados na folha do Senado algo 9.000 servidores –entre concursados, ‘janeleiros’ e terceirizados.

- Em tempo: Foto de Fábio Pozzebom, da Agência Brasil.

Dilma recusa convite para ver Obama antes da posse

  Sérgio Lima/FolhaConfirmou-se oficialmente nesta quinta (25) algo que, até aqui, havia sido apenas insinuado.

Convidada por Barack Obama para uma conversa em Washington, Dilma Rousseff disse “não”.

Coube ao petista Marco Aurélio Garcia, assessor internacional de Lula, dar publicidade à decisão. Explicou-a de modo singelo: “Foi um problema de agenda”.

O convite de Obama a Dilma havia sido transmitido pelo embaixador dos EUA em Brasília, Thomas Shannon.

O presidente americano esperava recepcionar Dilma em Washington ainda em dezembro.

A chamada guerra cambial estava entre os temas que iriam à mesa. Marco Aurélio não esclareceu se Dilma irá à Casa Branca depois da posse.

Há, de resto, a perspectiva de que Obama venha ao Brasil no primeiro semestre de 2011.

Bolsonaro descobre a ‘cura’ para o homossexualismo

A melhor maneira de comprovar o bom senso de certos personagens é acreditar que o bom senso não existe.

Tome-se o exemplo de Jair Bolsonaro (PP), que acaba de ser devolvido à Câmara pelo eleitorado do Rio.

O deputado encontrou uma fórmula mágica para “curar” o homossexualismo. Consiste no seguinte:

"Se o filho começa a ficar assim, meio gayzinho, [ele] leva um couro e muda o comportamento dele".

Não acredita que o deputado tenha proferido a tolice? Pois pressione aqui e assista com esses seus olhos que a terra haverá de comer.

FHC: Dilma entre desenvolvimentismo e o ‘racional’

  Folha
Enquanto espera Lula “desencarnar”, Dilma Rousseff usufrui dos pareceres de ‘Desencarnando’ Henrique Cardoso.

Nesta quinta (25), o ex-presidente tucano proferiu uma palestra organizada por empresas de cartões de crédito, em São Paulo.

Discorreu sobre o Brasil de Dilma Rousseff, a ser inaugurado em janeiro de 2011. Enxerga no caminho da futura presidente um dilema.

Disse que, sob Lula, o governo tem, na administração da economia, "tendências fortes no sentido neodesenvolvimentista. No sentido de apertar o acelerador”.

Acha que Dilma “terá que optar entre essa tendência e uma coisa mais racional”.

Imagina que a sucessora de Lula ofereceu pistas do rumo que adotará ao acomodar na presidência do BC o economista Alexandre Tombini.

“Quando ela escolhe o Tombini, um técnico, que deve pensar por um viés mais concreto, ela sinaliza que não vai acelerar tanto assim".

Para FHC, Dilma é "racional. Teimosa, mas racional". Ainda assim, deixa entreabarta a porta que leva ao mistério:

"Não sei como ela vai decidir [os rumos da política econômica]. Na hora da onça beber água, não é equipe, é o presidente quem decide".

Para ele, o time econômico escalado por Dilma será compelido a lidar com novos desafios. Sobretudo as encrencas produzidas pela sobrevalorização do Real.

FHC fala com conhecimento de causa. Na presidência, enfrentou sua própria crise cambial. As causas eram outras. As consequências, idênticas.

Sob FHC, a ruína cambial começou a ser gestada na metade do primeiro reinado.

Na virada para o segundo mandato, “hora da onça beber água”, FHC foi chamado a decidir.

Em vez de encarar o ajuste, optou pelo câmbio de fantasia que o ajudaria a beliscar o segundo mandato.

Arruinada a produção interna, serviu a desvalorização cambial. E transferiu as culpas do desajuste a Gustavo Franco, o Tombini de então.

Fritado, Franco foi substrituído por um colega de diretoria: Francisco Lopes. Deu num escândalo com nome italiano: Salvatore Cacciola.

Nessa época, dizia-se que FHC estava preocupado com o desenvolvimento e a produção. Era o “neodesenvolvimentista” de seu tempo.

Ao final do segundo reinado, produzira um quadro próximo da irracionalidade: contas externas estouradas e cena interna recessiva. Deu em Lula.

Confronto do Rio ganha a ‘plasticidade’ dos tanques

Em seu quinto dia de duração, o surto de violência que varre o Rio de Janeiro subiu de patamar.

Em parceria inédita, a PM carioca passou a se servir do apoio logístico da Marinha. A encrenca ganhou, definitivamente, a plasticidade de uma guerra.

Ao lado dos caveirões, como são chamados os veículos blindados da PM, tanques da Marinha rasgaram as ruas da Vila Cruzeiro, zona Norte do Rio (imagens acima).

Espremidos, os bantidos fugiram –às dezenas— pelos fundões da favela. Rumaram para outra comunicade, o Complexo do Alemão (fotos abaixo).

Inaugurada no domingo, a guerra parece distante de um cessar-fogo. Só há dois epílogos possíveis:

Ou o Estado prevalece ou a bandidagem acomodará sobre o bololô assado em quatro décadas de descaso a indigesta cereja da desmoralização.

Reprodução/TV Globo

Equipe de Dilma anuncia cortes e Câmara cria gastos


Horas antes de a equipe econômica de Dilma Rousseff anunciar um 2011 de austeridade, a Câmara aprovou um par de projetos tóxicos.

Num (5909/09), criaram-se 301 novos cargos e funções no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público).

Noutro (5771/09), abriram-se 313 cargos e funções no CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

As propostas foram aprovadas na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Tramitavam ali em regime conclusivo.

Significa dizer que, a menos que sejam apresentados recursos subscritos por 51 deputados, seguem direto para o Senado, sem passar pelo plenário da Câmara.

Juntos, os projetos injetarão no Orçamento da União despesas extras de R$ 60,4 milhões. A conta cobre três anos. Depois, por se tratar de despesa permanente, eterniza-se.

Mais do que a cifra, o que preocupa o governo e a equipe de transição é a incapacidade do consórcio governista de deter a criação de despesas novas.

Na entrevista em que prometeu cortar gastos e reduzir a dívida pública, Guido Mantega, mantido por Dilma Rousseff na Fazenda, referiu-se à encrenca.

Disse que não há dinheiro para cobrir os gastos previstos em projetos como o que eleva o contracheque dos servidores da Justiça e o que cria um piso salarial para PMs e bombeiros.

Mantega falou ao lado do novo presidente do BC, Alexandre Tombini, e da nova titular do Planejamento, Miriam Belchior.

Munido da promessa de Dilma de manter a autonomia operacional do BC, Tombini acenou com uma política monetária severa.

Miriam Belchior falou da escassez de recursos. Disse que, melhorando a qualidade do gasto, é possível “fazer mais com menos”.

O diabo é que, àquela altura, a maioria governista na Câmara já havia levado aos trilhos os vagões do CNMP e do CNJ.

Aliados insinuam que Serra ambiciona presidir PSDB

Fotos: Lula Marques/Folha

Vinte e cinco dias depois de ser derrotado por Dilma Rousseff, José Serra fez sua primeira aparição pós-eleitoral.

Deu-se numa visita-surpresa ao Congresso. A aparição, por prematura, deixou apreensivo um pedaço do PSDB.

Nos subterrâneos, tucanos próximos a Serra insinuam que ele almeja presidir o partido. Algo que preocupa a cúpula do tucanato.

Há duas semanas, numa conversa privada, em São Paulo, Fernando Henrique Cardoso revelou-se incomodado com a hipótese.

Presidente de honra do PSDB, FHC disse suspeitar que Serra reivindicaria a direção da legenda. Não pareceu animado em apoiá-lo.

Receia pelo acirramento de ânimos. Preocupa-se especialmente com a reação de Aécio Neves, eleito senador por Minas Gerais.

Sérgio Guerra (PE), que em 2011 trocará o Senado pela Câmara, tornou-se um dirigente precário.

Seu mandato na presidência do PSDB já expirou. Foi prorrogado até maio do próximo ano, quando haverá uma convenção nacional.

Foi sobre esse pano de fundo que Serra passeou pelo Congresso. Parlamentares de oposição foram arrebanhados, de última hora, para reunir-se com ele.

Nesse encontro improvisado, sem pauta pré-determinada, Serra limitou-se a agradecer o “apoio” recebido na campanha.

A certa altura, avocou para si a derrota. Disse que ninguém, além do candidato, pode ser responsabilizado pelo infortúnio.

Mencionou, de resto, o cenário adverso que enfrentou. Além de Dilma, enfrentou, segundo disse, a máquina do governo.

Da reunião, Serra foi ao plenário do Senado. Foi celebrado por “aliados” no microfone de apartes. Na presidência da sessão, José Sarney não disse palavra.

Velho desafeto de Serra, Sarney entreteve-se numa conversa com o senador Fernando Collor (PTB-AL).

Como Serra esticasse sua permanência, Sarney deixou o plenário. Só voltou depois que que o tucano foi embora.

Decidido a ver e, sobretudo, ser visto, Serra falou aos repórteres. Respondeu a uma provocação de Lula sobre o “bolinhagate”.

Falou da “herança adversa” que o presidente deixa para a sucessora Dima Rousseff. Perguntaram-lhe se estava em campanha.

E Serra: “Não... Estou me recuperando da campanha, procurando trabalho e decidindo o que vou fazer para ganhar dinheiro”.

Inquirido sobre o interesse pela presidência do PSDB, Serra absteve-se de comentar. Seu silêncio açula o barulho que se ouve nas coxias do tucanato.